Janelas fechadas e umedecidas pelo ar rarefeito. Corpos tremendo, gélidos, como defuntos em algum necrotério. O cheiro de café se esvai pelas residências trazendo algum traço esperançoso, porém não é suficiente para superar tamanho tempo cruel. A cidade sob véu extenso de mistério, coberta pela neblina terrífica, que apazigua os sussurros dos fantasmas andando nas ruas irreconhecíveis. Perpetuam-se os ventos gritantes, como assombrações. Os corvos gritam destruindo qualquer empolgado que venha ter a ousadia. Não se desfazem os rostos desgastados, cobertos pela solidão antipática; decepções, galhos quebrados, flores murchas. Árvores que perderam suas folhas.
Um cemitério diferente, era isso.
O inverno havia chegado.
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ALGAR DE DEVANEIOS (textos poéticos e crônicas) [EM ANDAMENTO]
PuisiAfunde em um universo de poesias góticas, ultrarromânticas, simbolistas, decadentistas e tudo o que você queira chamar. Aqui, a melancolia e a morbidez dialogam em cada verso, tecem uma teia de beleza nos territórios do macabro, do fúnebre e do somb...