Capítulo 56

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Ana Luiza 💋

Assim que os meninos saíram de casa eu continuei com o mesmo aperto no peito, mas orei e pedi a deus que nada de ruim acontecesse com nenhum deles.

Júlia havia arrastado eu e as meninas para o antigo quarto dela, segundo ela não queria passar horas no mesmo lugar que eu e o irmão dela transava, foi a primeira vez naquela noite que eu consegui dar um sorriso e esquecer por alguns minutos tudo que estava me deixando aflita.

Segundos depois começamos a escutar os barulhos de tiro e eles ficavam cada vez mais alto, eu me sentei na cama e apoiei a cabeça nas minhas mãos sentindo a mesma sensação de minutos atrás.

— Analu, o que aconteceu? Você tá tremendo amiga! — Vanessa perguntou se sentando do meu lado.

— Eu não sei, estou com uma sensação horrível meninas. — levantei a cabeça e olhei pra elas.

— Se acalma, é a primeira vez desde que aconteceu aquilo tudo com você e o Matarazzo, sua cabeça deve tá associando tudo. — Bianca falou.

— Mas dessa vez é diferente Bia, eu sinto como se alguma coisa fosse acontecer sabe? — falei com a voz embargada e massageie o peito tentando tirar aquela dor.

— Cunhada, não fica pensando nisso tá bom? Não é a primeira vez que esses tipos de confronto acontece, os meninos tão acostumados. — Júlia se aproximou de mim com uma garrafinha de água.

— Mas e se... — nem terminei de falar e fui cortada pela Júlia.

— Nada disso, para de pensar nessas coisas, se acalma e bebe a água! — Júlia me olhou com a cara de brava que só ela sabe fazer.

— Tá bom vai! — revirei meus olhos e abri a garrafinha dando um gole generoso e bebendo metade da água.

— Ela você escuta né? — Bianca deu um leve tapa no meu braço e eu ri.

— Você já viu a cara de brava que ela faz? — perguntei e as meninas riram.

— Realmente dar um pouquinho de medo mesmo. — Vanessa falou e a gente riu.

— Eu não tô entendendo legal esse complô das três contra minha pessoa. — Júlia falou olhando pra gente de braços cruzados.

— Ai cunhada, não é complô nenhum e sim nós três expondo os fatos! — falei e as meninas concordaram.

— Palhaçada do caralho essa aí. — Júlia falou ainda com os braços cruzados.

— A gente também te ama amiga! — Vanessa falou e Júlia deu dedo pra ela.

— Nem vou dizer onde vocês devem enfiar o amor de vocês. — Júlia falou e a gente riu mais uma vez.

— Sério meninas, se a estratégia de vocês era me fazer rir e esquecer um pouquinho de tudo que estar acontecendo lá fora, eu acho que vocês conseguiram! — falei e as três se olharam cúmplices.

— É sempre bom humilhar a Júlia com verdades! — Bianca falou.

— Vai tomar no cu Bianca, a única que pode humilhar aqui sou eu. — Júlia falou.

— Eu acho muito lindo e belo o amor de vocês duas, é minha meta de amizade sabe? — Vanessa falou fingindo enxugar uma lágrima.

Na mesma hora nós três caímos na gargalhada uma olhando pro rosto da outra, a verdade é que eu amo demais essas três e eu nunca vou cansar de dizer o quanto eu tenho sorte por ter elas na minha vida!

A gente continuou conversando e tentando se distrair de tudo que estava acontecendo lá fora, mas quanto mais as horas passavam mais o aperto no meu peito ficava mais forte.

Peguei meu celular em cima da cama e vi que eram duas e vinte cinco da manhã, já haviam se passado cinco horas que os meninos tava em confronto.

— Meninas, já são duas e vinte cinco da manhã e nada dessa guerra acabar, eu estou ficando preocupado! — falei e as três me olharam.

