Six

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As ruas de Seoul estavam cheias, apesar de ser um sábado a tarde a cidade não descansa realmente, carros congestionavam as pistas, grupos de adolescentes passavam rindo pela calçada como se o mundo fosse deles e nenhum problema os atingisse naquele momento, por essa razão que Jeongin gostaria de estar ali entre eles, lembrava dos tempos de escola e mesmo com pais rígidos e tradicionalistas teve uma adolescência bastante agradável até. Todas a desavenças de sua juventude foram mais fáceis de se lidar do que com o agora. Estar em um carro com sua filha no colo – agarrada a si – e Christopher dirigindo até a casa dos Bang's onde apresentaria a pequena alfa as suas mães. Obviamente não foi uma tarefa fácil o convencer a isso, para falar a verdade houve um pequeno escândalo quando Bang apareceu em sua porta pela segunda vez no dia dizendo algo como "Ela é minha filha também" e "Preciso que venham comigo". Claro que nada disso importou para Jeongin, ele apenas tentou fechar a porta, mas sendo impedido pelo pé do outro.

— Diz logo o que você quer. Se veio oferecer dinheiro pelo meu silêncio, não se preocupa, não vou falar nada 'pra ninguém. – disse o ômega.

— Desculpa por aquilo, mas não é sobre isso, na verdade as minhas mães querem conhecer ela. – apontou para a garotinha – Então eu vi pedir para que jantem essa noite conosco.

Jeongin fechou os olhos por alguns instantes enquanto colocava suas mãos na cintura fina coberta pelo blusão branco.

— Por que nós deveríamos ir?

— É só uma forma de nos conhecermos e também ela é minha, não é? Acho que o mínimo que eu poderia fazer.

— Você chega aqui me oferece dinheiro 'pra calar a boca ai vai embora, depois volta de novo querendo uma relação de pai e filha? Você é um idiota! Nem ao menos sabe o nome dela!

— Mina, não é? Na verdade você falou isso antes.

— Isso não te classifica como pai do ano tá legal? Aliás por que esse interesse tão grande nela?

— O meu lado lupino sente que ela é minha e não quer ficar longe. – foi sincero – Além do mais não acho que seja errado estar perto da própria filha.

— Ok, você pode ver ela, mas não significa que eu confie em você ou que eu vá nesse jantar idiota.

— O jantar é só pra conhecer minha família, tenho certeza que será bem tratado, vocês dois.

O ômega hesitou por instantes, seu lado humano se sentia acuado com tudo isso, tinha medo de que de alguma maneira tirassem sua bebê de si, mas os seus instintos reconheciam Christopher como o outro progenitor e confiando a segurança deles dois ao alfa. Eram sentimentos conflitantes.

Depois de se trocar, trocar a filha e arrumar a bolsinha dela os três desceram. O caminho da saída do prédio até a Mercedes estacionada ali foi em total silêncio. Já dentro do veículo Christopher tentou quebrar isso ligando o rádio o que funcional de certa forma, os adultos ainda não se falavam, mas a pequena Yang estava animada com a canção. Bang via pelo retrovisor os sorrisos fáceis que a sua – agora reconhecida – filha soltava no colo do ômega.

Pigarreou chamando a atenção de ambos, mas diferente do que imaginava o ômega apenas disse baixinho para sua filhote ficar quietinha, só que não era isso que ele queria, pelo menos não seu lado irracional. O Bang apenas queria entrar na conversa também, queria saber o por que desses risos frouxos e adoráveis. Suspirou batucando seus dedos no volante agora agoniado com a quietude do veículo. Agradeceu aos céus quando os portões se abriram e lá estava a grandiosa residência dos Bang. Jeongin sentiu-se embasbacado com o lugar, nem havia entrado de fato na mansão, mas sabia que a família de Christopher deveria pisar em notas de 100 todos os dias.

Rindo por ver o ômega chocado, Christopher aproveitou para abrir a porta da Mercedes ajudando os dois a sair.

— Venham, são quase seis e meia, elas devem estar nos esperando.

Os três seguiram, o primeiro cômodo era um salão quase vazio com flores, quartos e uma escada grandiosa, seguiram pela direita vendo uma sala bastante aconchegante com duas mulheres mais velhas conversando sem notar a presença de mais alguém. Jeongin logo as identificou pelo cheiro.

— Ah.. Mães.. – clamou o alfa atraindo a atenção delas – Este é Yang Jeongin e esta é Mina.

A alfa olhou ardentemente para o jovem ômega com dureza e depois para a criança que estava agarrada a si nada confortável com o novo lugar. Já a outra se aproximou devagar também encarando pai e filha, mas diferente da esposa havia um pequeno sorriso ali.

— Olá querido. – disse mansa – Sou Bang Yoko, muito prazer.

— O prazer é todo meu. – ele fez uma pequena reverência.

— Então esta é a minha neta, não é? – seu sorriso de dentes salientes era tão sincero e tão parecido com o do filho.

— Fico feliz que tenha aceitado nosso convite senhor Yang. – a alfa se pronunciou pela primeira vez – Temos assuntos sérios a tratar.

Jeongin ficou levemente acuado. Então ela voltou a falar.

— Por que não vamos todos para o meu escritório? Teremos privacidade lá.

Estar ali não fazia parte dos planos de Jeongin, como era um sábado provavelmente ficaria vendo baterias na televisão deitado no sofá com sua filha consigo e isso parecia bem mais atrativo do que tudo isso. Sentado em um sofá que deveria custar pelo menos 5 meses do seu salário viu o alfa sentar ao seu lado com as suas a sua frente.

— Tsc.. Eu pedi para que tivesse vindo por um motivo. Precisamos entrar em um acordo.

Essas palavras foram mal interpretadas pelo ômega que logo se exaltou.

— Olha se vieram me oferecer dinheiro pra sumir da vida de vocês eu não quero um centavo. Eu criei minha filha muito bem até agora e sozinho. Não preciso de nada disso. Se é meu silêncio que querem, tudo bem eu fico quieto, mas não preciso de mais nada!

— Calma querido... – disse a ômega – O que nós queremos é fazer parte da vida dela.

— Por que?

— Pôr que ela é minha filha também.

Dito isso o ômega ficou mudo. O que mais poderia fazer? Negar? Olhou para a filhote em seu colo e pensou que seria injusto e egoísta de sua parte negar essa relação. Não tendo o que dizer apenas assentiu então foram avisados que o jantar estava servido.

Vendo como a garotinha estava agitada o pai alfa se ofereceu para ajudar a alimenta-la o que foi útil já que quando ele se aproximou ela apenas comeu tudo quieta por ainda estar intrigada com sua presença. Durante a refeição o casal praticamente interrogou o ômega com perguntas como "de onde veio?", "o que faz da vida?", "como a sua família lidou com isso?", "tá em um relacionamento?". Mesmo sendo reservado ele respondeu todas as perguntas e não se sentiu desconfortável como imaginava que ficaria. Perto das nove foi deixado na porta do prédio com a cria adormecida em seus braços.

— Bom obrigado por hoje, eu acho.

— Não agradeça e eu quero fazer parte da vida dela Jeongin, então espero que nos demos bem.

— Ok. Tchau Bang.

You Da One - JeongchanOnde histórias criam vida. Descubra agora