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- Pera aí, volta a fita. - Moretti ria do outro lado do telefone. - Você despachou ela porque ficou com ciuminho, Stenio?

- Não "despachei". Só não tentei nada ao chegar aqui, e agora ela tá lá no quarto dela e eu no meu. - Ele falava baixo, no telefone, com receio de ela ouvir. - Ah, fala sério. O Oto? Sinceramente.

Ele apoiava o celular no ombro direito enquanto se desfazia da camisa. A pendurou em cima da poltrona no canto do quarto, junto com o terno e a gravata.

- Ela tá te pilhando, porra. E o pior de tudo é que você cai na porra da pilha! Você tá muito draminha, Stenio. Não to acreditando nisso. Senta aí, chora meia hora por ciúmes, depois bate no quarto dela. Ela tá te provocando não é pra você desistir, não. É pra bater lá e foder ela tão forte que você faça com que essa respostinha meia boca dela mude automaticamente de "eu ficaria com o oto" pra "quero dar pra você de novo".

Stenio bufou, espremendo os olhos com a mão direita, enquanto segurava o celular com a esquerda.

- Ela tira o pior de mim. Caralho. Ela me irrita com.. Uma facilidade. Que tinha que ser estudada pela NASA.

- E nem assim você sai do lugar, como que pode? - O amigo não conseguia parar de rir. - É isso mesmo que ela quer, acabar com sua paz. E o pior é que ela tá conseguindo.

Ele se desfez dos sapatos sociais e a meia, abrindo o cinto.

- Mas até aí, tranquilo. Eu sei que ela também não está tendo paz. E eu nem to me esforçando tanto assim. É meu talento natural.

Ficou com o cinto em mãos, enquanto zanzava pelo quarto, conversando com o amigo.

Ele ouviu umas batidas na porta. Tinha pedido uma toalha de banho extra. Se levantou e foi até a porta, abriu, e deu de cara com ela.

- Moretti, tenho que desligar. - Ele disse, sem tirar os olhos de Heloísa.

- É ela?? - Ele perguntou, apavorado, do outro lado do telefone.

- É... A Helô tá aqui. Vou ver como posso ajudar, e já te retorno.

- ASSIM QUE ELA SAIR DAÍ VOCÊ ME LIGA. PEGA ELA! SE NÃO PEGAR, NEM ME LIGA. DELETA MEU NÚMERO.

- Tá bem, tchau. - Ele desligou, segurando o riso, mas não conseguindo escondê-lo por completo. - Oi? O que foi?

- Amm.. O carregador do meu celular parou de funcionar. Me empresta o seu? É só o tempo de eu comprar outro amanhã.

- Ah, claro. Entra aí. - Ele deu espaço.

Heloísa ainda estava com a roupa da festa, porém descalça. Ele largou o telefone e o cinto em cima da mesa, e ficou pela sala de estar, procurando pelo carregador.

- Caracas.. Não lembro onde deixei. - Ele olhou ao redor, meio perdido. Colocou as mãos na cintura, pensativo.

Franziu o cenho, tentando se lembrar de onde havia usado o objeto por última vez.

- Só você pra se perder na própria bagunça.. - Ela revirou os olhos, sem paciência.

- Tá reclamando demais, ajudando de menos, doutora. Quem tá precisando do negócio é você, não eu.

- Por que você é tão grosso comigo, ein? - Ela andou até ele, enquanto o encarava.

- Você que é folgada! To te ajudando, e ainda ouço uma dessa? Você sai falando as coisas sem medir as palavras, depois sou eu quem exagera nas reações? Me poupe.

Heloísa cerrou os olhos.

- Isso não parece ser sobre o carregador. Tá incomodado com o que, hein, doutor?

suit and tieOnde histórias criam vida. Descubra agora