Ten

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A terça-feira começou estressante, Mina estava bastante irritada fazendo birra na hora de comer, Jeongin deixou que o leite fervesse e sujou o fogão, o despertador estava com defeito por isso acabou se atrasando. Estava puto da vida com tudo isso. Antes de sair teve a filhote grudada em si, chorando de forma escandalosa para ficar em seu colo, as mãozinhas eram firmes ao agarrar seu casaco.

— Mina eu disse para ficar com o tio Felix!

Mesmo sendo firme na hora de dizer nada parecia surtir efeito, a pequena filhote só mostrou o quão alto e forte poderia gritar. Jeongin estava irritado com isso e Felix não sabia o que fazer, ela sempre foi quieta e doce, mal dava trabalho.

— Vem com o tio Felix, amor, vem. – pediu com a voz mansa e cheio de paciência entendo os braços para a garotinha que tratou de ignorar.

Enquanto eles lutavam para a pequena deixar o pai sair em paz uma Mercedes preta estava estacionando em frente ao prédio em questão revelando um Christopher com roupa social e cabelos perfeitamente penteados. Subiu até o andar desejado encontrando aquela cena da garotinha grudada ao pai ômega enquanto Felix tentava convencê-la de o deixar ir. Se aproximou com as mãos nos bolsos da calça.

— Oi, o que tá acontecendo?

— Ah, oi Bang. – disse Lee – Sua filhote não quer vir comigo pra o Jeongin ir trabalhar.

— E o que tá fazendo aqui tão cedo Christopher? – perguntou o Yang tentando tirar as mãozinhas da bebê do seu casaco – Achei que só iria vir aqui no fim da tarde.

— Na verdade eu vim avisar que fiz reservas para as oito horas, então eu passo aqui uma sete e meia.

— Mas eu não tinha dado uma resposta.

— Por isso mesmo resolvi avisar pessoalmente que tem um encontro marcado comigo e que as minhas mães vão adorar passar esse tempo com a neta.

— Isso é ótimo Innie. – disse Felix sorridente – Ela se aproxima um pouco da família e você tem uma noite de folga. – intercalou o olhar entre eles dois já imaginando no que aquilo poderia dar – Agora só precisamos fazer com que ela te deixe trabalhar.

Os três adultos olharam para a menina que tinha uma expressão irritadiça e um bico nos lábios, era tão fofo, mas os três sabiam que esse não era o momento para dizer o quanto ela era adorável mesmo com raiva, as lágrimas já nem existiam mais deixando um rastro de onde elas correram e a vermelhidão no rosto.

Bang olhou para a filha então se aproximou dela.

— Oi Mina, diz para mim o porquê dessa malcriação?

Ela apenas olhou para ele com seus olhinhos redondos e negros já com possíveis lágrimas surgindo, o bico se tornando maior e tremulo, ela deu algumas fungadinhas então olhou para baixo onde suas pequenas mãos seguravam o casaco do pai ômega com firmeza.

— Você sabe que seu papai tem que trabalhar, não é? – ela assentiu – Então por que você não vem comigo, hum? – esticou os braços para ela e por um instante a alfinha hesitou olhando para o papai ômega então devagar soltou-se dele e foi em direção ao alfa presente que a acolheu em seus braços deixando os dois ômegas chocados, já que a pequena sempre foi um tanto arredia quando se fala estranhos e mesmo que Bang não seja tão estranho assim em sua vida, ainda assim ele havia chegado a pouco tempo, mas talvez os instintos primários da pequena o reconheçam como parte de sua "família", por assim dizer.

— Então Mina, o que acha de ir com o tio Felix um pouquinho? – ela apenas jogou o pequeno corpo em direção ao ômega ainda caladinha – Agora o papai Jeongin vai trabalhar, tá bom? – ele perguntou com um manso, mas mesmo assim carregava certa autoridade.

A alfa apenas concordou mais uma vez deitando sua cabeça no ombro de Lee, este que apenas ajeitou a garota e a bolsa e saiu dando tchau ao dois.

— Hm, parece que a Mina respeita você Christopher.

— Os instintos dela devem me reconhecer como alguma figura paterna ou algo do tipo. – deu de ombros como se aquilo fosse a coisa mais comum, sendo que por dentro estava transbordando felicidade. – Mas acho que é melhor irmos, não? Ou você vai se atrasar.

Dando conta do horário Jeongin apenas correu pegando sua bolsa e fechou a porta de casa. Merda. Estava muito atrasado.

— Olha eu posso te levar se quiser, sabe assim você chega mais rápido e podemos conversar.

— Ahm... É, é pode ser.

Seguiram para o elevador em passos rápidos, o ômega estava mais de vinte minutos atrasado e Christopher agradecia isso mentalmente, caso contrário não chegaria a tempo de encontrá-lo e nem sua filha.

α β Ω

Durante todo o expediente Jeongin só conseguia pensar em seu "encontro" com o alfa, nem pôde mesmo negar e durante o caminho para o estúdio soube que as senhoras Bang estavam animadas por passar um tempo com a neta. Não poderia negar isso a elas. Mas quem ele queria enganar? Ele iria encontrar Christopher Bangchan, que não era somente o pai de sua filha, mas também o alfa que fazia suas pernas ficarem bambas. Voltou a mergulhar seus pensamentos no trabalho.

"Quanto mais rápido terminar, mais tempo terei pra me arrumar."

Pensou e logo se repreendeu por tais pensamentos tão descabidos. Seria apenas um jantar, uma conversa entre dois adultos. Dois adultos com uma puta atração um pelo outro.

α β Ω

Olhava pela milésima vez seu reflexo no espelho. A calça preta de alfaiataria junto a camisa branca não parecia adequado e ele não sabia mais o que fazer.

Foi até o guarda-roupa olhar mais algumas peças de roupa que sejam adequadas, mas foi parado pelo barulho da campainha. Engoliu em seco ao ouvir a voz de Minho cumprimentar Christopher. Não tinha mais o que fazer.

— Eu vou chama-lo. – disse o Lee enquanto carregava a afilhada em seus braços.

— Não precisa Minho. – o ômega apareceu ali querendo se enterrar no primeiro buraco que aparecesse – Boa noite Christopher.

— Você está muito bonito

α β Ω

Não é preciso citar o quão desesperado Jeongin está. Eles dois estão sentados em seus respectivos lugares, os pratos já foram servidos e a voz melodiosa da cantora ecoa com suavidade junto com as notas do piano. A comida é muito boa, mesmo que o ômega não faça a mínima ideia do que seja, o vinho também é muito bom e ele tem certeza que só a garrafa paga pelo menos dois meses do próprio salário. Christopher se encontra animado falando sobre ele mesmo a convivência com as mães. Jeongin queria poder ouvir o que ele diz, todavia, o cheiro de cedro está tão forte e atrativo nublado todos os seus pensamentos e sentidos.

Jeongin não sabe se é proposital, como uma forma de o seduzir ou se é natural que os feromônios do alfa sejam tão deliciosamente tentadores.

— Está tudo bem? – a voz era calma, mas havia sim uma preocupação.

— Ahm? – levou uns poucos segundos para assimilar o que foi dito – Sim, sim. Perdão, só estou um pouco distraído.

Não era uma mentira, mas dizer que estava bem era de fato um exagero.

— Algo lhe preocupa?

"Você"

— Não. – tomou um gole de vinho – Só to pensando na Mina. – mentiu.

— Não de preocupe. – pôs sua mão sobre a do ômega – Ela está em boas mãos essa noite.

You Da One - JeongchanOnde histórias criam vida. Descubra agora