Eternamente

Capítulo XVII - Cobras

Sentia-se estranha, afinal, o que esperava da sensação de ser erguida aos céus e ir retornando dele tão gradativamente? Ele ainda estava ali ao seu lado, seu calor ainda emanava em sua pele, os braços se prendiam ao seu redor e desde então, ela soube que ali era o seu lugar, no qual estaria protegida de tudo e de todos, quanto tempo havia demorado para entender que Sasuke era a pessoa em quem encontrava-se? Mesmo que de maneira tão distinta.

Podia sentir os dedos dele percorrendo sua espinha nua, era um toque bom, cócegas misturadas com ternura, quando imaginou que aquele rapaz tão sério e carrancudo seria tão doce e quente sobre o seu leito?

Aos poucos, a realidade foi voltando à si, ele mexeu-se abaixo dela, querendo levantar-se e não o atrapalhou, limitou-se a imitá-lo, agora as roupas estavam apenas úmidas, o calor e o tempo incontável que haviam passado juntos trataram de desencharcá-las. Ele a olhou com aquele par de olhos que faziam o seu mundo girar em torno deles e a puxou para mais um beijo calmo, depois da torrente de amor que tinham compartilhado.

― Nos vemos mais tarde. ― não era uma promessa, mas tinha o peso de uma.

Não conseguiu responder, apenas abriu um sorriso e perguntou-se o quão boba deveria parecer naquele instante, mas assim que ele se retirou e ela o seguiu pouco depois, tomando um rumo diferente, uma sombra de incertezas se abateu sobre si: havia terminado recentemente seu compromisso com Naruto de maneira polêmica e agora tinha se deitado com Sasuke, que apesar de tudo, não era muito acessível para uma mera camponesa de outra aldeia, Fugaku deveria impor um casamento com uma das moças nativas, assim como foi com Itachi, mas ele e Izumi se amaram desde o primeiro instante.

E por falar na alegre Izumi, assim que cruzou as paredes da casa dos Uchiha e pôs-se a lavar o seu corpo, ela surgiu com um olhar desconfiado como sempre e ficou fazendo várias perguntas sobre sua aparência, dizia que "tinha algo diferente nela", embora não soubesse precisar o que. Deveria ser a mudança, já que agora não era mais uma moça e sim, uma mulher.

― Vamos até a casa da senhora Ygrit, irei provar o vestido da cerimônia! ― Izumi parecia ainda mais empolgada do que o normal, também pudera, seu casamento estava cada vez mais próximo.

Conversavam enquanto caminhavam para a saída da casa, mas Sakura estacou no lugar em que se encontrava ao ver a figura que se aproximava, junto de outros moradores do condado, rumo à sala em que Fugaku atendia as solicitações. Jamais esqueceria o olhar superior, os olhos verdes mais foscos do que os seus próprios e a pose esguia.

― Aslaug.

― Quem? ― Izumi questionou perdida.

Por sorte, ela não tinha visto Sakura, apenas caminhou confiante para a sala, onde aguardaria sua vez, o que a mulher planejava, afinal?

― A mulher de quem lhe falei está aqui, se dirigiu para a sala do senhor Fugaku.

― Não me diga que... O que está fazendo parada aí, Sakura? Ela deve estar aqui pelo Sasuke, vai deixar ela se aproximar assim do seu homem? Vamos lá espreitar o que esta cobra está tramando. ― imediatamente, sentiu-se sendo arrastada pelo pulso e colocaram-se em um ponto mais afastado da sala, na qual Aslaug não poderia vê-las prontamente.

Fugaku estava sentado na grande cadeira de ferro puro e Mikoto permanecia de pé ao seu lado, a mulher finalmente vinha participando mais das rotinas de suas terras, agora que tinha de volta a vitalidade por ter a sua família completa novamente. Esperaram ansiosamente os relatos de camponeses mais simples e quando a mulher se pôs diante deles, trajava uma calça marrom e um camisão verde oliva por cima, seus olhos perspicazes amaciaram, diante das perguntas do Conde:

― Não pertence à nossas terras. Quem és e o que desejas aqui?

― Meu nome é Aslaug Firehood, sou uma assassina de recompensas. Vim à procura de Sasuke, eu servi a ele no confronto com os Hatake, mas a minha lealdade pertence unicamente àquele senhor. ― disse docemente, enquanto fazia uma mesura ao casal.