Filha das Sombras

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Aerin

Pisquei para acostumar os olhos a fraca luz do ambiente desconhecido. Algo macio estava sob mim, e segundos mais tarde descobri ser uma cama, ampla e confortável.

Não prestei atenção em analisar o quarto cuidadosamente decorado quando olhei para minhas mãos. As unhas antes cheias de terra e sangue estavam limpas, bem como a pele que estava suja e cheia de arranhões.

Olhei para baixo. Uma coberta se estendia até a altura de minha cintura, e eu não sentia mais a rigidez da vestimenta de couro em minha pele, e sim um tecido leve e macio de uma camisola.
Eu estava limpa e vestida, e me sentia estranhamente fria.

Minhas sombras não estavam tão densas quanto antes, agora se enroscavam em meus dedos se movendo.
Virei a cabeça abruptamente pra olhar minha asa ferida, que agora estava de alguma forma enfaixada habilidosamente.
Já não doía mais como horas atrás, mas ainda sentia a rigidez do músculo e a dor que parecia queimar na extensão do corte.

Me sentei com um pouco de esforço, e senti uma dor aguda latejar no lado direito de meu abdômen. Trinquei o maxilar depois de afastar a coberta logo abaixo da cintura e  puxar o tecido leve para cima deixando a mostra minha cintura e o curativo na extensão direita de meu abdômen.

O tirei com cuidado para ver o corte profundo levemente inclinado para cima, que latejava ali e que eu nem havia percebido estar Ali horas atrás. Eu realmente devia estar muito mau.

- Eu teria mais cuidado se fosse você - disse uma voz masculina desconhecida.

Minhas Sombras cobriram minha cintura  quando levantei a cabeça abruptamente e encontrei a figura de um homem imponente parado um pouco distante da cama, perto da porta.
Não precisei lhe pedir para saber que ele era o Grão-Senhor da Corte Noturna. Rhysand.

Seus olhos violeta me encararam enquanto mantinha seus braços cruzados em frente ao corpo, a expressão fria e calculista.
Coloquei o curativo de volta no lugar e limpei a garganta antes de dizer:

- Claro que teria Grão-Senhor - respondi com um pouco de rouquidão na voz.

Ele sorriu, parecendo surpreso com minha resposta.

- Parece muito bem para alguém que quase teve uma asa decepada e uma morte provavelmente cruel - conclui com seriedade na voz.

Acalmei minhas sombras, as deixando se enroscarem apenas em minhas mãos, e sentindo seus sussuros.

- Acredito que devo isso a você Grão Senhor - disse sendo condescendente, e realmente me sentindo grata por terem cuidado de minha asa e não me deixado a beira da morte.

- Fizemos nossa parte. Agora é a vez de você fazer a sua - ele se aproximou, mas ainda manteve uma distância segura.

- Ah sim, agora é a hora em que digo como vim parar aqui, quem sou e o que quero - ponderei, me sentindo exposta sem mesmo ter falado nada.

- Parece que conhece o procedimento - afirmou ele, e eu confirmei com um leve meneio de cabeça.

- Devo dizer que sou praticamente - ponderei mantendo a expressão fria e o corpo imóvel tentando não demostrar dor.

- Uma espiã - sugeriu dando mais um passo a frente e inclinando a cabeça para o lado - Salvei e coloquei dentro de minha própria casa uma espiã - constatou arqueando as sobrancelhas.

- Sua casa - disse arqueando as minhas  - essa é uma informação valiosa a um espião Grão-Senhor.

- E você já deve saber isso, ou pelo menos suspeita.

Herdeira das Sombras  | Azriel |Onde histórias criam vida. Descubra agora