Herdeira das Sombras | Azriel |

Vermelho Sangue

Aeryn

- Droga! - xinguei - são os que vieram com ele não são? Eu vou com você - indaguei decidida.

- Não! Você ainda está machucada, e se ir, só vai estar se entregando e colocando todos em Velaris em perigo - advertiu Azriel me encarando.

Desfiz a barreira de magia que encobria minhas asas e as abri e fechei mesmo que ainda doessem em alguns pontos específicos.
- Eu estou bem! E não vou ficar aqui parada sabendo que eles estão aqui por minha causa! - indaguei decidida, tentando me sobressair sobre Azriel, mesmo que ele tivesse o dobro do meu tamanho, e certamente a posse da autoridade ali.

- Como você é teimosa Aeryn! - resmungou perdendo a paciência, enquanto passava a mão nos cabelos escuros como a noite que caía lá fora.

- Você sabe que não vai me fazer ficar.

- E você sabe que não está curada o suficiente para tentar voar, assim como ir até lá pode acabar matando inocentes - insistiu ele.

- Eu não vou ficar vendo vocês fazerem o trabalho sujo por mim ou protegerem a cidade e não fazer nada! Eu sou o problema aqui, tenho que resolver isso mesmo que seja arriscado! - indaguei mais uma vez com impaciência, enquanto Azriel apenas me encarava com uma calma mortal. Suas Sombras flutuavam em volta dos seus dedos com agitação, girando sem parar.

- Inferno! - ele xingou chegando mais perto, os olhos reluzindo enquanto me encarava. Ele parou bem perto, e senti as minhas Sombras sussurraram e subirem pelos meus braços. Tive que manter a cabeça erguida para cima para poder encara-lo, isso quando eu mal chegava a altura de seus ombros largos e me sentia estupidamente pequena.

- É bom você não se matar, ou Rhysand fará isso no seu lugar - sua voz estava afiada, mas ele não tinha exaltado seu tom, sabia como ameaçar alguém apenas com sua calma fria.

Eu ri antes de dizer - Ele pode tentar.

O Encantador não disse mais nada quando se virou de costas para mim e voltou a caminhar com pressa pelo corredor iluminado. Viramos a esquerda, passando por uma sala de jantar e saindo para uma sacada que ficava no alto da montanha e que, se estendia em uma planície ampla sobre a pedra.

A vista era de tirar o fôlego. Milhares de metros à baixo Velaris se estendia, com inúmeras luzes refletindo no negro da noite. Segui Azriel até a beirada da sacada, parando quando o arranha-céu se estendia cada vez mais para baixo engolido pela escuridão.

Ele subiu na grade requintada que cercava a extensão da sacada com agilidez, e me encarou abrindo as asas fortes, o vento fresco da noite bateu contra elas e as acariciou, ao mesmo tempo que deixava seus cabelos desgrenhados.
Puxei o ar com força, mas não tinha certeza se era só pela dúvida de que conseguiria voar sem me machucar mais ou se era pela visão que tinha de Azriel ali. Imponente. Perigoso.

- Vai encarar? - me perguntou arqueando as sobrancelhas.

Abri minhas asas e as mechi lentamente, sentindo a extensão da envergadura se movimentar. Não senti nada parecido com dor, mas podia sentir os músculos das costas ligados as asas retesados. Talvez isso fosse uma péssima ideia, mas pessoas inocentes estavam em perigo e isso era mais importante do que a minha dúvida.

Arriscar a vida geralmente envolvia péssimas idéias no ponto de vista de terceiros.

Pulei em cima da grade com agilidez e bati minhas asas sentindo a força do vento contra elas. A sensação era tão boa que fez meu peito doer com reconhecimento. Era como se eu estivesse prestes a pular para uma liberdade provisória.

Senti meus músculos fisgarem com uma picada de dor que logo passou, e eu sabia que sentiria dor quando essa noite acabasse, sabia que teria matado mais Feéricos e sujado ainda mais minhas mãos. Eu sabia que estaria mais condenada quando o dia amanhecesse.