aversão mútua

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POV Marilia:

O clima na sala era tenso, a mulher alta sentada, que eu supunha ser a diretora, olhava de mim pra doida de olhos pretos.

-Vocês se conhecem? - Perguntou.

-Já nos esbarramos por aí. - Disse a de olhos pretos.

-Não. Você esbarrou em mim. Aliás você deixou uma mancha roxa no meu vestido caríssimo.

-Ah que tragédia, eu manchei seu vestido. Se quiser eu mancho seu rosto de roxo também pra combinar.

- Maraisa. - Disse em tom de aviso a mulher.

-Desculpa Paula. - Falou a morena. - É que eu tenho uma certa intolerância a pessoas arrogantes.

-Escuta aqui... - Comecei, mas fui interrompida pela diretora.

-Chega. Por favor, estamos aqui pra resolver o problema da Ana e da Aline, não pra arrumar outro.

Eu e a olhos pretos nos olhavamos com raiva, deixando bem claro a aversão mútua que existia ali.

-Falando em Ana, como a conhece? - Pergunto numa voz baixa e calma.

-É o segundo ano que sou professora dela. Você é muito bem informada da vida da sua filha hein...

-Parem. - Disse a diretora antes que eu pudesse responder. - Por favor.

Nesse momento uma mulher entrou pela porta, tinha um ar claro de pessoa debochada e irônica, mas eu gostei dela. Seu cabelo era loiro e longo, amarrado cuidadosamente em  um rabo de cavalo. Usava um macacão jeans com uma alça solta, que ia até a canela, nos pés um tênis branco, mesma cor da camisa por baixo do macacão. Sua pele tinha um tom bonito de caramelo e ela era incrivelmente alta.

-Licença. - Disse e seu tom era suave. - Sou mãe da Aline Clark. Diana Clark

-Muito bem. - Disse a diretora.Essa é  Carla Maraisa - Apontou pra olhos pretos. - Professora da sua filha. E essa é senhora Marilia, - disse apontando pra mim - mãe da Ana, a aluna com quem sua filha brigou.

A mulher de pele caramelo me olhou.

- Maraisa, conte o que aconteceu por favor.

A olhos pretos nos olhou e suspirou.

-Eu havia pedido pros alunos fazerem um cartaz, uma pequena apresentação pro dia dos pais. - Meu coração gelou. - Notei que Ana não estava fazendo a tarefa e fui até ela perguntar porque. Ela me disse, de forma muito educada, que não tinha pai. Perguntei como e ela citou mãe, avó, tia e um gato, mas disse que não tinha pai. Aline ouviu e disse que todo mundo tem pai. Ana disse que ela não, as duas seguiram nessa discussão até Aline chamar Ana de burra. Ana respondeu que burra era ela. Aline empurrou a colega e elas começaram a se agredir. Eu separei as duas e trouxe o caso até Paula.

Ouvimos um suspiro pesado e Diana começou a falar:

-Olha, eu sinto muito mesmo pela Aline. Ela tá passando uma fase difícil desde que eu e o pai nos separamos, ela é adotada e já faz três meses que meu ex-marido não a vê e eu...

-Senhora Clark, tudo bem. - Disse Paula-
-A senhora já conversou comigo sobre a Aline, me explicou que ela tá fazendo o acompanhamento psicológico, mas eu preciso que vocês entendam que elas passaram pra agressão física. Isso é intolerável aqui na NYES e se elas fossem mais velhas seriam expulsas. - Abri a boca mas Paula continuou a falar. - Eu preciso incutir em vocês e nelas a gravidade da situação. Não vou expulsá-las, até porque são boas alunas, comportadas em geral, mas vou suspender as duas pelo resto da semana e espero das senhoras que conversem com elas sobre a gravidade do que aconteceu.

A PROFESSORA DA MINHA FILHA.Onde histórias criam vida. Descubra agora