Capítulo XXI - Os ingleses

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Sua reação inicial não pôde ser outra, afinal estava cercada por pessoas mascaradas que ela aprendeu a temer desde o ataque aos Hatake. Eram os peões de Kabuto que tinham envenenado parte dos membros da Aliança e que quase tiraram a vida de Sasuke. Sua mente retornou à cena anterior, era tudo como um sonho irreal, de forma que no presente momento, tinha dúvidas se tudo aquilo havia realmente acontecido ou não, afinal de contas, o homem que a salvou diversas vezes e com o qual compartilhou um dos mais lindos sonhos de amor tinha realmente a lançado sobre um cego precipício.

E então, lá estava Sakura diante do desconhecido, ou seria do perigo? Após recusar a oferta de água, as pessoas não pareceram vexadas, ao invés disso, uma figura menor, aparentemente feminina, jogou uma manta pesada sobre o seu corpo encharcado, que encolheu-se sem hesitar, apreciando a superfície macia e quente sobre a pele gélida. Pôs-se a olhar melhor ao seu redor: estava em uma embarcação relativamente pequena, as vigas de madeira que compunham o barco estavam gastas devido ao tempo. Sob a luz de um candeeiro, as figuras mascaradas se revelavam como assombrações, os objetos que escondiam seus verdadeiros rostos eram compostos de madeira e os formatos eram os mais variados possíveis, pois pareciam representar diferentes emoções humanas, algumas se mostravam felizes, outras tristes e irritadas, eram como ferramentas de uma encenação em algum ritual antigo.

Procurava conter os tremores de seu corpo, quando o grupo começou a dialogar entre si, não fazia a mínima ideia do que estavam dizendo, mas foi o bastante para perceber que havia apenas duas mulheres, entre o total de oito pessoas. Sentindo-se extremamente nervosa, Sakura até pensou em saltar do barco, porém sabia que seria tolice, já que em sua queda anterior, quase se afogou. Após uma sequência de diálogos abafados e confusos, ambos se voltaram a ela, um dos homens ordenou algo em alto e bom tom e em seguida, todos os outros se dirigiram aos remos do barco, começando a trabalhar arduamente.

Sem deixar a apreensão de estar cercada de supostos estranhos e inimigos dentro de uma embarcação, Sakura permitiu voltar suas lembranças novamente para o ocorrido com Sasuke, de modo que, suas ações ainda não lhe faziam o menor sentido, embora duvidasse com todas as suas forças de que o Uchiha teria se aliado novamente à corja de Kabuto e Orochimaru.

Devia ter passado algum tempo em suas reflexões, pois só voltou a si quando o barco atracou e uma das mulheres de antes a ajudou a se reerguer, era surreal pensar que aqueles eram mesmo os mascarados aliados de Kabuto, visto que até aquele instante vinham sendo no mínimo gentis consigo, o que provavelmente mudaria caso descobrissem que na verdade, ela estava do lado oposto da guerra.

A mulher ainda segurava-lhe o braço quando se encontraram em terra firme, na praia de areia escura, sob o céu de estrelas que começava a se formar, Sakura apenas orava mentalmente para que aquele não fosse o seu fim. Caminharam por cerca de dois quilômetros mata adentro até chegarem a um acampamento, que se assemelhava aos montados pelo seu povo em expedições, no entanto havia uma grande diferença: o silêncio e sossego, cantigas não eram ouvidas, bem como o tintilar de cones de hidromel e as risadas cúmplices de grandes guerreiros, era apenas um bando de pessoas discretas e silenciosas, que acendiam fogueiras enquanto colocavam algum mamífero para ser assado.

Engoliu em seco ao constatar que agora os oito inimigos eram pouco mais de trinta, ou seja, se já estava em uma grande enrascada antes, naquele instante sentia como se sua vida estivesse por um estreito fio de esperança.

Cerca de quatro barracas de pano e madeira espalhavam-se pelo solo infértil e no centro, destacava-se uma maior entre as demais, foi para lá que se dirigiram.

No interior, sentado sobre um amontoado de tecidos e peles, se encontrava uma figura masculina que bebericava algo num cálice cor de bronze. A mulher anunciou algo ao homem, que em toda a sua pose, parecia ser o líder daquele povo. Era uma figura mais madura, os cabelos eram acobreados como os raios de sol no verão ardente e os olhos eram de um verde muito mais sóbrio do que os de Sakura eram.

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