Christopher Bangchan não conseguia dormir aquela noite, saiu sem ao menos se despedir sentindo todo seu interior estranho como se precisasse urgente de alguma coisa. Seu alfa estava em estado de alerta, raivoso e extremamente territorialista. Não era o cio – este demoraria um pouco mais de quatro meses até vir – não era um eclipse, mas ainda assim se sentia assim. Não fazia sentindo algum e quando fechava os olhos via o rosto choroso da garotinha, um bebê ainda e lhe dava uma vontade absurda de correr até lá e acalenta-la como se fosse parte de si."Talvez seja"
A parte animalesca dentro de si dizia em alto e bom som, essa mesma parte o mantinha acordado dando incentivo para sair daquela cama e ir atrás de sua filhote, mas a parte humana, essa que se acha a mais racional não acreditava nessa possibilidade como se fosse uma situação impossível, o que, obviamente, não é.
O relógio digital marcava exatos 3:29 da manhã, Bangchan tinha perdido a conta de quantas vezes se virou na cama ou quantas vezes suspirou alto, já tinha decorado cama centímetro do teto branco, olhar o vento sacudir a cortina estava lhe dando nos nervos e o rosto do bebê ainda era nítido em sua mente.
Na manhã seguinte o café havia se tornado seu melhor amigo e seu mau humor parecia dominar a atmosfera ao redor como uma camada obscura de irritação fazendo com que os funcionários não dirigissem uma palavra naquele sábado. Dava graças aos deuses por hoje ser apenas meio expediente, então apenas sentou na cadeira confortável deixando a xícara de café ao lado na mesa e recolhendo alguns papéis ali, todos sobre encomendas especiais, pautas para futuras reuniões e uma revisão pendente da área de contabilidade. Tudo isso por que sua mãe Jinhyun exigia dele com amplo conhecido de tudo aquilo que um dia será seu, claro que não acha ruim, inclusive se sentia agradecido por ser merecedor de tamanha confiança para herdar tudo em poucos anos – sua mãe pretende se aposentar e curtir a vida ao lado da esposa.
— Que cara é essa? – não tinha notado quando sua mãe entrou – Passou a noite em claro?
— Não é nada mãe, só insônia. – respondeu bebendo seu café.
— Sabia que sua mãe quer outro bebê? – dito isso o jovem alfa se engasgou fazendo a mulher rir – Eu sei, é absurdo! Já temos você que é um adulto formado e não usa mais fraldas, mas ela sente falta de ter criança por perto, acho que são os instintos de ômega.
— Por que tá me dizendo isso? – perguntou quase horrorizado.
— Quando vai se casar? Se você tiver filhotes sua mãe fica feliz e eu também.
— Talvez eu já tenha. – murmurou sem pensar e no segundo seguinte se arrependeu amargamente ao ver sua mãe séria.
— O que disse? – seu tom era baixo.
— Nada mãe.
— Eu sei o que eu ouvi Christopher Bangchan. Você é pai? É isso?
A postura da alfa intimida qualquer um, inclusive o filho que engoliu em seco. Pensou nas possiblidades daquilo ser mesmo real. Havia se passado tanto tempo e nunca houve notícia sobre esse ômega ou sobre a criança e sabendo quem ele é – fortuna a qual é herdeiro – qualquer um iria atrás de si para exigir uma pensão de quantia questionável, mas isso não aconteceu então a parte racional tentava de algum modo se manter firme e dominante sobre o lobo, mesmo sendo uma batalha perdida.
— Aconteceu... – suspirou organizando as ideias – Aconteceu tem mais de um ano, depois do meu aniversário de 21 eu conheci alguém em uma festa que fui com Seungmin e passei a noite com esse ômega, mas foi só isso, eu só sabia o primeiro nome dele e nós dois estávamos bêbados... – outro suspiro – Ontem na exposição do Hyun ele estava lá e não sei, me senti estranho, ele parecia fugir de mim, mas eu consegui o levar pra casa e então os amigos estavam de babá de uma criança que chamava ele de papai.
