Inveja

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Que bela cena! Que pintura!
Figura irresistível, tão deleitosa...
Apreço plástico. Gatuna viçosa.
Qual sabor tens, madame augusta?

Ah! Larápia de irises flavescentes,
Seus passos ocultam façanhas!
Enigmas vagos cheios de aranhas
Que tecem mentiras pelos dentes.

És um pedaço hipnótico quente.
Esses enfeites tintilares, essas facetas fiduciais.
Essas cores capilares, esses ferros faciais.
Escultura ladra com fogo poluente.

Mas uma apatia estridente sinaliza,
Que seu lugarlhe fugiu!
Porém sua insolência vulgar dirigiu,
A sonsa ousadia que a ti imbeciliza.

Malgrados os seus feitiços nefastos,
Artes sedutoras do desejo alheio
Afora construído por duro galanteio,
E sacrificado pelos seus calcos pastos.

Pego-me reflexivo nessa valsa.
um sentimento funesto.
Um gélido horror infesto
Por perfídias vozes numa alça.

Almas da discórdia me rondando...
Oh, querida mácula perfuratriz,
Quando vislumbro seu recôndito nariz,
Intrometido parasita me personificando.

, molhe de ácido permafrost os corações
Pretendentes com próprios donos.
E bagunce mais a vida dos tronos
Dos reis que arrancaste na carne ulcerações.

Não seria estranho vê-la guardada
Em leitos terrosos degradantes,
Filhotes ébrios das amarguras elegantes.
Pois no fim irei, mentecapta, assisti-la enterrada;

No fosso diabólico da morte.

ALGAR DE DEVANEIOS (textos poéticos e crônicas) [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora