Cap. 22

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Pov Stênio

Aquilo foi bem estranho, Helô se lembrou do meu sequestro, da tentativa de assalto, as lembranças estavam todas aleatórias, mas ela enfim se lembrou da nossa noite, a primeira recaída depois de tantos anos separados, um resvalo, como ela gostava de dizer, mas um delicioso resvalo.

Eu dirigia até a casa de Helô e ela não apresentava nenhuma reação, não trocamos mais uma palavra e eu não tive coragem de falar nada e optei por deixar ela absorver tudo o que tinha lembrado.

Quando finalmente chegamos até a sua casa Helô já estava impaciente, queria de todo jeito que eu fosse embora, não me olhava nos olhos.

Parecia que havia um bloqueio em sua memória, eu estava frustrado com tudo isso, mas também tinha que entender tudo o que ela estava passando.

- Helô? Tá tudo bem?

- Está Stênio, você pode ir pra sua casinha agora?

- Helô? Olha pra mim? Você lembrou de mais alguma coisa? Me conta, eu posso te ajudar, me ajuda a te ajudar.

- Acho melhor eu não falar.

- Por favor, me conta.

- Eu me lembrei da noite que tivemos logo depois do assalto, isso foi a pouco mais de um ano?

- Foi, eu achei que você fosse te perder e você me expulsou logo quando acordamos, com a Creuza entrando no seu quarto com café da manhã, eu ainda estava com sua algema no meu pulso.

- Foi só um resvalo.

- Tiveram outros resvalos, logo em seguida.

- Stênio, eu não me lembro e também não entendo.

- Helô, eu preciso que você lembre! Mas, agora... por favor me desculpa, eu tenho que ir - Sai do apartamento dela deixando ela sozinha, eu queria de toda forma dizer que ela era a minha mulher, mas tinha sido muito pra ela naquela noite, fui embora reticente da minha atitude, a minha vontade era de agarrar ela ali, se eu não saísse daquela casa eu iria fazer.

Ela precisava de um tempo pra digerir todas essas novas informações.

Cheguei em casa sozinho sem ela, mais um dia sem ela era angustiante, porém acreditava que seria por pouco tempo, já que ela estava se lembrando de tudo aos poucos.

Ouço o meu celular tocando, era ela.

- Oi Helô.

- Stênio, você está bem?

- Eu tô bem, cheguei em casa agora, aconteceu alguma coisa??

- Eu não entendi porque você foi embora de repente, eu sei que você fica frustrado com tudo isso, me desculpa.

- Não Helô, você não tem culpa disso, eu só fico frustrado por você não lembrar de mais coisas, eu acho que você precisa de tempo pra digerir tudo o que aconteceu essa noite.

- Tudo bem, eu tenho consulta amanhã, acho que tenho muito a falar para o terapeuta.

- Eu estou aqui pra qualquer coisa que você lembrar, pode me ligar a qualquer momento.

- Tudo bem, boa noite.

- Boa noite Helô.

Depois daquele dia Helô passou pela consulta e me ligava com mais frequência, até que um belo dia ela chega no meu escritório muito nervosa querendo a todo custo falar comigo, eu logo achei que ela tinha se lembrado de tudo e estava furiosa por eu não ter logo contado tudo a ela.

- Stênio, precisamos conversar.

- O que foi Helô? Você está bem? Se recordou de alguma coisa?

- Antes eu não tivesse relembrando disso.

Descuidos - SteloisaOnde histórias criam vida. Descubra agora