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- O Stenio fez o que? - Heloísa respirou fundo, se levantando de sua mesa.

- Roubou sua cliente. - Olivia falou rapidamente, com medo que a chefe cometesse um crime de ódio.

Heloísa bateu com a mão em cima da mesa de vidro, com ódio.

- Ah, mas se ele acha que vai ficar por isso mesmo, ele tá muito enganado. - Ela riu, com ironia. - Mas não vai mesmo.

Deu a volta na mesa e saiu desfilando pelo corredor, até chegar na sala dele. Ignorou a presença de dona Lena, que tentava avisá-la que não poderia entrar quando bem entendesse, ela devia avisar o chefe primeiro.

Stenio levantou o olhar, assustado, assim que ela entrou. Fez um gesto para Lena, que corria atrás da outra advogada, mostrando que não precisava se preocupar e cuidaria daquilo.

Estava num canto escolhendo qual disco iria deixar tocando na vitrola enquanto trabalhava. Não conseguia se decidir entre dois em específico. Ele sabia que ela viria, mas não sabia quando. Ainda não havia terminado de preparar o discurso que faria pra fingir que não foi proposital o fato de ter roubado um cliente dela.

A competição deles era antiga. Sabiam que os associados escalavam cada vez mais dentro da empresa, até se tornarem gerentes do escritório e, finalmente, terem seus sobrenomes na parede do escritório.

- Eu vou te falar isso uma vez, e eu vou falar bem devagar, que é pra você entender. - Ela foi se aproximando, apontando o dedo na cara dele.

Stenio não reagiu. Olhou para ela com os olhos pidões como se fosse um cachorro abandonado caído do caminhão de mudança, assustado. Sabia que se quisesse conquistar Helô, não podia bater de frente.

- Helôoo! - Ele sussurrou com um tom de voz amigável, antes de dar um sorrisinho.

Ela ameaçou bater nele, e ele riu, se esquivando para trás.

- Eu vou acabar com você, Stenio. Acabar. Com. Você.

Ela foi se aproximando.

- Você não perde por esperar. Se você acha que você acabou com alguma coisa pra mim, meu querido, você está é muito enganado. - Ela riu forçadamente. - Você roubou uma cliente minha? Ótimo. Pode ficar, que faça bom proveito. Mas não venha no meu escritório chorando quando eu tirar de você absolutamente tudo o que você tem, e pior, tudo o que você quer ter.

Stenio riu leve, e andou na direção dela.

"Tudo que eu quero ter.. Tipo você?"
O advogado se segurou para não falar.

Heloísa parou de apontar o dedo para ele, e deu um passinho para trás tentando se esquivar quando notou que ele estava perto demais. A olhava nos olhos.

- Meu Deus, o que eu fiz pra despertar toda essa ira, doutora Heloísa?

Heloísa se perguntava se ele sabia.
Não era possível, ele tinha que saber. Toda vez que ela o confrontava, ele fazia isso. Jogava seu chame e sedução para cima dela. Heloísa tinha a teoria de que ele podia sentir o tesão que causava nela toda vez que fazia isso. Os pensamentos raivosos sempre costumavam nebular e se misturar com a pergunta de como seria se transassem.
E pior, como seria se transassem num acesso de raiva dos dois, o que era rotineiro.

E toda vez, o raciocínio deles não se concluía. Precisavam deixar de lado essa atração física um pelo outro em prol de continuar a briga.

- Você sabe muito bem o que você fez, doutor Stenio.

Deu um passo na direção dele, afim de confrontá-lo. Não iria se encolher nem se sentir coagida, só pela lábia dele.

- Por que você não me explica?

suit and tieOnde histórias criam vida. Descubra agora