Capítulo 6 - parte 2

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      Odin me leva para uma rua cheia de prédios bonitos. A lua cheia no céu, junto com as luzes dos postes, dos letreiros e dos carros, lembram vagamente a Times Square, sempre aclareada.

      Com a diferença de que aqui não é com pessoas vestidas de Darth Vader, Capitão América, Princesa Elza ou Batman (querendo dinheiro em troca de uma selfie), que temos que ter cuidado.

      Nos sentamos à uma mesa no fundo de um barzinho com uma temática bem jovem nos quadros das paredes. Uma garota com as laterais da cabeça raspadas e um moicano louro canta músicas da Dolores O'Riordan, e inevitavelmente uma lágrima desce do meu olho esquerdo. Ela está cantando Ode to my family, uma canção que me traz lembranças lindas de mamãe e faz eu sentir ainda mais sua falta.

      — Que lindo — falo emocionada.

      Odin dá um meio sorriso e toca meu rosto, secando minha lágrima. Retribuo ao sorriso. Por breves segundos ficamos nos olhando sem nada dizer, só nos curtindo, com a música agradável da moça agindo como uma terapia dentro de mim.

      — Te amo — subitamente sua boca se abre.

      Meus olhos se abaixam. Seguro sua mão, passo-a no meu rosto e volto a olhá-lo bem dentro de suas orbes claras.

      — Eu sei — respondo.

                                 …

      Voltamos quase meia noite para o apartamento de Alberto Dressler. Entramos quietos. Nem acendemos as luzes, para o pai do Odin não acordar, indo direto ao quarto.

      Nos despimos ao mesmo tempo, nossas roupas se misturaram ao chão numa bola disforme e amassada. Ele se deita sobre meu corpo nu, toca meus seios com a língua, deposita um beijo na minha boca.

      — Eu preciso de mais — reclamo.

      O canto da boca do Odin se enleva. Ele sabe que nunca fico satisfeita. Não basta pra mim que um pôr do sol seja lindo. Tem que ser perfeito. Com cores vivas. Quentes.

      E atendendo ao que eu mais quero, Odin me penetra. Eu me entrego por completo.

                                 …

      Abro os olhos com preguiça. Viro o rosto para o lado em que fica a mesinha de cabeceira, sobre o qual está meu celular. Vejo que são cinco da madrugada, o que significa que dormi muito pouco.

      Olho para o garoto deitado ao meu lado, completamente nu, ainda adormecido e com a mão esquerda no meu seio. Dou um sorriso ao me lembrar da noite perfeita  de sexo que tivemos.

      Ao mesmo tempo que estou contente, uma coisa estranha perpassa pela minha cabeça, parecida com culpa. Às vezes acho que Odin se dá muito mais do que eu, e isso me deixa mal, porque sei que um relacionamento não dura se o casal não se doar por completo. 

      Mas ainda não consigo dizer que o amo, embora ele já o tenha feito um monte de vezes desde que começamos a namorar. 

      Por que ainda insisto em me fechar? Por que não consigo me dar como eu acho que deveria?

      Vendo-o de olhos fechados, tão puro, tão gostoso, tendo o privilégio de poder olhar toda a sua anatomia, faz meu sorriso se expandir e esquecer do que não tem importância.

      Não importa que eu não o ame como ele merece ser amado. Eu sou dele. Sou a garota do modelo mais gostoso do Rio de Janeiro. Ele conhece cada curva e cada detalhe do meu corpo, e não precisamos de mais nada.

Princesa de CristalWhere stories live. Discover now