meus pais

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"Você quer perguntar alguma coisa não é?" -Sam.
"Me conhece tão bem assim? Para saber que quero?" -Mon.
"O suficiente para saber que quando faz esse bico para o lado e fica mexendo a perna é porque quer falar alguma coisa." -Sam.
"Você é muito observadora!" -Mon.
"Vá em frente e pergunte..." -Sam.
"Eu gostaria de saber mais dos seus pais, mas assim... Só se for tudo bem para você" -Mon.
"Até a casa da Tee, da pra te contar algumas coisas" -Sam.
"Bom, sempre moramos nessa casa e ao longo dos anos, quando a floricultura foi gerando mais lucro, papai foi reformando ela e a deixando maior (ele e mamãe queria mais filhos), a gente ia todo fim de semana para vovó." -Sam.
"Continue querida" -Mon.
"Conforme fui crescendo, as coisas mudaram um pouco. Tinha vezes que eu não ia com eles, e as vezes quando eu queria ver vovó e Phoom eu ia sozinha de ônibus, Aliás eu e Phoom somos como irmãos..." -Sam.
"Nunca tinha mencionado ele" -Mon.
"A gente não falou muita coisa coelhinha... Enfim, quando eu fiz 18 anos meus pais me deram uma viagem de presente, eles me deram uma passagem para o Brasil (eu sempre amei a cultura brasileira então eu escolhi ir para lá)." -Sam.
"Que legal querida!!! Foi sozinha?" -Mon.
"Como Phoom havia completado 19 perto do meu aniversário de 18, vovó resolveu fazer um pacote para ele ir comigo... Então, fomos nós dois e um guia... Quando voltamos do Brasil, eu fui direto do aeroporto para casa da vovó." -Sam.
"Porque? Já que o aeroporto fica mais perto daqui?" -Mon.
"Eles tinham ido em uma excursão de casais e para mim não ficar sozinha, fui com Phoom para a vovó... Eles iriam me buscar no dia seguinte, pela manhã... Passou horas, já tinha passado o almoço, e nada deles... O telefone tocou e um policial falou com a vovó, dizendo que o carro deles tinha capotado e já foram encontrados sem vida." -Sam.
"Sinto muito querida..." -Mon
"Tudo bem... Naquele dia eu senti como se eu tivesse perdido a minha vida... Eu passei a ter medo de viagens... De dirigir, de ligações no telefone... E depois que eles se foram, eu nunca mais tinha momentos felizes de verdade... Eu não via graça em nada, até você chegar..." -Sam.
"Até eu chegar?" -Mon.
"É..." -Sam.
"Eu quero continuar te dando momentos felizes... Eu quero continuar te dando motivos para ver 'graça' na vida... Você é incrível Sam! -Mon.
"Não quer me fazer chorar não é? Já estamos chegando coelhinha, é logo na próxima rua" -Sam.
"Jamais querida... Eu só quero te ver sorrir!" -Mon.
[...]
Eu odiava falar dos meus pais, odiava voltar no passado porque ele me deixava muito mal. Mas quando Mon mostrou curiosidade, o meu coração não ficou em agonia e pela primeira vez eu me senti bem e confortável falando dos meus pais... Mon tinha alguma coisa que me transmitia a maior paz, o jeito atencioso que os olhos dela me encaram enquanto falo, a mão suave que me toca tentando me trazer conforto... As palavras que sua voz doce transmite. Enfim, com a Mon eu passaria horas falando de qualquer assunto, tudo com ela é confortável.
[...]
"Chegamos querida..." -Sam.

GAP: Entre dois mundosOnde histórias criam vida. Descubra agora