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- O que eu estou te dizendo é que você não presta atenção, pô! - Heloísa brigava com ele. - Sabe? Parece que eu to aqui há horas explicando a mesma coisa e você nem sequer tá escutando. Depois vem e me faz essas perguntas burras! Sendo que eu já falei!

- Porra, é muita informação! Eu to prestando atenção, te juro! Mas to aqui há algumas horas e tem um milhão de detalhes e de problemas.

- Eu disse pro Dante que você não era capaz de cuidar disso.

- Alto lá. - Ele ameaçou.

Heloisa respirou fundo, tentando encontrar paciência. Stenio desviou o olhar por um segundo.

- Porra, já amanheceu. - Ele se chocou. Pegou o celular do bolso, e viu que já eram seis e vinte e seis da manhã. - E você me chamando de burro. Sinceramente, Heloísa? Virei a noite aprendendo sobre um caso que você levou meses pra entender, e é assim que você me agradece?

- Mentira? - Ela se aproximou dele, tentando enxergar o visor do celular. Apoiou as mãos na coxa do advogado que estava sentado na mesma posição, no chão da sala. - Caralho. A hora passou voando. - Ela passou as mãos pelo cabelo, preocupada.

Ele tentou não se excitar com o toque.

- Tudo bem. Vamos dormir no avião. - A acalmou com simplicidade.

Ele deixou a taça no móvel de centro e se levantou, esticando as mãos para ela.

- Vem. - Convidou.

- Eu? Ir com você? - Disse, em tom de deboche.

- Vamos tomar café da manhã e vamos pro aeroporto, majestade. Lembre sempre que eu também não gosto de você, mas se temos que fazer isso, vamos fazer juntos. Pelo bem do Dante.

Ela revirou os olhos, e pegou as mãos dele. Deixou que ele a levantasse sem muito esforço.

- Estou fazendo isso pelo Dante. - Ela afirmou.

- E por que mais seria? Pega suas malas, e coloca no meu carro.

- Com licença? - Ela ergueu a sobrancelha esquerda. - As malas estão no meu quarto. Você pega, você coloca no seu carro.

Stenio gargalhou.

- Ah, agora tenho permissão pra entrar no quarto da princesa? - O tom de ironia não o abandonava. - Ótimo. Vamos logo.

Levou tudo para o porta-malas, e a apressou para colher os documentos e entrar no carro de uma vez. Heloísa brigou com ele para isso também, visto que ele a apressava e ela não gostava de ser apressada.

- Só to dizendo que a gente pode tomar café da manhã no aeroporto. Ou no avião. Sei lá, tanto faz. Se eu esquecer algum documento por sua culpa, juro por tudo que eu..

- Tá tá tá. - Ele a interrompeu. - Chega, já deu tempo.

Estacionou na padaria favorita dela.
Desceu do carro, irritado, e bateu a porta.

- Como é insuportável, meu Deus. - Revirou os olhos, tentando se concentrar. - Me dá paciência, senhor. Sabedoria para seguir em frente nessa caminhada. - Encostou uma mão na outra como se estivesse rezando.

Sentiu uma bolsada no braço direito.

- Ai ai. - Apoiou a mão em cima do local que doía.

- Entra logo. - Ela mandou, empurrando ele.


Ele observou Heloísa se tremendo de frio do lado dele no avião, e riu baixo. O pescoço também estava todo desconfortável na almofada que a companhia aérea oferecia.

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