Treme o céu no fim de outubro
Afoga-se o sol no crepúsculo rubro
Navega a lua, pálida sob a penumbra
Transbordam as nuvens, e tudo vislumbroEis me aqui, caminhando sobre pregos
Engolindo as lágrimas misturadas à chuva
Abraçando o frio nos ossos, as veias abertas
Respirando o silêncio, em ruas desertasEsta mais triste escuridão, esta dor mais torta
Derreto sob o tempo, o coração apanha
Pulmões secos como rosas mortas
Olhos uivando para um rosto na montanhaEis ela, oh, noite, minha solidão cinzenta
Tu, que não és nem será a salvação
Mas veste uma coroa espinhenta
Aparentas me dizer, em macia consternação:"Tu és a noite, e só esta o agasalha
Afunda tua tristeza, anjo depenado!
Encara teu abismo, negai a mortalha!
E mesmo só, não sejais, nunca, amaldiçoado"Mãe, piedade de mim, mãe!
Só tu me entendes, só tu me acolhes
Me afaga em teu manto negro, mãe!
Oh, minha serena e doce escuridão...
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ALGAR DE DEVANEIOS (textos poéticos e crônicas) [EM ANDAMENTO]
PoetryAfunde em um universo de poesias góticas, ultrarromânticas, simbolistas, decadentistas e tudo o que você queira chamar. Aqui, a melancolia e a morbidez dialogam em cada verso, tecem uma teia de beleza nos territórios do macabro, do fúnebre e do somb...