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- Fica pra tomar café, Helô! - Creusa insistiu.

- Não posso, Creusita. Depois que o Stenio bateu em um funcionário eu realmente tenho que correr pra aquele lugar antes que sejamos retalhados. Eu tenho que conter os estragos agora..

A mulher se apressava pegando a chave do carro, abraçando as pastas, pendurando a bolsa no ombro.

Entrou no carro às pressas, e dirigiu até a empresa mais as pressas ainda. Porém, não conseguiu chegar rápido devido ao trânsito.
Ao chegar lá, foi direto para sua sala. Stenio esperava por ela, com um frappuccino de avelã sem chantilly na mão esquerda e um saquinho na direita.

- Bom dia. - Ele disse.

- Bom dia.. - Respondeu, a contragosto. Ainda estava chateada com ele, mas precisava ser formal por conta do trabalho. E também estava grata pelo que ele havia feito ontem que, quer queira quer não, enviou uma mensagem a todos do escritório.

- Pra você. - Ele colocou a bebida na frente dela, e ela notou que tinha um croissant de queijo dentro do saquinho.

- Como você sabe que eu não tomei café da manhã? - Ela cerrou os olhos, pensativa. - Creusa. - Concluiu.

- Você não me atende mais, eu precisei conseguir o número da sua casa.

- Já mandei ela não te atender e não abrir a porta pra você. Como você conseguiu conquistar ela tão rápido? Ela não gostava de você até ontem!

- Ela sabe a verdade, oras. Percebeu que eu só quero teu bem. Ela me contou que você passou a noite virada preocupada com o que ia acontecer aqui..

Stenio se sentou na mesa dela, de frente para a advogada que estava em sua cadeira. Ela ignorou as coisas que ele havia trazido de café da manhã.

- Você não precisa nunca mais ficar com medo de algo acontecer com você, entendeu? - Ele acariciou o rosto dela com o polegar. - Se eu estiver com você, nada vai acontecer.

Heloísa afastou o rosto, rejeitando o toque dele.

- Você realmente acha que ele vai deixar barato? Stenio, eu preciso mesmo te explicar o quanto o que aconteceu aqui foi errado em tantos níveis? Pô, estar grata não muda a minha visão lógica de que foi absurdo.

- Eu sei disso. Mas eu preciso que você confie em mim. Você confia em mim?

Heloísa riu com ironia se lembrando da mentira sobre a cliente. Balançou a cabeça negativamente quando começou a de fazer os mesmos questionamentos e confusões.

"ele não era seu namorado"
"ele tem direito de estar com quem quiser"
"vocês nunca prometeram exclusividade"
e outras coisas mais.

- Confia em mim. - Ele pediu, pegando a mão dela. - Eu já tomei conta de tudo. Você já me viu errando aqui dentro desse escritório? Eu jamais deixaria pontas soltas, e você sabe disso.

- Stenio, eu to com medo. Eu vou precisar de mais informação do que esses votos de confiança.

- Não quero que você saiba pra não te comprometer.

-1 Fui eu quem te coloquei nessa bagunça, pra começar. Estamos juntos nessa ou não estamos juntos nessa? - Ela perguntou.

Stenio suspirou.

- Certo. Ameacei ele.

Ela riu ironicamente, se levantando.

- Agora sim, tá bem melhor! - Fingiu.

- Ele sabe que se me denunciar, nunca mais vai conseguir emprego em escritório nenhum. Isso, e consegui um estágio pra ele por fora. Sem contar as testemunhas.. Os outros estagiários não teriam coragem de abrir a boca contra nós. Qual é, Heloísa. Somos o escritório mais famoso e renomado do Rio! Quer dizer.. Do Brasil!

Ela suspirou.

- E se.. Eles enxergarem isso como um passaporte pra me desmoralizar? Pra acabar com a empresa. E se eles resolverem se unir contra mim?

- Não vão fazer isso.

Ela balançou a cabeça negativamente, preocupada.

- Olha pra mim. - Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, fazendo com que ela olhasse em seus olhos.

Heloísa percebeu que fazia alguns dias que não fazia isso. Não o tocava, não o olhava, muito menos nos olhos, como costumavam fazer quando transavam. Sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo, bem como uma pontada no coração. A saudade doía.

- Eles não são doidos de se virarem contra mim, porque eles sabem o meu tamanho. O seu tamanho. O tamanho dessa empresa aqui. Isso, e estou providenciando pequenos detalhes que façam com que eles percebam que estão melhores estando do meu lado do que contra mim. Efetivação, salário bom.. Fica tranquila. Eu te falei, eu nunca deixaria nada acontecer com você. Eu não vou deixar. Nunca.

Ela engoliu a seco, olhando para ele.

- Confia em mim. - Ele pediu, mais uma vez. - Fica tranquila, confia em mim. De olhos fechados, confia. - Ele suplicava.

Ela assentiu.
Se afastou dele, porque sentia seu coração acelerado.

- Se alguma coisa der errado..

- Não vai dar. Eu não deixo.

Ela balançou a cabeça negativamente tentando segurar o sorriso que queria abrir por ele estar tão protetor. Ela realmente confiava que tudo iria ficar bem.



Ela chegou em casa exausta.

- Creusa?? - Ela perguntou, deixando sua bolsa e pastas em cima do sofá. - Creusita? - Estranhou. As luzes estavam apagadas.

A mesa de jantar tinha louça para dois. Algumas velas acesas, um buquê de rosas vermelhas, a garrafa de vinho que ela normalmente tomava com Stenio. My Valentine tocava ao fundo.

Ela olhou ao redor, tentando entender o que estava acontecendo. E então ele apareceu, segurando duas taças de vinho.

- Hmm.. O que é isso? - Ela já foi perguntando, bravinha. Franzia o cenho, e estava pronta para mandá-lo para fora.

- Tudo isso.. - Ele foi se aproximando dela. - É pra brindar a nova chefe da Guerra Alencar.

O olhar dela mudou ao ver que ele estava comemorando com ela.

- Se eu convidasse você pra jantar você não ia então eu trouxe a festa pra cá. Me deixa festejar a tua conquista.

Ela ficou olhando para ele, visivelmente abalada. O peito subia e descia mais forte mostrando cada movimento. Inspirava, expirava. E era só isso que sabia fazer. Não sabia muito bem o que dizer, nem fazer. Ela agora segurava a taça de vinho que ele deu na mão dela.

- Ninguém torce mais do que eu por você. Ninguém tem maior orgulho do que eu.. Pelas tuas conquistas. Tim tim? - Ele ofereceu, dando um sorrisinho com o canto direito do lábio, aproximando a taça a dela.

Heloísa mordeu o lábio inferior, suspirando. Levou a taça até a dele.

- Tim. - Bateu a taça na dele. - Tim. - bateu de novo.

Beberam ao mesmo tempo, com o olhar fixo um no outro.

- Não pensa que eu engoli. - Ela deu uma dura nele, dando alguns passos em direção a mesa, porque estava com fome.

Ele riu baixinho assim que ela deu as costas, e ficou observando o corpo dela naquele vestido. Ela estava linda.

suit and tieOnde histórias criam vida. Descubra agora