POV Marilia
O segundo dia de feriado prolongado foi muito gostoso, fomos fazer uma trilha numa mata ali perto, onde Maiara, a única que ainda estava sozinha, tratou de arrumar alguém em quem dar uns pegas.
Demi é uma morena da pele clara cheia de sardas e um sorriso que ilumina qualquer pessoa num raio de um quilômetro.
Foi muito bom ela ter se juntado a nós, animou a todas.
O dia passou bem sossegado, a noite pedimos pizza.
Estávamos eu e Maraisa na sala, todas já tinham ido se deitar, quando ouvimos uma batida na porta.
Maraisa resmungou ao parar de beijar meu pescoço e foi atender.
-Não acredito nisso, o que você tá fazendo aqui.
A voz que respondeu fez uma onda de ódio subir por meu corpo.
-Eu só quero conversar com ela.
-Você não vai conversar com ela.
Levantei e fui até a porta, onde os dois se encaravam com raiva.
Maraisa é mais baixa que Murilo, mas não se deixou intimidar.
-O que você quer Murilo? - Pergunto com raiva.
-Eu posso falar com você? Em particular?
-O que for que você tenha a dizer pode dizer na frente da Maraisa.
-Eu quero conversar Marília.
-Quer conversar? Então vou dizer umas verdades. Faz quase dezesseis anos que você me deixou sozinha, grávida, terminando o ensino médio. Durante todos esses anos eu fiquei esperando uma, só uma ligação sua, pelo menos pra saber se seu filho era homem ou mulher. Pelo menos pra você perguntar se ele tinha nascido. Você foi um crápula Murilo.
-Eu quero me desculpar.
-Desculpar? A gente se desculpa quando pisa no pé de alguém. O que você fez não tem desculpa, não tem perdão.
- Marília, eu sei que eu errei, mas você pode pelo menos me escutar?
-Não. Não quero te escutar. Eu queria te escutar quando tava passando mal, quando tava enjoada. Eu queria te escutar quando eu descobri que era uma menina. Eu queria te escutar quando eu fui gritando de dor pro hospital, quando eu passei noites acordada com ela, quando ela falou a primeira palavra, quando deu os primeiros passos. Eu queria te escutar quando meu pai morreu, quando eu chorava por ter que ir trabalhar e deixar ela em casa, quando ela se machucava. Eu queria te escutar quando ela me contou que deu o primeiro beijo ou quando decidiu estudar guitarra. Agora Murilo, eu não quero te escutar. Eu não quero olhar pra você.
Ele ficou me encarando com cara de cachorro molhado.
-E ela?
Dei uma risada sem nenhum humor.
-Ela te odeia Murilo. Desde que eu decidi contar pra ela o que você fez, ela quer mais é distância de você.
Você teve dezesseis anos de chance. Desde aquele maldito dia que você me largou naquele banco de praça. Suas chances se esgotaram.
-Tudo bem. Só... Diga a ela que eu sinto muito.
Maraisa apontou um dedo na cara dele.
-Ninguém aqui vai dar nenhum recado seu pra ela. Ela não quer saber de você.
-Quem é você pra se meter nisso?
-Sou a madrasta dela. Alguém que ela sabe que pode contar, que não vai abandonar a garota incrível que ela é.
-Você agora gosta de mulher Lila?
Maraisa agarrou a frente das vestes dele e o puxou.
-Não se atreva a chamar Marília desse jeito, e não se atreva a querer saber da vida dela. Isso não é da sua conta.
Ela empurrou Murilo, fazendo ele dar três passos pra trás.
-Vai embora. - Digo com desprezo.
Ele fica parado aonde está, me olhando.
A porta atrás de mim se abre. Olho e veja Ana saindo.
-Você não ouviu o que elas falaram? Vai embora.
-Eu queria conversar com você. - Ele diz olhando Ana.
-Já foi dito que ninguém aqui quer falar com você. Vai embora.
Com uma última olhada na minha direção, ele vira as costas e vai embora.
Ana me abraça, mas não demonstra nenhum sinal de querer chorar.
-Então. - Diz ela. - Agora que o babaca se foi, posso assistir um filme com minha mãe minha querida madrasta?
Maraisa sorri.
-Bora. - Diz bagunçando o cabelo da Ana.
**
Não houve mais nenhum problema nos dias que seguiram.
Curtimos cada segundo daquele feriado, rindo e brincando com as pessoas de quem mais gostamos.
Na última noite curtimos uma noite gostosa de conversas e risos.
Entrei no banheiro e preparei um banho de banheira.
-Quer tomar um banho comigo? - Pergunto pra Maraisa
Ela sorri e tira a roupa.
Entramos juntas na banheira, onde ficamos abraçadas curtindo um carinho.
-Sabe... - disse Maraisa. - Apesar de tudo, foi o melhor feriado da minha vida.
Sorrio.
-Da minha também. Até o encontro com Murilo, tirou um monstro da sombra de Ana. Ela pelo menos o viu uma vez na vida.
-É. Mas não vamos pensar naquele otário.
Olho pra minha namorada.
-Sabe o que eu acho?
-O que amor?
-Que eu encontrei a mulher mais maravilhosa do mundo.
-Hmmm... Você tá errada. Quem encontrou a mulher mais maravilhosa do mundo foi eu.
Sorrio quando ela começa a beijar meu pescoço.
-Se comporta. - Digo dando um leve tapa em seu braço.
-Ah, tudo bem. Mas esse banho podia ficar mais quente sabe?
-Pra mim ele já tá bastante agradável Mara.
E assim ficamos com brincadeiras e sorrisos curtindo o último dia de feriado.
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Como estamos no top 1 eu resolvi postar um capítulo rapidinho ♡
Espero que gostem e não esquece de deixar a ☆
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A PROFESSORA DA MINHA FILHA.
FanficMarília Mendonça é a dona de um grande império, a editora mais famosa do país. Sua arrogância só se compara a sua beleza e ao seu amor por livros. Mas como todos, Marília não é perfeita. Seu passado lhe deixou marcas profundas, e viva. Ana Luiza é u...