Capítulo 1 • Starboy

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Girls get loose when they hear this song

A hundred on the dash get me close to God

We don't pray for love, we just pray for cars

Starboy - The Weeknd

Aeroporto Internacional de Londres - Dezembro de 2022

CHARLES

-Charles, me desculpa. Os voos estão lotados, fim de ano é complicado.

Suspiro pressionando a ponte do nariz, minha cabeça lateja e tudo o que mais quero é voltar para casa. Eu sabia que viajar em cima da hora seria um problema, mas imaginava que alguns contatos a mais poderiam me ajudar. Não costumo usar dos meus privilégios com tanta frequência, mas as últimas horas têm sido estressantes e minha posição social tem que servir de algo. Mas hoje nem o dinheiro ou o nome estão fazendo muito por mim. O jatinho que me levaria até Mônaco teve um problema antes de entrar na pista e retornou para manutenção e não há outros disponíveis pelas próximas oito horas. Há mais de uma hora que Marie, secretaria do meu irmão e empresário, tenta um voo particular. É final de dezembro e o aeroporto está um caos.

-Tudo bem Marie, você fez o que pôde. Muito obrigado. Me avise se conseguir algo. - desligo o telefone, a frustração pesando em meus ombros. A temporada terminou há algumas semanas, mas a rotina de publicidades e conteúdo para o natal continuou firme e forte. Ontem foi o primeiro dia das minhas férias, mas desde então as coisas não deram muito certo. Fecho os olhos e deixo minha cabeça pender para trás, apoiando-a na poltrona. Tento relaxar meus ombros e pensar no quanto sou privilegiado, mas a frustração de não saber quando vou chegar em casa é difícil de ignorar. Quero passar o Natal com a minha família, droga!

Me assusto com a vibração do celular e atendo rapidamente ao ver o nome de Marie na tela.

-Consegui um voo... -diz ela, hesitante.

-Ah que ótimo! Que horas? - Suspiro aliviado.

-Hum... bem. O voo sai em 50 minutos, mas... é compartilhado. Não há muitas opções na primeira classe nesse momento.

Dou uma risada deixando transparecer meu alívio por finalmente ter a chance de ir para casa. Dona Pascale me esfolaria vivo se não passasse o Natal ao seu lado.

-Está ótimo, Marie. Eu só quero ir para casa.

Ela pigarreia antes de dizer:

-Sim, muito bom, mas foi o único que consegui por uma desistência há alguns minutos atrás. Vou passar para o seu e-mail a passagem e os dados do voo.

-Ótimo, grazie bella!

Desligo o telefone aliviado por saber que em pouco tempo estarei em casa com minha família. Deito novamente minha cabeça, dessa vez mais tranquilo e espero o sinal de um novo e-mail, que chega em poucos minutos. O portão é próximo à área de descanso da primeira classe então não me preocupo. Aproveito os minutos para descansar e pensar na felicidade de mamãe quando me ver em casa. Sei que minha profissão é uma grande preocupação para ela. Não tenho ideia do que é ter um filho que se coloca em risco por opção - palavras dela -, mas se eu dissesse que não tenho outra opção ela me xingaria em todas as línguas que conhece. Il Predestinato não é apenas um apelido que carrego, mas uma verdade que sinto de uma forma que não conseguiria explicar à minha mãe ou à qualquer outra pessoa. Aproveito os minutos disponíveis para dar uma olhada nas redes sociais. Curto algumas postagens de patrocinadores e respondo a algumas mensagens de amigos próximos – inclusive na minha conta particular - e deixo meu dedo deslizar pela timeline até que uma foto de Charlotte aparece, postada horas antes. Observo seu rosto, a legenda e o ambiente.

LOVE BEYOND THE TRACK  •  CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora