Capítulo 5 - Tempo

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Lena Luthor •
Point of view

Apesar de ainda conseguir ouvir a música da festa, a praia estava silenciosa, cruzei meus braços enquanto caminhava devagar pela areia, o vento que soprava estava gelado e balançava meus cabelos. As ondas que chegavam na costa estavam tranquilas, então me aproximei do mar e deixei a água bater nos pés, estava fria, mas continuei caminhando assim, a água indo e voltando para os meus pés.

Encontrei Elisa no caminho, ela me abraçou dizendo que estava tudo bem, porém, Kara tinha ficado bastante nervosa e que tinha aos poucos conseguido acalmar ela. Depois do abraço ela me pediu que depois que eu conversasse e explicasse tudo era pra levar ela até sua casa, pois faria ela dormir lá pra não ter que pegar estrada a noite até a fazenda. Concordei e ela me mostrou a direção da onde ela estava antes e segui o caminho.

O caminho não era longo e quando levantei meu olhar eu à vi sentada na areia, ela abraçava suas pernas enquanto olhava o mar, tinha o olhar distante, alheia a tudo na sua volta. Ela realmente parecia estar mais calma, mas não sei como ela reagiria ao me ver depois de toda cena que aquela mulher aprontou. Por mais que éramos amigas e que eu conhecia muitas coisas sobre ela, é absurdo dizer que sabia tudo, até porque doze anos é muito tempo pra dizer que ela era a mesma pessoa de anos atrás. Ela tem cicatrizes, perdas, outras histórias... Isso com certeza modifica a forma como alguém enfrenta a vida. Eu respirei fundo e voltei a caminhar em direção a ela, agora um pouco mais rápido.

Parei ao seu lado quando estava próxima o suficiente, ela pareceu não me notar, não moveu o rosto e o olhar ainda continua fixo em direção ao mar. Me abaixei devagar, ficando de joelhos e me sentando sobre as pernas, ao aproximar do seu rosto notei as expressões tristes nos olhos e que eles estavam um pouco vermelhos, ela havia chorado. Perceber isso me deixou com mais raiva daquela mulher.

Devagar levei minha mão até a sua e a segurei, trazendo para perto de mim e depositando sobre a minha perna, eu a encarava sem dizer nada, tentando encontrar uma maneira de iniciar aquela conversa, de quebrar a barreira de proteção que nitidamente ela havia colocado. Ela virou o rosto quando notou minha presença mas não segurou o olhar, foi quando soube que não tava tudo bem.

— O que está fazendo aqui, Lena? — a voz saiu rouca e tinha vestígios da raiva que ela sentiu minutos atrás, fechei meu olhos e respirei fundo. Eu não tinha culpa de nada do que aconteceu, eu nem sabia que aquela mulher estava na festa. Mas talvez do ponto de vista dela, eu tenha.

— Como assim o que eu estou fazendo aqui? Eu vim conversar com você! Esclarecer as coisas. — ela puxa sua mão e afasta o contato entre nós, abraçando suas pernas novamente.

— Esclarecer o que exatamente? O quanto você estava sorrindo quando Diana te abraçou? Tudo o que eu vi foi o suficiente. Não quero conversar, Lena. — as palavras saíram secas e eu respirava fundo para não perder a paciência com aquela opinião já formada dela.

— Sorrindo? Você não pode estar falando sério, Kara! — questiono incrédula, não acreditando que ela possa estar pensando que eu estivesse feliz com tudo aquilo.

— Olha, você não tem que me dar explicações com quem você fica ou não, tá legal? — ela aperta os olhos enquanto falava, enxugando algumas lágrimas teimosas e eu negava com a cabeça pelo rumo da conversa. — Nós não estamos em um relacionamento, nem nada do tipo, não posso exigir nada de você.

— E mesmo assim eu ainda estou aqui, tentando conversar com você. Mas você não foi capaz de olhar pra mim, Kara. — minha voz saiu com um tom de decepção, eu encarava seu rosto sem desviar os olhos. — Achei que você me conhecesse o suficiente pra saber que eu jamais faria esse tipo de coisa com você ou com qualquer outra pessoa. Nos beijamos, estávamos juntas na festa e isso tinha um significado pra mim. Eu jamais ficaria com qualquer outra pessoa estando com você. — apoiei minhas mãos sobre a areia e peguei impulso pra levantar, tirei o excesso de areia do vestido e voltei meu olhar para ela que agora me olhava. — Eu estava sorrindo porque pela primeira vez em anos eu estava feliz, estava rodeada dos meus amigos e estava com você, Kara! Com você! — uma pequena lágrima desliza pelo meu rosto.

Say you won't let goOnde histórias criam vida. Descubra agora