Lágrimas e sofrimento
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Pov Stênio
Já havia duas semanas que Helô tinha me deixado e eu tentava levar a rotina de casa com Lorenzo e fazer tudo aquilo sem a Helô do meu lado era angustiante, estavámos a meses naquela rotina juntos, além estarmos recém casados.
Era tão bom chegar em casa e ter alguém pra dividir uma garrafa de vinho, contar meus anseios, dividir meus pensamentos, sonhos, havia coisas que eu só conseguia falar com a Helô, só conseguia pedir ajuda pra ela, a gente tinha essa cumplicidade desde sempre, éramos um casal e nunca deixamos de ser, até mesmo quando estávamos separados eu ainda a procurava pedindo sua ajudar, gostava de estar com ela, contar coisas aleatórias da minha vida e ouvir os seus conselhos e até mesmo suas broncas.
Nos momentos em que nos divorciamos eu sabia onde ela estava, onde ela morava, eu também sabia que ela provavelmente estava se dedicando mais do que deveria ao seu trabalho pra esquecer todas as nossas discussões, quem sabe até me esquecer, só que desta vez ela não me pediu o divórcio e eu não fazia a mínima ideia de onde ela estava, não havia chegado nenhuma carta de advogado e eu estava em desespero por não saber onde e como ela estava.
Tudo o que eu ouvi dela foi que precisava me deixar e que não a procurasse, ela não me disse o que aconteceu e simplesmente não tenho noticias suas há duas semanas.
Durante os quase 30 anos que eu conheço a Helô, tivemos muitas brigas, discussões, dois divórcios, muitas idas e vindas, porém, nunca houve um momento como esse. Ela sempre me dizia o porquê estava brava comigo, fazia questão de falar o que eu tinha feito de errado, gostava de me dizer o quanto eu era intrometido por atrapalhar seu trabalho, que a gente não podia dar certo daquele jeito, mas dessa vez eu não recebi nem sequer uma justificativa. Aquilo estava dilacerando meu coração, eu estava no escuro, não sabia onde ela estava, se estava bem, se estava viva e ainda, se ela ainda me amava.
Será que ela ainda me amava?
Eu procurei a delegacia novamente implorando para Yone me dar alguma notícia de Helô, no entanto, ela disse que não sabia de nada e que Helô havia pedido uma licença da polícia, aquilo me deixava ainda mais intrigado.
Eu sabia que Yone poderia ter algum contato com ela, então eu utilizei do mesmo artifício que ela tinha usado comigo, e exigi que Yone registrasse um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento de Helô.
Eu sabia que isso iria irritar ela de alguma forma e faria com que me procurasse, afinal ela já tinha feito isso comigo, nada melhor do que provar do próprio veneno.
Ela disse que não podia ser feito, e que Helô não estava desaparecida.
- Pelo amor de Deus Yone! Eu sou o marido dela e eu não sei onde ela está, portanto ela está desaparecida.
- Eu não posso fazer isso Stênio, não é assim que funciona.
- Yone, eu sei que ela deve manter algum contato com você, então eu quero que diga pra ela que se ela não aparecer para dar satisfação eu vou em todas as delegacias do Rio de Janeiro, mas vou encontrar uma que registre o seu desaparecimento! Vou espalhar por toda a mídia, redes sociais, mas eu vou encontrá-la.
- Stênio, mantenha calma tudo vai se resolver.
- Yone, eu não sei se ela está bem, se está viva e se ela ainda me ama.
- Stênio, a Helô tem ama.
- Eu nem sei mais Yone, eu nem sei mais... a Helô gosta tanto de ser delegada e até mesmo da polícia ela pediu uma licença.
- Ela não me disse muita coisa, só que iria ficar fora por um tempo, não me contou o que iria fazer - Yone me respondeu e não me deu muitas esperanças, mas sabia que ela daria um jeito de avisar a Helô.
