LOVE BEYOND THE TRACK • CHARLES LECLERC

Capítulo 3 • Take me away to some place real

With every small disaster

I'll let the waters still

Take me away to some place real

'Cause they say home is where your heart is set in stone

Home - Gabrielle Aplin

CHARLES

Sigo pelo corredor até a saída do avião, tentando passar despercebido pelos corredores. Algumas pessoas observam curiosas, provável que me reconheçam, mas não lhes dou tempo o suficiente para pensar a respeito e ando rápido pelo saguão do aeroporto, seguindo até o banheiro. Não sei quanto tempo Arthur levará para chegar, mas não quero estar por muito tempo no maior fluxo de pessoas. Me tranco em uma das cabines e envio uma mensagem para Arthur. Ele deve estar a caminho, já que não me responde. Abro as notificações e há mensagens de meus irmãos e minha mãe, de amigos, além de infinitas notificações de redes sociais.

Respondo as que me interessam, aviso minha mãe que estou em Nice e aproveito para marcar um jantar com meus amigos mais próximos, há semanas que não nos vemos e sinto falta daqueles babacas.

Achei que tivesse esquecido que tem mãe. Você já deveria estar em casa, Charles. Quase matou sua mãe de desgosto achando que não passaria o Natal com a sua família. Família Charles! Lembra o que é isso?

Gargalho dentro da cabine do banheiro quando leio o drama da dona Pascale. Ela sempre apela para esse lado sentimental. Suspiro quando a saudade aperta meu peito e não vejo a hora de vê-la novamente e poder me desmanchar em seus braços depois da temporada de merda que passei.

Tempos depois Arthur retorna minha mensagem, dizendo estar me esperando na saída do aeroporto. Arrumo meu boné e máscara antes de sair do banheiro, fazendo o possível para manter meu rosto escondido. Arrasto minha mala de mão ao meu lado até a saída, onde vejo o carro de Arthur. Passo pelas portas rapidamente e sigo até o carona. Arthur destrava a porta, coloco a mala no banco de trás e me ajeito no assento.

-Que bom te ver, mano! - Arthur me dá um abraço rápido, os olhos azuis brilham e retribuo com um beijo em cada lado do seu rosto.

-Ótimo ver você também. Mamãe está em casa? - pergunto enquanto cruzo o cinto de segurança sobre meu corpo.

-Sim, Lorenzo também. Chegou ontem a noite. - diz feliz.

-Isso é bom, pelo menos mamãe não vai me paparicar tanto, já gastou energia com vocês.

Arthur bufa e então solta uma risada sem humor.

-Você é a estrela aqui mano, aposto que ela guardou bastante energia para te receber.

Reviro os olhos com suas palavras. Meus irmãos sempre brincam sobre eu ser a estrela, mas Arthur está seguindo o mesmo caminho para a Fórmula 1.

-Não tem outra mala? - pergunta ele, olhando para mim. Suspiro alto enquanto nego com a cabeça.

-Longa história. – bufo quando lembro da minha mala.

Arthur solta uma risada e então dá a partida no carro, mas não sem algumas pessoas tirarem fotos antes, tentam ser discretos mas sem sucesso. É claro que nos reconheceram, estamos perto de Monte Carlo, mas fico feliz pois as pessoas por aqui são mais tranquilas e suspiro aliviado por estar a caminho de casa. Não estou com ânimo para atender ninguém, preciso de um banho quente e boas horas de sono.

Apesar de dar a partida, estamos parados esperando o fluxo de carros se mover quando um movimento prende a minha atenção. A morena que esteve no voo sai pelas portas do aeroporto, a mochila quase sendo arrastada, os cabelos bagunçados e o celular em mãos. Ela coloca o celular no ouvido enquanto solta a mochila em um canto próximo da saída, seu rosto transborda cansaço, as olheiras ainda mais visíveis na claridade do aeroporto. Ela fala com alguém no celular no momento em que Arthur acelera o carro. Olho sua figura diminuindo no horizonte pelo retrovisor ao meu lado conforme nos afastamos do movimento na rua e seguimos até a casa da minha mãe.