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- Quando eu acordei ela já tinha ido embora

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- Quando eu acordei ela já tinha ido embora.. - Ele falou baixo, através da chamada de vídeo.

- Moscou. - Moretti acusou.

- Ah, vai se foder. Meu corpo tá todo dolorido de tanta força que eu fiz. - Stenio riu sozinho. - Eu precisava descansar. Tava exausto. Ela quem não deveria ter fugido.

- Assustou a garota. - Moretti gargalhava. - Foi bom como você imaginava?

Stenio ficou em silêncio, encarando o chão.

- Puta merda. Apaixonou? Porra. Não acredito. Não fode!

- Cara, vou perder o horário do café da manhã do hotel. Tenho que ir. Te ligo quando tiver novidades. - Ele meteu o dedo no botão de desligar a ligação, e respirou fundo. - Eu me fodi. - Murmurou para si mesmo.



- Você tá bem? - Ele pegou o braço dela no meio do escritório.

- Sim, por que? - Ela franziu o cenho encarando a mão dele no braço dela.

Fez um movimento, se soltando.

- Eu acordei e você não tava mais no meu quarto. Fui tomar café e você já tinha saído. Não te achei no hotel.. - Ele se explicou, com uma voz doce e suave. Queria mostrar pra ela que a tinha procurado. Que queria mais.

- Matthew me ligou convocando uma reunião cedinho então eu peguei um táxi. - Ela explicou. - John tá te esperando no segundo andar, sala de reuniões. - Ela checou o relógio. - Você tem cinco minutos.

Deu as costas e continuou caminhando pelo corredor. Stenio processou toda a frieza dela. Ficou um tempo parado, observando enquanto ela se afastava. Engoliu a seco, e foi trabalhar.


Ela o evitou o dia inteiro. Não almoçaram juntos, não trocaram outras palavras que não as de trabalho. Ela não voltou pro hotel com ele, ficou trabalhando até mais tarde.

- Ok, preciso conversar. - Ele ligou para Moretti de vídeo de novo.

- Late.

- Acho que ela tá me evitando. E eu to ficando chateado. - Era visível. Moretti reparou que o amigo estava triste, só pelo tom de voz, olhar e falta de empolgação pra falar. Stenio não era assim.

- Você achou que ela ia acordar hoje te dando um beijo? - Moretti riu, tirando sarro do amigo.

- Não sei o que eu pensei. Mas pensei que fosse ser diferente, né? Ela literalmente tá me ignorando e agindo como se nada tivesse acontecido.

- Você acha que ela ia fazer o que, cara? - Moretti perguntou, como se fosse óbvio. - É a Helô! Eu não sei em que espiral você entrou ontem a noite, mas sexo não muda a relação de vocês. Vocês ainda trabalham juntos, vocês ainda competem por uma vaga. Ela experimentou, e vai ver nem gostou.

Stenio arregalou os olhos.

- Ela não gostou! - Teve uma epifania. - Meu Deus, é isso. Ela não gostou. Ela odiou. Ela achou ruim. Será que foi ruim? Cara, é impossível ter sido ruim. - Ele ficou pensando sozinho. - Ou será que é possível? Será que eu fiz algo que ela não gostou? E agora ela me odeia ainda mais. Puta que pariu. - Ele apoiou as mãos no rosto, cobrindo o mesmo, pressionando os olhos.

Moretti gargalhava do outro lado da chamada.

- É, garanhão. Não é porque foi incrível pra você que foi incrível pra ela.

- Eu esqueci completamente disso. Achei que estávamos sintonizados. Quer dizer, porra.. Foi a melhor noite que eu já tive.

- A melhor? - Moretti se surpreendeu.

- Sim. Disparado.

- Caralho. Bom, então você deveria abrir uma garrafa de vinho, se embebedar sozinho e chorar ouvindo alguma música triste. Provavelmente Adele. Porque cara.. Você tá fudido.

- Muito.

- Sinto muito que não tenha dado certo com sua mulher dos sonhos, cara. Assim que você chegar aqui, te levo pra tomar uma e esquecer disso.

Stenio sorriu leve com o gesto do amigo.

- Valeu. Daqui uns dias eu to aí, finalmente. Obrigado por me ouvir.

- Tamo junto. Qualquer coisa liga, to adorando me envolver nas fofocas.

Stenio riu antes de desligar.
Seguiu o conselho do amigo, e abriu uma garrafa de vinho sozinho. Logo, a segunda.

E quando estava bêbado o suficiente, bateu na porta do quarto de Heloísa.
Ela foi até a porta, e se escorou ali, ouvindo o que ele tinha para dizer do corredor. Não iria abrir.

- Helô... - Ele encostou a testa na porta. - Abre pra mim. - Ele pedia, encostando a mão ali. Suspirou.

Ela encostou a cabeça na porta, para ouvir.

- Não sei se você odiou nossa noite. Eu achei incrível cada minuto com você. Mas entendo que você possa não ter sentido o mesmo.. Me desculpa.

Ela fechou os olhos ao perceber que ele estava bêbado.

- Você é uma mulher incrível e eu nem sei onde eu errei. - Ele riu leve, frustrado. -
Que merda. Eu esperei tanto pra te ter, e agora você nem abre a porra da porta.

Ela ficou em silêncio dentro do quarto.

- Me deixa fazer de novo. Quem sabe eu acerte agora..

Heloísa apoiou a mão no rosto, segurando sua risada. Ele bêbado era engraçadinho.

- Eu odeio você. - Ele vociferou, do outro lado da porta. - Odeio você. - Falou pausadamente.

Ela parou de rir, ouvindo.

- Odeio esse teu beijo delicioso. Essa boquinha gostosa. É covardia comigo ter me deixado experimentar e agora nem olhar na minha cara, tá?

Ela riu e mordeu o lábio inferior, ouvindo.

- Odeio que me dá calor só de lembrar de você sem roupa. Que teu corpo tá tão presente em mim que se eu fechar os olhos por tempo suficiente é como se conseguisse tocar. - Ele engoliu a seco, dando uma pausa. - Que meu quarto tá infestado com o teu cheiro. Ele tá na porra do meu travesseiro, Heloísa, na porra do meu lençol. Eu te odeio, muito. Até a banheira você estragou, eu gosto de banho de banheira! E agora o que? Eu tenho que fingir que não te toquei? Que merda. - Ele suspirou. - Golpe baixo, tá? Você já tinha vencido a última na empresa. Fazer isso comigo a nível pessoal é coisa de gente ruim. Eu sei que você gosta de me atormentar, mas agora você tá de parabéns. Me atormentou pra sempre, e eu nunca mais vou ter paz.

Ela encostou na maçaneta.

- Foda-se. Você deve estar dormindo. Eu vou fazer isso também. - Ele respirou fundo, encostando na porta, fazendo carinho. - Me deseja sorte pra te esquecer.

Ele se foi.
E ela escutou a porta dele trancar do outro lado do corredor.

- Boa sorte pra nós dois. - Ela sussurrou para si mesma.

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