Sobre Sangue e Poder

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Aeryn

- Temos que achar alguma maneira - interviu Feyre, preocupação cintilando em seus olhos.

- Deve haver algo nos livros antigos. Sobre o sangue e o poder - comentou Amren, cruzando os braços logo abaixo dos seios e mantendo a expressão séria e ameaçadora.

- Faça isso Amren, não podemos dar a chance de usarem o veneno antes de termos como nos defendermos dele e evitar que inocentes morram - alegou Rhysand, agora com os braços cruzados em frente ao corpo e com os traços do rosto rígidos.

- Mor - continuou o Grão-Senhor se dirigindo a ela - informe a Corte dos Sonhos e Pesadelos para montarem guarda e ficarem preparados para ameaça de invasão.

Mor acenou graciosamente com a cabeça em sinal de confirmação. Senti quando Rhysand fez contato com Cassian e Azriel através de suas mentes, ordenando para que fizessem o que faziam de melhor: matar, espionar e montar estratégias.

Podia quase ver os fios de poder ligando  os três, fazendo uma conexão.
Tive que fechar as mãos as apertando levemente para não deixar meu poder fluir e captar todas as ordens.

Mor e Amren começaram a se retirar a medida que o Grão-Senhor voltava seu olhar para mim - Sugiro que não saía desta casa Aeryn - soou mais que um aviso do que uma sugestão.

- Acredito que vou ter entretenimento pelas próximas horas - ao falar isso direcionei meu olhar para o Mestre-Espião.

- Eu posso cuidar disso sozinho - afirmou Azriel. Irritação recobrindo sua voz.

- Tenho certeza que sim, mas a diversão também é minha Mestre-Espião - um sorriso de canto repuxou meus lábios, e Azriel saiu do cômodo em seguida sem me olhar. Rhysand me fuzilou com os olhos antes de seguir Azriel com passos calmos, que não combinavam com o clima da situação.

Cassian sorriu a medida que olhou para mim depois de ver os irmãos saindo - Você vai mesmo comprar briga com o Az? - debochou.

- Eu gosto de brincar com o perigo - falei sorrindo mais uma vez, e saí em seguida, deixando um Cassian sorridente para trás.

Caminhei diretamente para a sala esculpida na pedra da montanha no subsolo, descendo a escada em espirais largas o mais rápido que consegui sem sentir vertigem.

Minha primeira percepção quando cheguei no corredor de pedra pouco iluminado foi de que tudo ali estava silencioso demais.
Não havia som de ossos sendo quebrados e carne sendo dilacerada. Não havia cheiro de sangue e nem gritos de dor e agonia.

Caminhei rapidamente até a porta pesada de ferro que dava acesso a sala ali dentro, as Sombras se agitando freneticamente em torno de meus pulsos e das pontas afiadas de minhas asas.
Confirmei minha suspeita quando chutei a porta com irritação e vi que o Encantador de Sombras e o prisioneiro não estavam ali.

Azriel sabia jogar.

A raiva correu pelas minhas veias, se misturando ao meu sangue como algo denso e quente, se tornando parte dele.

O prisioneiro deveria estar sob minha conduta, não a dele.
Ele e seu bando estavam perseguindo a mim, então era minha obrigação interroga-lo.

E era o que eu faria. Se Azriel achava que podia se sair melhor do que eu, eu iria provar para ele que estava errado.
Se ele queria brincar de apostar quem era o melhor espião e sofrer as consequências de me desafiar, eu não recusaria a oferta. Não quando ela poderia envolver coisas interessantes.

E mesmo não fazendo parte deste território, desta Corte e deste círculo de Feéricos, a ameaça partia de mim e voltava a mim em ondas intermináveis de ódio e derramamento de sangue.

Herdeira das Sombras  | Azriel |Onde histórias criam vida. Descubra agora