Capítulo 23 • Please don't leave me in the end

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Tellin' myself it's the last time

Can you spare any mercy that you might find

If I'm down on my knees again?

Deep down, way down, Lord, I try

Try to follow your light, but it's nighttime

Please don't leave me in the end

Daylight - David Kushner

ATENÇÃO: Aviso de conteúdo sensível e gatilhos a seguir.

Londres, nove meses antes
ANYA

Suspiro ao ver a mensagem em meu celular, mais uma proposta negada. Tenho corrido por toda Londres o dia inteiro, em busca de um lugar para ficar.

"A quero fora até o fim da semana" Dissera ele. Engulo minhas lágrimas e minha raiva, não preciso disso agora, só preciso achar um lugar.

Eu não quero estar lá até o fim da semana.

Desço as escadas até o metrô, minhas pernas doem. É meio de uma tarde chuvosa e estou desde muito cedo buscando um lugar para ficar. Meu corpo reclama do esforço e de algo mais, mas não posso arriscar de ficar por muito mais tempo embaixo do mesmo teto que Willian.

Pensar no nome dele me enoja, meu estômago revira com a possibilidade de ele me tocar novamente. Achar que tem esse direito por eu estar em seu apartamento, no qual eu ajudo a pagar o aluguel desde que me mudei há alguns meses.

Minhas pernas reclamam enquanto ando pelo metrô, atrás da próxima linha. Achei um enunciado adequado ao meu orçamento atual - quase nulo - e consegui agendar com o dono para visitar o local ainda hoje.

Gastei boa parte das minhas economias na noite passada, com taxi e hotel. Não consegui ficar no mesmo lugar que ele depois do que aconteceu.

Um calafrio percorre meu corpo e minha garganta se fecha ao lembrar, não consigo impedir algumas lágrimas de escorrerem e abaixo minha cabeça pela vergonha.

Ouvi muitas histórias de mulheres serem agredidas, das crueldades que passam nas mãos dos seus parceiros transtornados. Nunca imaginei virar uma estatística, nunca me passou pela cabeça que Willian pudesse ser um desses parceiros.

Monstro, me corrijo.

Eu o conheci há mais tempo, tínhamos amigos em comum no Brasil, onde ele estudou por um tempo. Sempre foi o cara legal, muito elogiado e amigo de todos. Se formou com honras - um ano antes de mim - e foi o orador da turma.

Nos reencontramos na festa de um ano dos formandos. Ele estava lá e em poucos meses voltaria para Londres.

O seu charme, educação e humor me prenderam de vez. Depois daquela noite não nos deixamos mais. Nossos amigos nos apoiavam, minha mãe o adorava. A família dele é significativamente rica, o que me assustou um pouco no início, mas ele dizia que eles estavam felizes por nós. Os dias passaram rápido e meu coração doía em pensar que ele voltaria para a Inglaterra, até que ele sugeriu que eu viesse com ele. Me sugeriu algumas vagas na área de marketing, disse que eu seria bem-vinda no seu apartamento e então tomei a decisão.

O disfarce de bom garoto não durou por tanto tempo quanto levei para tomar a decisão. O primeiro mês foi perfeito, com jantares e passeios, Willian me apresentou Londres e cidades aos redores, mas as coisas começaram a mudar no segundo mês.

LOVE BEYOND THE TRACK  •  CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora