Aeryn
Minha mente gritava para que buscasse o poder que me era prometido. Mas para isso eu precisava procurar pelos arredores da Corte, e certamente não tinha permissão para tal, o que me deixava mais aflita a cada respiração cortada.
O dia só estava começando, e tudo já estava indo a ruínas, mas acreditava que as coisas ainda podiam piorar.
Era assim que as coisas funcionavam comigo. Geralmente eu mesma as piorava, e mesmo assim ainda possuía algum senso crítico, era o que acreditava.Repelindo a sensação de formigamento que se instalou em meu corpo, liberei minhas asas e voei pelo céu nublado até a Casa dos Ventos.
O ar estava úmido, e não tardaria a chover, o que dificultaria meu voo e a minha busca caso isso me fosse concedido.Pousei na varanda com os pés firmes na pedra polida, e quando recolhi minhas asas, ainda pude sentir uma leve fisgada, me lembrando das cicatrizes que as guerras e o sangue me causaram, e aonde me levaram e continuariam me levando e marcando.
Adentrei a Casa em busca de qualquer um que estivesse ali, mesmo rezando para que não encontrasse ele, precisava de qualquer um para me fazer conseguir falar com o Grão-Senhor.
Meu poder fluia em minhas veias, me instigando a contatar a mente do Grão-Senhor através dele, mas eu estava no fio da navalha, devia minimamente ser racional em situações como essas. E seria.
Senti sua presença antes mesmo de seu cheiro ou de suas Sombras.
Saquei minha adaga lentamente, mesmo sabendo quem era, mesmo sabendo que iria irrita-lo e que ele queria que eu não o tivesse encontrado, assim como eu não queria.Um sorriso de canto repuxou meus lábios quando me virei com agilidade e encarei aqueles olhos cheios de segredos, os mesmos olhos que me percorreram a algumas noites atrás e desejaram descobrir todos os meus segredos e as minhas cicatrizes, assim como eu desejei descobrir os seus.
- Olá Encantador - as palavras sairám de minha boca ameaçadoras como cada toque dele que me ameaçou consumir.
- Aeryn - murmurou, nada surpreso, e com certeza nada contente com minha presença ali.
- Imagino que devo ter estragado o seu dia logo cedo - comentei com ironia. Recebi apenas seu silêncio em troca.
Ótimo, assim como eu ele não sabia como lidar comigo depois daquela noite.Guardei minha adaga na cintura novamente, ainda pressionando o cabo gelado em meus dedos
- Preciso falar com o Grão-Senhor, sabe que não pediria se não fosse importante - indago com seriedade, me obrigando a manter o foco e a não desviar o olhar par as suas mãos, levando meus pensamentos a lugares dos quais ele passou com seu toque.
- Teimosa como é a ponto de brincar com a morte, com certeza não pediria - resmungou Azriel.
Sabia o que ele estava fazendo, afinal, eu estava usando do mesmo mecanismo. Voltamos a nos tratar como quando cheguei aqui, provocando um ao outro na tentativa de não cedermos ao desejo e a fraqueza quando cruzava-mos nossos limites.
Como se aquela noite não tivesse ocorrido, como se o Laço de Parceria não existisse entre duas almas filhas das Sombras.
- Não, mas acredito que não posso sair andando pela Corte, espionando lugares e buscando respostas sem permissão - indago impaciente - ao contrário, já estaria bem longe daqui.
- Pela primeira vez conseguiu agir com a cabeça e não pelo impulso Aeryn - disse querendo me irritar com o seu tom.
E ele conseguiu, sempre conseguia.- Azriel - sibilei entre dentes, chegando mais perto dele, foi o necessário para minhas Sombras se agitaram e seu cheiro inebriante invadir meus sentidos. Os nós de meus dedos ficaram brancos com a intensidade em que apertei o cabo da minha adaga tentando me conter - onde ele está!?
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Herdeira das Sombras | Azriel |
FantasyAeryn era a confidente mais íntima das Sombras desde seu nascimento. Era a Herdeira das Sombras, a prometida a realizar a profecia que dizia que a filha dos poderes das Trevas libertaria Prythian da ganância do rei de Hybern. Da sua obsessão pelo po...