Só pode ser uma invocação do inferno pra me atormentar

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POV Verônica

Eu já estava quase na porta do hospital quando ouvi me chamarem.

-Doutora Verônica.

Olhei para trás e Bruna, a enfermeira do setor de ortopedia vinha até mim

-Chegou mais um no pronto socorro. Fraturas múltiplas no fêmur esquerdo e três costelas fraturadas também do lado esquerdo?

-Três costelas? - Pergunto num gemido.

-Sim doutora, tá correndo o risco de perfurar o pulmão.

-Qual a idade do paciente?

-Nove.

-Uma criança? - Arregalo os olhos e pego o rádio que ela está nas mãos, usado pro contato entre os enfermeiros. - Aqui é a doutora Verônica, levem o paciente recém chegado para a sala de cirurgia oito.

Devolvo o rádio, indo em direção a sala dos médicos, com Bruna me seguindo de perto.

-Bruna, procure a doutora Almira e o doutor Marcos, vou precisar deles na cirurgia.

Me troco de novo rapidamente e corro pro andar nove, paro em frente a sala oito, onde Almira e Marcos já estão fazendo sua higiene.

-Obrigada por voltar e atender essa emergência Vero. - Diz Almira.

-Eu também fiz um juramento de salvar vidas humanas Almira. - Digo com um sorriso. - Só fiz com mais classe.

Pisco um olho e Marcos dá uma risadinha.

-Vamos logo.

**

A cirurgia foi complicada por causa das fraturas nas costelas, mas deu tudo certo.

Depois do banho, fui direto pra casa, morta de cansaço.

Desde que comecei a trabalhar na Corporação Pereira de Medicina, nunca tive um dia tão agitado.

Houve um acidente na principal avenida do estado, envolvendo um ônibus e dois carros.

Somos referência em medicina no país, por isso quando acontece alguma coisa assim, os pacientes são sempre levados pra lá.

Entrei no meu carro e dirigi com extrema cautela pelas ruas, não é meu costume, mas com essa chuva eu prefiro tomar cuidado.

Entro na garagem, já passa das dez, tá tudo apagado, Marcela deve tá dormindo com o pequeno Henrique.

Desci do carro, querendo apenas entrar em casa e tomar um bom banho, pra dormir com minha esposa.

-Verônica.

Não, eu devo tá tendo alucinação. Eu conheço bem demais essa voz de puta mal fodida, mas ela não pode tá aqui.
Mal consigo me segurar nas pernas quando me viro e a encontro ali, parada na entrada da minha garagem, me olhando.

O pânico me invade, quero gritar e correr.

Essa vadia quase me matou, não posso acreditar que ela tá aqui.

Mas eu não vou deixar ela sentir que me assusta.

-Vai embora. - Digo com raiva.

-Isso é jeito de receber uma velha amiga?

-Você nunca foi minha amiga Lauana, vai embora.

-Verônica, você tá se tremendo de medo...

-Eu não tenho medo de você. - Digo num rosnado dando três passos rápidos na direção dela, o que a assusta e a faz recuar. -Vai embora.

A PROFESSORA DA MINHA FILHA.Onde histórias criam vida. Descubra agora