Capítulo 9 • Don't need your name

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If you want me

Call me, I'll drop everything

Don't need your name

'Cause I don't have to say it

Fuck it, let's try it

Call Me By Your Name - Lil Nas X

CHARLES

Preciso ocupar meus pensamentos antes que seja fisicamente visível a minha frustração. A eletricidade entre nós é quase palpável, então limpo a garganta antes de dizer:

-Você não é daqui. - Afirmo.

-Não. - Anya confirma, seu corpo mais próximo do meu, mas ela não me olha agora, está de olhos fechados e o corpo submerso até o pescoço.

-Sou brasileira, mas morei em Londres por mais de um ano.

-E se mudou para Monte Carlo pela oportunidade na Ferrari? - Pergunto. A curiosidade em saber mais da sua vida borbulhando na minha garganta.

-Sim. - Suspira ela. - Eu voltaria para o Brasil se não fosse por essa proposta.

-Bom saber que a equipe anda tomando boas decisões fora das pistas. - Digo com sinceridade olhando o seu rosto. Seus olhos castanhos me fitam agora e a intensidade deles me hipnotiza.

-Sorte a deles em não ter dividido um voo comigo. - Seu sorriso é sem graça e posso sentir a vergonha flutuando entre nós mais uma vez.

-Terão a oportunidade. - Brinco. - Foi divertido. E um pouco estressante, eu não vou mentir. Eu estava cansado, mas peço desculpas pela minha grosseria.

-E eu por ter derrubado a mochila em você, mas sinceramente não tenho nada a dizer em minha defesa, foi um dia estressante para mim também. - Diz ela.

O frio do ar fora da piscina deixa uma onda de arrepios pelo meu corpo e decido afundar na água novamente, o calor me abraça e é muito bem-vindo. Eu e Anya estamos de frente um para o outro, seus cabelos estão presos e não chegam a molhar e a pouca luz do lugar cria uma sombra sensual no seu rosto.

-Deixei minha mala em Paris, ainda não consegui a recuperar. - Digo com um sorriso desanimado lembrando das minhas roupas favoritas perdidas no hotel de Paris. O hotel prometeu enviar logo, mas sabe Deus quando receberei.

-Fui parada pela imigração do aeroporto. Perdi meu voo e fiquei horas esperando para ser liberada até que chegassem a conclusão de eu não estava portando drogas.

Mordo os lábios para evitar uma risada. De fato a sua situação foi mais complicada do que a minha.

-Sou competitivo, mas assumo a derrota dessa vez. Que merda. - olho em seus olhos com compaixão, deixo meus pés se aproximarem mais de Anya, o vapor saindo da sua boca.

-Mas pelo menos tenho minha mala. - Diz ela baixo e com um sorriso brincalhão.

O sorriso em questão prende meus olhos, e não consigo evitar fitar seus lábios cheios. Passo minha língua pelos meus próprios lábios, sentindo o leve gosto do cloro. Meu coração está palpitando rápido quando trocamos involuntariamente de posição. Meus braços se erguem ao lado da sua cabeça, minhas mãos apoiadas no mármore atrás dela. Nossos olhos estão presos agora como duas corças capturadas por faróis numa estrada escura.

Anya estende suas mãos até mim, seus dedos finos tocam meu ombro e não posso impedir o arrepio que corre por todo o meu corpo até outras partes. É evidente o que o seu toque fez e sinto meu rosto esquentar.

LOVE BEYOND THE TRACK  •  CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora