Capítulo 2 - Meias-verdades

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Kara Danvers •
Point of view

Se eu não a tivesse abraçado, sentido seu corpo quente, sua respiração sobre a minha pele, eu poderia jurar que estava sonhando. Claro, Não seria a primeira vez, aqui debaixo desta árvore eu sonhava acordada com a possibilidade de um dia encontrá-la, de sentir aquele abraço quente de novo, de segurar suas mãos nas minhas como da última vez e eu posso jurar que quase podia sentir o perfume dela, seu toque... Mas como sempre nada era real... até agora!

Aquele abraço minutos antes foi real. Eu senti aquele frio na barriga de ansiedade, a pele arrepiar com o contato dos nossos corpos e que me fez sentir as mesmas sensações de anos atrás, aquela sensação de lar, como se esse abraço fosse feito sob medida pra mim, como em um quebra cabeça onde existem várias peças mas cada uma tem seu lugar certo.

Era ela ali, diante do meus olhos. A morena dos olhos verdes que eu prometi nunca esquecer e que eu amava com todo coração.

Ela estava diferente, sua postura estava mais firme, o olhar mais marcante — Eu não conseguia desviar os olhos dela. Estava tão linda. — Eu não enxergava mais aquela menina dos meu sonhos, agora eu via a mulher.

Apesar de toda sua pose, seu olhar falhou assim que ela me encarou, suas mãos ao rosto e seu semblante assustado me deixaram confusa ela chorava em desespero, dizia coisas sem sentido e eu não estava entendendo o que estava acontecendo mas estava com uma vontade imensa de abraça-la que eu não me privei disso. A abracei tão apertado e não a soltei durante muitos minutos.

[...]

Estávamos de pé uma de frente pra outra, eu a olhava em expectativa esperando sua resposta. Ela estava tensa, cabeça baixa encarando o chão, brincava com os dedos das mãos em sinal de nervoso.

— Você não vai me dizer, não é? — Questiono e ela me encara, solto um riso nervoso enquanto balanço a cabeça.

— Kara, preciso... — Ela tenta falar mas levanto minha mão, balançando no ar impedindo ela de terminar — Não... não — Negando com a cabeça — Você é inacreditável Lena, não acredito que você vai fazer isso comigo, até horas atrás eu pensava que você não tivesse me procurado e agora eu descubro que você o fez e mais ainda que poderíamos ter recomeçado de onde paramos a oito anos atrás. E você simplesmente não quer me contar o que causou tudo isso. — Franzo o cenho e ela me escuta em silêncio — Isso é muito confuso, Lena! Quem mentiu pra você e que facilmente tirou oito anos de nossas vidas? — questiono nervosa, me aproximando dela — Quem fez isso com a gente? Eu também tenho o direito de saber, fui tão afetada nessa história quanto você, doeu em mim tanto quanto em você.. — falo com a voz embargada e os olhos marejados ela levanta a cabeça e assume uma postura séria, me encarando firme.

— NÃO! — ela diz num tom firme e eu a encaro assustada. — Não estou desmerecendo sua dor Kara, longe disso porque sei o quanto sofremos quando nos obrigaram a nos afastarmos, mas daquele dia em diante a minha dor se tornou muito mais profunda, muito mais dolorida, Kara. E até horas atrás ela ainda estava aqui. — Ela abaixa o olhar.

— Pois então converse comigo, Lena! Coloque essa dor toda pra fora.. — Levo minha mão até seu queixo, levantando seu rosto devagar — Me deixa te ajudar.

Ela começa a chorar e me puxa pelo braço, me abraçando. — Eu quero conversar com você Kara, quero mesmo. — afirma com a voz embargada. — Passo os braços em volta da sua cintura. — Mas não hoje, não aqui e nem agora. — Ela segura meu rosto com as duas mãos e me encara. — Eu não tenho condições emocionais de conversar sobre isso agora, por favor eu peço que você me entenda. Acredito que não seja o momento de fazermos isso, tanto eu quanto você precisamos nos recuperar do que foi essa tarde, estamos abaladas e em choque com tudo que aconteceu. Conversar sobre isso agora só vai nos deixar mais abaladas. — Ela se afasta do abraço, me olha profundamente e leva suas mãos em volta do meu pescoço — Não dá pra resolver 12 anos em uma noite Kara, eu preciso de tempo e você também, sabe disso não é? — Aceno com a cabeça e ela deixa um beijo demorado na minha bochecha.

Say you won't let goOnde histórias criam vida. Descubra agora