O pedido.

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POV Marilia

Por um milagre cheguei cedo em casa, Ruth ainda estava preparando o jantar junto com cozinheira, Luiza vagava pelos canais da TV e Ana estava deitada de bruços no carpete fazendo a lição de casa.

Quando ouviram o barulho da porta se fechando, Luiza e Ana ergueram a cabeça.

-Mama! - Ana se levantou e correu me abraçando.

-Oi meu amor. - Beijo sua cabeça. - Oi Luiza

-Oi. Chegou cedo.

-Graças a Deus. Como foi o dia de vocês?

-Foi ótimo mama.

-É, foi legal.

-Vou tomar um banho e desço pra jantar com vocês.

Tomo um banho rápido, querendo descer pra jantar com minha família.

Não precisava ter me preocupado, dona Ruth não deixou que servissem a mesa antes que eu chegasse.

-Desculpa atrasar o jantar de vocês. - Digo enquanto me sento.

-Sem problema meu amor. - Diz minha mãe sorrindo, ela sempre fica feliz quando consigo jantar em casa.Jantamos em meio a conversas e risadas, é simplesmente indescritível essas coisas tão simples.

A empregada trás a sobremesa.

-Carina, pode deixar que a gente lava a louça. Vá descansar.

-Obrigada dona Marília.

Ela sai contente já tirando o avental.

Comemos a sobremesa e logo em seguida nos juntamos na cozinha pra lavar a louça.

-Mama. - Diz Ana me olhando com sua doçura.

-Sim meu amor?

-Esse fim de semana vai ter um acampamento com as turmas de primeiro, segundo e terceiro ano da escola. Todo mundo vai.

-Ah... Bom, me traga a autorização que eu assino pra você ir.

-Não mama, os pais também vão. Vai comigo mama, por favor.

- Ana, você sabe que não posso fazer isso. Eu trabalho, não posso ir pra um acampamento.

Olhei pra Ana no momento em que seus olhos se encheram de lágrimas.

-Tia Luiza tem razão. - Disse ela e seu tom era de uma decepção muito grande. - A senhora nunca tem tempo pra mim.

Ela largou os pratos que devia guardar encima da mesa e correu em direção as escadas.

-Você nunca dá uma dentro Marília. - Disse Luiza com reprovação e jogando o pano em mim, correu atrás de Ana.

Fiquei parada, atônita, sem saber o que fazer ou dizer.

Minha mãe me olhou e havia uma grande tristeza em seu olhar.

-Mãe...

-Não é pra mim que você precisa se explicar ou se desculpar filha.

-Mas eu...

- Marília - Ela ergueu a mão pra me silenciar. - Apenas responda duas perguntas. Seu pai tinha exatamente o mesmo trabalho que você não é?

-É, mas...

-É quando foi que seu pai deixou de participar da sua vida, ou da de Luiza?

Fiquei encarando minha mãe em silêncio.

É verdade que Mário sempre esteve presente, em absolutamente todos os momentos de minha vida.

Nunca vou me esquecer que ele deixou toda a diretoria da editora plantada na sala de reuniões e correu pro hospital pra assistir ao parto de Ana.

A PROFESSORA DA MINHA FILHA.Onde histórias criam vida. Descubra agora