— Calma amiga, eu tenho certeza que daqui a pouco acaba tá bom? — Vanessa fez carinho na minha mão.

— Eu tô com medo Nessa... — falei com a voz embargada pelo choro.

— Você ainda tá sentindo aquele aperto no peito né? — Júlia perguntou se ajoelhando na minha frente.

— Estou e sinto ele ficando cada vez mais forte, é como se fosse acontecer no momento exato! — falei com a voz embargada.

— Se acalma irmã, bebe o resto da água que a Júlia trouxe, nós estamos aqui com você. — Bianca falou tranquila.

Fiz o que ela mandou e bebi o resto da água, assim que terminei de beber escutei vários tiros e logo em seguida eles pararam.

— Eu acho que acabou, não tô escutando mais barulho nenhum. — Vanessa falou levantando da cama.

— Eu também não, mas eu acho melhor a gente esperar os meninos chegar! — Júlia falou se levantando do chão.

— Meninas... Ai... Tá doendo muito! — falei com a voz entrecortada e massageie o meu peito com força.

— Analu, o que você tá sentindo irmã? — Bianca sentou ao meu lado e era nítido a preocupação no seu rosto.

— O meu peito... Tá doendo, algo aconteceu... Eu quero o meu namorado e o meu pai! — falei sentindo as lágrimas descer pelo meu rosto.

— Amiga, você precisa se acalmar um pouco, nada de ruim aconteceu com os meninos, se não a gente já ficaria sabendo. — Júlia falou enxugando minhas lágrimas.

— Aconteceu sim! Eu posso sentir... Eu tô sentindo. — gritei em meio as lágrimas.

Assim que terminei de falar escutei o grito do Souza vindo do lado de fora, sem pensar duas vezes desci as escadas correndo e abri a porta de casa.

Saí pela rua vendo vários corpos espelhados pelo chão, mas apesar do desconforto tentei não me importar muito, afinal meu único foco era ver se meu namorado e o meu pai estavam bem.

Continuei escutando os grito do Souza e fui seguindo voz dele, quando virei a esquina sentir meus olhos encher de lágrimas e meu peito comprimir de tanto dor.

O Gustavo estava desmaiado no chão em cima do corpo do Alexandre com vários tiros nas costas, enquanto o meu pai também estava desmaiado com alguns tiros nas pernas, eu não conseguia ver muito bem mas pela camisa manchada de sangue ele havia levado tiro no peito.

— Analu... — Souza falou assim que notou a minha presença.

— O que aconteceu com eles Souza? — perguntei com a voz embargada.

— Também não sei o que aconteceu pô, eu tinha acabado de falar com o Matarazzo no radinho e ele tava bem, só o Cobra que tinha sido baleado. — Souza falou totalmente nervoso.

— E vocês vão deixar os dois aí? — gritei em meio as lágrimas.

— Analu fica calma, o Ratinho foi pegar o carro pra gente levar eles para o postinho. — Ribeiro falou segurando meus ombros.

— Como você quer que eu fique calma? É meu pai e meu namorado que tão alí. — gritei desesperada em meio as lágrimas.

— Vai dar tudo certo, eles são fortes pô, tu só precisa confiar! — Souza falou me puxando para um abraço.

Ignorei sua fala e saí do seu abraço, me ajoelhei em frente ao corpo dos dois sentindo o nó se formar na minha garganta.

— Por favor acordem... Vocês não podem me deixar! Pai, eu acabei de reencontrar você, a gente ainda tem muita coisa pra viver e muitos momentos pra compartilhar juntos... Amor, você não tinha o direito de fazer aquela promessa, eu não preciso que você morra pra me proteger, eu só preciso de você aqui... Por favor acordem, vocês não tem o direito de me abandonar... Eu não sei se consigo suportar mais essa dor... — falei em meios as lágrimas e logo após sentir minha vista embaçar me fazendo cair desmaiada em cima do corpo deles.

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