O passeio.

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POV Marilia

Meu humor está péssimo!

Onde eu tava com a cabeça quando aceitei ir nesse passeio idiota? Pelo amor de Deus ainda é alta madrugada e eu tô de pé, vestida e levando Ana adormecida pra barraca da Diana.

Dih mal me deu bom dia quando coloquei Ana em um colchonete e fechou o zíper da barraca assim que saí.

Maraisa vinha ao meu encontro com uma lanterna e parecia avaliar minhas roupas, pior, parecia não concordar com elas.

-Bom dia Marilia

-Não é dia ainda.

Ela riu, me medindo outra vez.

Eu mesma olhei meu shorts jeans nos joelhos, minha camisa simples azul e minhas botas de caminhada novas em folha.

-Posso dar um conselho? - Pergunta com um tom de voz do qual não gostei nem um pouco.

-Não. Mas sinto que você vai dar assim mesmo não é?

-Vou. - Disse com um sorriso presunçoso. - Eu não quero você chorando de dor, então é melhor trocar o calçado.

-Mas essas botas são de caminhada.

-São novas Marilia. Vão fazer bolhas nos seus pés em meia hora de caminhada.

Bufei. Pra que eu comprei elas então?

Fui até a barraca e coloquei meus velhos converses pretos e confesso que me senti bem mais confortável.

Saí da barraca, com uma mochila, levando água e uma roupa extra. Não vou caminhar até uma cachoeira e ficar só olhando.

Caminhei até Maraisa, reparando pela primeira vez no que vestia. Era o mesmo short e as mesmas botas de ontem, mas usava uma camisa velha do NIRVANA na cor preta.

Sua mochila era bem maior que a minha, tinha a aparência pesada e parecia ter muitos bolsos.

-Vamos então? - Perguntou quando me aproximei.

-Porque você pode usar botas e eu não?

Ela olhou para os pés.

-As minhas já tem bastante tempo de uso, não vão me machucar.

Revirei os olhos e me virei caminhando em direção a trilha demarcada na entrada da floresta.

-Aonde tá indo Marilia?

-Pra cachoeira.

Ela riu.

-O caminho é pra lá. - Apontou na direção oposta a que eu me dirigia.

-Não tem trilha pra lá.

-Eu nunca disse que íamos seguir alguma trilha.

Suspirei e fui na direção que ela apontara. Ela me alcançou facilmente, dado o peso aparente de sua mochila, ela caminhava com facilidade.

Segurando a lanterna, ela foi na frente mostrando o caminho.

Assim que passamos pelas primeiras árvores senti a temperatura baixar e me arrependi de não ter trazido um casaco.

Por outro lado eu estava mais consciente da presença, do calor do corpo e do cheiro de Maraisa ali na escura floresta do que já tinha estado em todas as vezes que a encontrei.

Ela caminhava calmamente, com agilidade e me ajudando sempre que o terreno se mostrava difícil.

Confesso ter ficado impressionada, Maraisa não parecia ser o tipo de pessoa que ficava tão a vontade ao ar livre, mas pelo visto era uma visão errada dela.

A PROFESSORA DA MINHA FILHA.Onde histórias criam vida. Descubra agora