Capítulo 18

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Oh, we're halfway thereOh, oh, living on a prayerTake my hand, we'll make it, I swearOh, oh, living on a prayer

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Oh, we're halfway there
Oh, oh, living on a prayer
Take my hand, we'll make it, I swear
Oh, oh, living on a prayer

Bon Jovi, “Living on a prayer”

      O sol filtra, seu brilho intenso de começo de manhã por entre os galhos de uma árvore, atingindo o rosto pálido e salpicado de sardas de Yuri Chuchukov. Ele não diz nada, mas seus olhos irradiam um sentimento que não combina com ele, mas que não sei dizer o que é.

      — O que foi? — pergunto, me pondo ao seu lado.

      Ele olha para o alto, se vira pra mim; sorri com uma pequena sombra de tristeza.

      — Não, nada — responde.

      Sei que não é verdade. Não tenho o dom de ler pensamentos, mas consigo entender um pouco a linguagem corporal das pessoas e sei quando alguém está triste. O olhar baixo, a respiração compassada, dizem muita coisa.

      — Achei que uma qualidade dos russos fosse a sinceridade — brinco, com um leve tom de ironia.

      O ruivo me encara.

      — Russos são sinceros — enfatiza.

      — Então, é uma qualidade que você não tem. Se fosse, me diria porque está triste.

      — Não estou triste, Danielle. Só quero ficar um pouco sozinho, no meu canto.

      — Então, veio num péssimo lugar. Se não reparou, têm mais pessoas aqui.

      — Na maior parte do tempo, nos sentimos sozinhos mesmo quando estamos cercados de pessoas.

      Medito por efêmeros segundos sobre essas palavras. Ele tem razão.

      — Então, é assim que se sente? E gosta de se sentir assim? — o desafio.

      Yuri suspira, entediado. Ser confrontado por uma garota lhe parece mais difícil de suportar do que a pressão que carrega para sempre se manter em forma, dentro do peso e com a flexibilidade em dia.

      — Ninguém gosta de se sentir sozinho. As pessoas podem pensar o contrário, mas também tenho um lado humano — sua voz sai quase como um desabafo.

      Mordo o lábio inferior. Por um momento, penso que não estou no caminho certo, e que tentar conhecer o lado humano de que Yuri fala, preciso ser cautelosa.

      — Você sempre se sentirá sozinho enquanto achar que as pessoas não são boas o bastante pra estarem perto de ti — falo sem pensar.

      Como que atingido por um golpe, o russo vira todo o seu corpo para mim; me olha dos pés à cabeça, incrédulo, seus lábios se movem nervosamente, a veia de seu pescoço pulsa.

Princesa de CristalWhere stories live. Discover now