O que a Helô mais gosta de fazer é ser delegada, não deixaria aquela delegacia por qualquer coisa. O que aconteceu deveria ser muito grave. A Helô ama o seu trabalho mais do que qualquer coisa, acredito que ela deva amar aquela delegacia mais do que me ama, se é que um dia ela me amou da mesma maneira que eu a amo.
Eu estava com a mesma angústia que senti no momento que Helô foi sequestrada, só que desta vez eu não sabia o que tinha acontecido, não sabia se eu tinha feito alguma coisa que a magoou, pois no momento em que ela deixava a nossa casa ela chorava muito e eu queria abraçá-la, beijá-la, mas ela se desvenciliou de qualquer contato, disse que tinha que me deixar, que não podia mais ficar comigo, eu procurava na minha mente alguma coisa que poderia ter feito que tivesse magoado a ponto de ela me deixar daquela forma.
Eu voltei para o escritório e tentava manter a concentração em alguns prazos que tinha que cumprir, sem muito sucesso, não conseguia parar de pensar nela, aquele tormento de não saber onde ela estava, o que tinha acontecido estava me matando aos poucos, eu não tinha vontade de comer, não estava conseguindo trabalhar, se não fosse pelo Lorenzo tem dias que eu não conseguiria levantar da cama.
Comecei a achar que Helô estava correndo algum risco de vida, nada fazia sentido, pois um dia antes dela fazer as suas malas nós estávamos melhor do que nunca, eu abri meu coração pra ela, cedi para que não tivéssemos brigas, achei que estávamos na mesma sintonia, porém, depois desta atitude eu percebi que nunca conseguia ter ela inteiramente pra mim, sempre havia alguma coisa que ficava no caminho entre a gente. Eu sentia uma saudade imensa, mas já começava a abrir espaço para uma certa raiva por ela ter me abandonado.
Passados dois dias da minha conversa com Yone eu ainda estava aguardava uma resposta, não recebi nenhuma ligação, nenhuma mensagem de Helô, nada.
Estava decidido, eu demorei muito tempo, já deveria feito um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento dela, mas daquele dia não iria passar.
Fui até o restaurante que costumávamos almoçar, já estava tarde, porém eu não havia comido nada no café da manhã, estava fraco, não tinha muita fome, mas me esforcei para me alimentar, me sentei sozinho e estava começando a comer quando eu observo que no fundo do restaurante tinha uma silhueta conhecida, aquela era a Helô, estava de costas m pouco longe donlugar onde eu estava, porém, aquelas curvas, o jeito que ela gesticulava, o cabelo, ela estava linda, como sempre esteve, eu a reconheceria de qualquer maneira, era ela.
Eu deixei o prato de comida e fui correndo ao encontro dela, meu coração estava saindo pela boca e fui tão desesperado que não percebi que ela estava estava acompanhada de outra pessoa, era um homem, assim que fui chegando próximo da mesa onde estavam eu notei que era um homem bonito, bem vestido, estava na companhia dela, era um completo desconhecido, como ela pode me deixar sem notícias e aparecer do nada em um restaurante acompanhada de outro homem?
Ver aquilo fez minha felicidade desaparecer junto com o meu sorriso, a raiva começava a me consumir juntamente com o ciúmes.
A Heloisa nunca me traiu, nem sequer me deu desconfiança de que pudesse ter me traído algum dia, aquela era a primeira vez que eu suspeitava que alguma coisa poderia ter acontecido pra ela me deixar, e naquele momento eu me dei conta de que o motivo dela ter me deixado poderia ser outro homem, e só de ter essa imagem em meus pensamentos me fez ficar completamente cego de ciúmes.
- Heloisa?!?! - eu chamo por ela tentando conter o volume da minha voz que sai mais alto do que eu gostaria.
- Stênio? - ela responde assustada, virando o seu corpo em minha direção, ela com certeza não tinha me visto no restaurante.
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Cliffhanger?
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Descuidos - Steloisa
RomanceStenio e Helô e suas recaídas pontuais, brigas e amassos, tapas e beijos. Será que Helô corre perigo com a mafia que sequestrou Stênio?