Capítulo 6 • I can't see clearly when you're gone

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I look around and

Sin city's cold and empty (oh)

No one's around to judge me (oh)

I can't see clearly when you're gone

Blinding Lights - The Weeknd

CHARLES

Não costumo acreditar em destino, acredito em esforço e recompensa, em trabalho duro e resultados, mas vez ou outra coisas acontecem e não consigo explicar de outra forma se não como uma peça pregada pelo destino.

Por exemplo, sei que não foi culpa do destino os resultados insatisfatórios da minha equipe na temporada passada de Fórmula 1, mas quando fito o par de olhos castanhos atônitos ao lado de Clay é difícil dizer que não seja obra do destino. Afinal, quais as chances da mesma pessoa que quase esmagou minhas bolas estar sentada no meu restaurante favorito em Monte Carlo?

Desvio o olhar da figura em questão tentando esconder minha surpresa e sorrio para Clay, que abana uma das mãos na minha direção enquanto chama meu nome. Clay é educado e profissional, mas ainda é um garoto de dezessete anos apaixonado por corridas e sua animação em me ver é quase palpável. Mamãe mantém o braço entrelaçado ao meu conforme adentramos o ambiente, o ritmo do meu coração acelerando enquanto nos aproximamos da mesa próxima à janela.

-Como você cresceu! - Diz mamãe se aproximando de Clay, ela solta seu braço do meu para abraçar o mais novo, que se abaixa e retribui o gesto carinhoso, dizendo que sentiu falta de Monte Carlo.

Olho rapidamente para a morena sentada na mesa, seus olhos estão fixos em mim e os lábios entreabertos. Acredito que tenha me reconhecido, mas a sua expressão demonstra mais curiosidade do que vergonha. Não deixo de notar que seus olhos castanhos estão me avaliando. Eles correm pelo meu corpo para então voltar ao meu rosto e suas bochechas ficam coradas quando meu olhar captura o seu, flagrando sua avaliação, como aconteceu após o incidente no voo. Ela nota o sorrisinho presunçoso no canto dos meus lábios, que não consigo conter, e desvia o olhar em seguida.

Cumprimento Clay com tapinhas no ombro, comento o quão alto ele está, quase me ultrapassando. O garoto realmente cresceu muito desde a última vez que o vi, há quase um ano.

-Você mudou tanto desde a última vez que o vi. - Diz mamãe, verbalizando meus pensamentos.

-Que conversa de gente velha, mamma. - Digo com uma risada. Pascale dá um tapa em meu ombro antes de responder:

-Sua mãe está ficando velha, Charles. Lide com isso.

-Ah, que maravilha!

Uma voz feminina nos chama a atenção antes que eu responda e Laura surge das portas dos fundos batendo palmas com um sorriso brilhante. Ela se aproxima de nós dizendo o quanto sentiu a minha falta, já que mamãe costuma vir aqui vez ou outra, mas eu não posso fazer o mesmo quando estou competindo ao redor do mundo.

-Já era hora de voltar para casa. Você fez uma ótima temporada, Charlie. - Diz ela de forma maternal enquanto segura meu rosto entre suas mãos depois de me abraçar para em seguida cumprimentar mamãe.

Engulo a insatisfação com a temporada passada. Terminar em segundo lugar no campeonato mundial não era o meu objetivo e não o aceitei de bom grado. Lutei a temporada inteira buscando corrigir os erros corrida após corrida, mas a equipe não estava em sintonia, as coisas não fluíram. A soma dos nossos erros me deu um segundo lugar mal merecido.

LOVE BEYOND THE TRACK  •  CHARLES LECLERCOnde histórias criam vida. Descubra agora