Helô acordou as 06 da manhã como de costume, mas dessa vez não foi com o despertador. Ouvia vozes em casa, vozes altas, rindo. Se levantou, ainda meio sonolenta. Passou as mãos pelo cabelo e colocou as pantufas. Andou pelos corredores, tentando entender o que estava acontecendo.
Se deparou com Stenio todo vestido de social, pronto para o trabalho, fazendo panquecas aos lados de Creusa. Ele estava com a camisa social de cor ciano, que ela amava.
- E daí você bota frutinhas em cima, entendeu? A Helô adora com mirtilo e framboesa, entao essa aqui é dela. - Ele ajeitou as frutas num formado de coração. - Já eu gosto com amora, mas da pra brincar. Banana também fica muito gostoso. - Ele cozinhava com o pano de prato no ombro direito. - E dá pra misturar tudo de uma vez também.
- O que significa isso aqui? - Ela perguntou, ofendida, olhando ao redor.
- Doutor Stenio veio te dar carona pro trabalho hoje, Donelô! - Creusa disse sorridente. - Ele trouxe até essas flores aqui, veja só. O seu pãozinho favorito fresquinho também.
Heloísa pegou o buquê que Creusa havia lhe dado. Levou até a lixeira e jogou no lixo de uma vez.
- Fora da minha casa. - Ela mandou.
Stenio deu a espátula para que Creusa terminasse de fazer as panquecas.
- Qual é, nós precisamos conversar.
- Eu não sei você, mas eu não preciso de nada, meu querido. Eu preciso que você vá embora pra eu poder me arrumar e ir trabalhar, só isso. Some. - Ela abriu a porta da sala e apontou para fora.
- Fala sério, Helô. Pra que toda essa animosidade contra mim? A gente pode resolver isso conversando. Eu vim te pedir desculpas.
- Desculpas não aceitas, tchau. - Ela o empurrou para fora da casa e fechou a porta em sua cara.
Ouviu enquanto ele batia ali.
- Qual é, Helô! A gente tava se dando tão bem! - Ele gritava lá de fora, tentando conseguir sua atenção.
- Oxi. Um homi tão bonito desse, tão carinhoso, tão atencioso. Te trouxe flor, te fez café da manhã.. Ia te dar uma carona, mulher. Deixe de ser ruim.
- Eu não quero esse homem aqui, você entendeu? Da próxima vez, não libere. Eu vou avisar o porteiro e os seguranças do condomínio que não quero ele aqui.
Ela bufou, voltando para seu quarto, e indo tomar banho.
Dante foi para o escritório. Conversou com Stenio, e eles resolveram pegar mais leve no plano de impedir os pro bonos de Helô. Ambos queriam que ela assumisse a direção de tudo, mas Dante percebeu que ela estava precisando de mais carinho do que qualquer outra coisa naquele momento.
Ele verificou os clientes, deu as dicas para que o mais jovem seguisse adiante com os contratos sozinho. Heloísa viu quando Danielle chegou e cumprimentou Stenio com um beijo no rosto, e ele a recebeu todo sorridente levando a mulher para o escritório de Moretti. A última parte não tinha sido percebida por Helô.
- Chega. Isso termina agora. - Ela andou até Olivia. - Convoca uma reunião no salão principal, agora. Eu quero todos os funcionários lá, até o pessoal da limpeza.
- Mas Dona Helô..
- Agora. Eu to mandando. Absolutamente todo mundo vai largar o que está fazendo agora e vai pra essa reunião, você tá me entendendo, Olivia?
Olivia assentiu, intimidada pelo jeito mandão e acertivo da chefe.
- Sim, senhora. - Ela passou a digitar no telefone e logo a empresa toda se comunicou. Em questão de dois ou três minutos se podia ver a movimentação pelos corredores. Absolutamente todo mundo ia para a mesma direção.
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