Primeira Crise

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POV Ana

Tirei o fim de semana pra mim.

Cuidei do cabelo, das unhas, da pele e fiquei o sábado todo assistindo série na Netflix.

Minhas mães respeitaram meu momento, mas me chamaram a noite pra ver filme e eu fui.

Me aproximei bastante de Maraisa, ela se tornou uma verdadeira mãe pra mim. Sou quase tão próxima dela quanto da minha mama.

Ela me dá tanto carinho e atenção quanto pro Léo.

Deitei no colo dela, com as pernas no colo da minha mama.

Assistimos "A culpa é das estrelas", de novo. Mama chorou do início ao fim, o que é normal.

Depois que acabou, Mara colocou um policial qualquer.

Mama acariciava minha perna.

-A Diana ligou. - Disse minha mama. - Disse que a Aline tá tentando te ligar o dia todo.

Ela disse como quem não quer nada, mas sei que estava me observando de canto de olho.

-Eu deixei o celular desligado. - Digo também como quem não quer nada.

-Talvez seja a hora de vocês conversarem meu amor. - Disse Mara acariciando meu cabelo.

-Não sei não... - Digo prestando atenção no filme.

Elas ficaram em silêncio, mas sei que trocaram olhares por cima da minha cabeça.

Depois do filme eu fui pro meu quarto, onde coloquei uma música, no meu MP3, pra não ligar o celular.

Eu não quero falar com a Aline, não quero ouvir as desculpas dela, não quero saber o que ela vai inventar pra ter dado liberdade pra aquela garota.

A grande questão é que eu gosto tanto da Aline. Quando eu tô com ela sinto meus dias mais felizes, fica fácil sorrir. Ela foi a primeira em tudo na minha vida.

Meu primeiro beijo foi com ela, a primeira vez que matei aula, a primeira vez que fui ao cinema, ao parque, a primeira briga... A primeira vez que fiz amor foi com ela...

As lágrimas rolam mais uma vez antes que eu consiga segurar, fazendo com que eu odeie Aline por me fazer chorar.

Durmo chorando e ouvindo a porcaria da música que ela me ofereceu, de um grupo legal chamado "Fifith Harmony", Thousand Hands

Tired, tired, you're all I want, yeah

It'll be 'til the end, give me nothing I've ever tried
It'll be the perfect sin, something like the truest lie
Everywhere somehow, the only place I'll ever be
As long as you hold me down, oh such a liberty

Warm me with your touch, pressure from your fingertips
Never be enough, I'll do nothing but submit

I just wanna feel a thousand hands from you, only you
Can you make me feel a thousand hands from you, only you?

Grab a hold of my soul and make me feel complete within you'll be the one to show these goosebumps on my skin
I'll wear my heart on my sleeve, I need you to feel the pain
Would you take a bullet for me? Cause you know I'll do the same

Warm me with your touch, pressure from your fingertips
Never be enough, I'll do nothing but submit

I just wanna feel a thousand hands from you and only you
Can you make me feel a thousand hands from you and only you?

I just want to feel a thousand, from you
A thousand hands from you
Just wanna feel a thousand
A thousand hands from you
Feel a thousand hands from you

Acordei com alguém tentando derrubar minha porta.

Olho o relógio e resmungo. Pelo amor de Deus, são seis e vinte da manhã de um domingo.

A música continua tocando no fone de ouvido, porque eu pus pra repetir essa porcaria.

Continuam esmurrando minha porta, a contra gosto levanto e abro.

Aline está parada na minha porta, com os olhos vermelhos e inchados.

-Por favor, por favor vamos conversar. - Ela pede.

Confesso que meu coração se apertou ao ver ela ali na minha frente, com cara de quem tá chorando faz dias. Mas eu tenho um orgulho Mendonça, que puxei da dona Marília.

Cruzei os braços na frente do peito e encarei Aline.

-Como você entrou aqui?

-A tia Mara deixou eu entrar.

-O que você quer? - Pergunto da forma mais seca que consigo.

-Amor...

-Não me chama de amor Aline. Vai chamar a vaca que te beijou sexta de amor.

- Ana por favor, você sabe que eu te amo.

Dou uma risada sarcástica.

-Ama? Sério Aline? - Entro no quarto e ela me segue. - Você fica de gracinha com a sua ex, sabendo que odeio ela, até chegar ao ponto dela te beijar e vem dizer que me ama?

-Ana, por favor. - Sento na minha cama e ela senta na minha frente. - Eu não queria aquele beijo. Você sabe disso. E eu não tava de gracinha com ela.

-Você tava sim, o dia inteiro você ficou de gracinha com ela.

-Não. Olha, eu juro que não tava de gracinha com ela, eu só tentei ser simpática. Ana, eu gosto de você. Só de você.

Fiquei olhando Aline na minha frente.

-Sua cara tá horrível. - Digo olhando pra ela.

-Eu... Chorei um pouco. Ana, eu tô com muito medo de perder você.

-Devia ter pensado nisso antes de aprontar.

-Ana, eu não queria isso. Não queria que ela me beijasse, não queria brigar com você e eu não quero te perder. Me perdoa. Não vamos nos separar assim, na primeira crise. A gente tem uma vida toda pela frente.

Olho pra Aline. Eu ainda tô muito chateada com tudo o que aconteceu, mas a verdade é que eu amo essa garota, e tô morrendo de saudade dela.

Mas eu não ia deixar de falar umas coisinhas.

-Olha Aline, sinceramente eu tô muito chateada com o que aconteceu. Não foi só o beijo, eu vi que você empurrou ela, mas você me chamou de mimada. Você preferiu brigar comigo do que admitir que tava errada.

-Eu sei. Eu sei, fui uma idiota. Eu não devia ter brigado com você. Me perdoa.

Fico olhando pra ela.

Eu não posso mais ficar sem meu amor.

-Eu te perdôo, se...

-Qualquer coisa vida.

-Se você prometer que nunca mais vai dar liberdade pra aquele tipo de gente.

-Nunca mais. Eu te amo amor, amo de verdade.

-Eu também te amo Aline.

Minha namorada me agarrou, beijando minha boca com saudades, com urgência.

Me abraçou forte enquanto me beijava.

-Eu nunca mais quero ficar sem você. Nunca mais Ana, nunca mais.

Ela beijava meu rosto e meu pescoço com vontade.

Sorri e a empurrei.

Levantei e fechei a porta. Voltando pra cama e pra minha namorada, finalmente.

A PROFESSORA DA MINHA FILHA.Onde histórias criam vida. Descubra agora