— Ele pode ter engravidado de qualquer outra pessoa, como tem certeza que é seu?
— Ai é que tá mãe, eu não tenho, mas o alfa dentro de mim sim. Não sei explicar direito, mas toda vez que eu lembro daquela garotinha tenho vontade de cuidar e aquele ômega lá parece... – a frase morreu em seus lábios.
— O que está me dizendo é que você foi irresponsável em transar com alguém bêbado, sem proteção, acha que o engravidou sem medir as consequências dos seus atos?! Passou pela sua cabeça o por que de nós evitarmos os holofotes? Eu não quero nenhum escândalo ligado a nossa família Christopher Bangchan. – esbravejou irritada – Imagina se esse garoto resolve dizer por ai que você não assumiu sua cria além do que a negligenciou por tanto tempo! – caminhou até ele apontando o dedo no peito do alfa – Você vai dar um jeito de saber a veracidade dessa história e torça pra que nada venha a tona.
— Eu não vou envolver o nosso nome com escândalo, tá bom! E também não é como se eu fizesse esse isso sempre mãe! Foi um erro por causa da bebida!
— Erro esse que criou uma vida! Se o seu lobo reeinvidicou essa criança então pode ter certeza de uma coisa: você é o pai dela. – deu as coisas irritada – E mais – parou na porta da sala – Se prepare para dizer isso a Yoko.
Sozinho na sala relaxou o corpo na cadeira a inclinando então pensou que aquela história estava longe de acabar.
α β Ω
Os sábados eram dedicados as atividades domésticas como levar as roupas a lavanderia – que convenientemente ficava no prédio e é de uso exclusivo dos moradores – organiza-las depois de secas e fazer uma limpeza no apartamento. Geralmente estava tudo pronto antes do meio dia o que dava tempo de preparar uma refeição descente, mas hoje estava só, pois seu melhor amigo e colega de apartamento dormiu na casa do namorado então iria ter de fazer sozinho além de ficar de olho em Mina no cercadinho. Recolheu as roupas sujas sendo grande maioria da filha, não era algo que desse trabalho só lhe deixava no tédio total, por isso essa tarefa geralmente era dada a Minho.
Sua rotina havia se tornado corrida desde o nascimento de sua filha, houve o período de adaptação – o que não foi tão fácil quanto pensava – já que era inviável redefinir seus horários no estúdio tanto que após a licença começou a levar sua filha ao trabalho e isso quase lhe causou demissão. Não foi uma época fácil.
Depois de quase uma hora ele carregava e cesta plástica com as roupas limpas e sua cria do outro abraçada ao seu pescoço. Enquanto guardava as roupas deixou sua mente ir de volta a noite passada. Ter Christopher ali fazia suas pernas se transformarem em gelatina, mas pensando com mais clareza era gostoso sentir o cheiro de cedro mais uma vez então voltou mais no tempo quando estavam a sós no quarto de motel e a única coisa que buscavam era satisfação. Céus só de lembrar seu corpo esquentou.
— Para com isso Yang Jeongin!
Fazia tanto tempo que não era tocado que só de pensar naquela noite – agora com mais clareza já que ver Christopher despertou sua memória – sentia o início de uma possível ereção junto as piscadinhas de sua entrada.
— Mais que porra! – grunhiu irritado.
A faxina foi finalizada, aproveitou que sua filhote dormia para tomar um banho e relaxar um pouco, quem sabe pedir o almoço, não sentia vontade de cozinhar.
Secava os cabelos com uma toalha quando ouviu batidas na porta, assim que abriu o viu.
— Precisamos conversar.
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You Da One - Jeongchan
Fanfiction[𝙵𝚒𝚗𝚊𝚕𝚒𝚣𝚊𝚍𝚊] ☆Tendo um bebê para cuidar sozinho, Yang Jeongin faz de tudo para conciliar sua vida particular com o trabalho, mas as coisas saem do rumo quando Christopher Bangchan reaparece em sua vida querendo se aproximar da filha e mexe...