Capitulo 3

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Quando os convidados começaram a dançar, Teresa saiu do Salão de Banquete enquanto Mauá se socializa. Ela foi a procura do toalete naquela ala, mas estava lotado, a esposa de um deputado lhe falou que ela poderia usar o do primeiro andar ao lado da biblioteca, assim ela foi. Para seu deleite o toalete estava vazio. Quando saiu em vez de voltar em direção a música, decidiu conhecer a biblioteca.

Olhou ao redor para vê se alguém estava olhando e, quando percebeu que não tinha ninguém no corredor, girou a maçaneta e entrou.

A Biblioteca do Palácio da Alvorada é usada para encontros e reuniões oferecidas pelo Presidente e pela Primeira-Dama. Contém uma enorme variedade de livros raros e preciosos. Não é nada intimidante por dentro, pelo contrário, achou aconchegante. O cheiro de limpeza e couro a saudou enquanto caminha pela sala. Seus passos silenciados pelo carpete, permitia que ela examinasse a prateleira de livros com as pontas dos dedos roçando suas lombadas de couro.

Acendeu a abajur ao lado da estante enquanto olha para a prateleira de livros à sua frente. Está impressionada com os volumes raros. Puxou um livro antigo de Dostoiévski, quando ia abrir ouviu um som.

Click

Virou a cabeça em direção à porta quando o som da maçaneta girou, escutou um sussurro e então alguém entrou.

Click

A porta se fechou! Ela estava na ponta direita da prateleira com apenas a luz fraca do abajur acessa, mas jamais confundiria quem acabara de entrar... Presidente Bragança!

Viu o Presidente se encostar na porta com a cabeça inclinada para cima e os olhos fechados. Respirou fundo afrouxando a gravata que usava. Teresa observou o movimento da mão dele, hipnotizada pelo movimento que fazia. Viu ele respirar fundo de novo, e se perguntou porque ele parecia estar sem fôlego.

Como se tivesse ouvido seus pensamentos, Pedro abriu os olhos virando a cabeça em sua direção.

Maldição!

O brilho do preto dos seus olhos fez Teresa estremecer, embora a biblioteca não estivesse fria. Sentiu o arrepio percorrer seu corpo como na primeira vez que seus olhos se cruzaram.

Dividida entre a surpresa e pavor, Teresa ficou estática onde estava. Os dois se encaravam e antes que ela percebesse Pedro arrumou a postura e a cumprimentou com seu suave sotaque carioca.

-Senadora Bourbon!

-O que está fazendo aqui, Senhor Presidente? -Teresa perguntou como se ele não fosse o dono da casa.

No momento que as palavras saíram de sua boca, Teresa desejou que elas não tivessem saído.

O rosto de Pedro franziu confuso, em seguida refez à pergunta com a mesma franqueza que ela.

-Eu que deveria estar lhe fazendo essa pergunta, o que você está fazendo aqui, Senadora?

Teresa riu nervosa maneando a cabeça.

-Me desculpe! Não quis ser grossa.

Click

Ambos viraram a cabeça quando a porta se abriu e o agente Caxias entrou olhando de um para outro.

-Está tudo bem, senhor? -perguntou olhando do Presidente para a Senadora.

Pedro concordou com a cabeça.

-Está tudo bem, obrigado por verificar, Caxias! Por favor, nos deixe a sós.

Teresa sentiu o estômago afundar quando Caxias, que presumiu ser um agente do serviço secreto, concordou em silêncio e fechou a porta, deixando-a sozinha com o Presidente.

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