LXVIII

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Arlissa

Para sermos felizes, temos que sacrificar algumas coisas"

Inspiro fundo e aliso o vestido branco, contemplo meu reflexo e de repente as lágrimas rompem de meus olhos como água descendo de cascatas azuis. Por mais que eu tente, eu não consigo ficar feliz ou animada com tudo.. tem algo dentro de mim que me faz crer que isso não vai durar, que alguma coisa vai acontecer e será o.. fim.

Inspiro mais uma vez tentando me acalmar e parar as lágrimas, talvez se eu não pensar nisso e sufocar tudo, nada aconteça nada e tudo corra bem, limpo as lágrimas e volto a ficar reta. No sábado será o dia do nosso casamento, então hoje é a "festa de noivado " não entende o porque desta festa, mas todo mundo disse que é importante e que deve ser realizada então concordamos, não tinha mal nenhum agrada-los um pouquinho. Assim como não tinha problema em usar um vestido branco lindo estilo sereia, com um bonito "lenço" na cabeça que cobria todos os meus cabelos e me davam um ar bonito.

Sente uma pontada na barriga e perde o equilíbrio por alguns minutos, ótimo mais uma coisa para me deixar mal disposta, puxei o ar para os pulmões e tentei a todo custo controlar meu corpo e suas reações, isso é muitíssimo estranho, normalmente sinto pontadas na cabeça ou peito e não na barriga.

Sinto arrepios na espinha e meu corpo congela ao sentir a aura do ser em meu quarto, as lágrimas voltam com tudo e com mais força ainda. Ergo o olhar e reprimo todas as minhas emoções, eu sabia que algo não estava bem, sabia que o fim de algo estava perto e pela primeira vez desejei que isso não fosse se concretizar. Mas a arma em sua mão me diz totalmente o contrário de meu desejo.

- Minha doce Arlissa.- engoli seco.

O homem a minha frente parecia mais velho, mas eu o reconheceria em qualquer lugar por mais que o tempo passasse, afinal ele era o dono de todos os meus pesadelos.

- Afasta-te de mim.- pelas lágrimas, minha voz estava mais fraca e odeiei isso.

- Estou muito desiludido com você, oque Erick pensaria se te visse agora? Ele certamente teria morrido de novo.- essa voz, essa maldita voz. Que assombrou a minha infância e adolescência em pesadelos e lembranças dolorosas.

- Não és real, eu estou ficando louca.

- Essa é tua melhor explicação? Que estás louca?- tentou chegar perto mas me levantei e corre para longe.

Porquê o passado esta voltando para me atormentar? Oque eu fiz para que ele voltasse para estragar tudo que foi tão difícil de construir? Todas as barreiras que derrubei, as coisas que ultrapassei.. eu não quero voltar para lá, nunca mais.

- Eu e Erick, fizemos de tudo para que aprendesses. E olha para você, casando com um idiota para quem abriste as pernas.- rosnou e fiquei estática no lugar.

As lágrimas continuaram deslizando, mas minha mente me obrigou a me manter no lugar. Eu conheço esse homem e sei muito bem que ele não vai desistir até ter oque quer.

- Oque você quer, John?

- Adivinha.- ficou mais perto e passou a arma pelo meu rosto me fazendo prender a respiração.- Eu vigiei você por anos, e cada vez que você crescia mais eu te desejava sobretudo vendo você afastar as pessoas como eu e Erick te ensinamos. Mas, você mudou quando conheceu aquele homem e eu não gostei nenhum pouco. Agora não tem ninguém que me impede de ter você.

A sensação de que algo vai acontecer não sai de mim, e acredito que não sairá até ele ter oque quer. Eu não vou permitir que ele machuque as pessoas que eu amo e muito menos que meu irmão sinta tudo oque estou sentido agora. Puxei ar suficiente para meus pulmões e limpei as lágrimas, ficar parada e amedrontada não vai resolver nada.

Submerso (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora