Seventeen

595 97 18
                                    

Na manhã seguinte Jeongin tratou tudo com normalidade, alimentou sua filha, a arrumou assim como a bolsinha que sempre vai para a casa dos Lee. Parecia agir de piloto automático indo de um lado a outro, mas sem escapar do olhar atento do melhor amigo. Minho sabia que havia algo de errado.

Felix estava bastante animada, chegou exibindo o anel bonito que havia ganhado na noite anterior junto ao pedido de namoro. Ele estava radiante e Jeongin sentia-se mal por não conseguir comemorar com o amigo, queria tanto sorrir verdadeiramente e lhe parabenizar, mas seu coração doía tanto que um momento achou que desabaria em lágrimas. Respirou fundo se despedindo da filha e seguindo o caminho para o estúdio junto a Minho.

Quando chegaram lá o ômega continuava calado – não que fosse falante –, decidido a se dedicar ao trabalho e apenas a ele nas horas que se seguirem. Não deveria haver qualquer outro pensamento ali. Por que haveria? Mas ele sabia. Infelizmente sabia....

— Innie. – a voz grave, mas calma do melhor amigo lhe chamou atenção.

— Hm. – respondeu sem o olhar.

— O que aconteceu ontem?

O Yang engoliu em seco sabendo que não haveria como escapar.

— Como assim? – mas ainda assim tentou.

— Sobre o Bang. Você foi lá e quando voltou estava assim.

— Bom, ele só estava ocupado.

— Com o que?

— Com o cio.

E com isso não foi difícil para assimilar o que teria rolado, Bang estava no cio e muito provavelmente acompanhado.

— Eu sinto muito.

— Pelo o que? Não tínhamos nada e não temos além de uma filha para cuidar. O problema é meu e essa carência estúpida que fez eu me apaixonar. – suspirou temendo chorar – Ele pode transar, passar o cio dele com quem ele quiser Minho... – sua voz já não era mais firme – Por que não? Ele tem aquela garota linda aos pés dele. – algumas lágrimas teimosas tomaram sua face – E ela era tão bonita que eu me senti tão pequeno em pensar que teria alguma coisa com ele Minho...

— Não diga isso Innie, por favor, não chora.

Foi então que Jeongin percebeu suas lágrimas e se sentiu tão patético. Sofrer por uma paixão não correspondida? Por favor, nem nos tempos de escola isso aconteceu então porque se portar como um adolescente agora? Jeongin se odiou nesse momento.

— Mas é verdade. Eu a vi! Ela era tão bonita que nem parecia real e eles estavam lá sem roupa e tão perto!

— Eu não sei o que te dizer Innie, mas não gosto de te ver assim.

— Tá tudo bem Minho. – limpou as lágrimas – Eu sou um homem adulto com uma filha, não devo sofre por causa de amor.

α β Ω

O cheiro forte de cedro e porra estavam por todo o apartamento. Christopher acordou depois do meio dia com o corpo dolorido e pesado, além de fome, muita fome.

Três dias intensos que passou sozinho sendo atormentado pelos próprios instintos e pensamentos libidinosos relacionados a um único ômega. Lapsos de certos momentos voavam por sua cabeça, sabia que a neta do Shin esteve lá e que sentiu um ódio mortal por ela quando seu garoto chegou, tão bonito de bochechas coradas e cheiro indescritível, todavia, Jeongin correu de lá ao ver eles dois juntos. Ele tinha que dar um jeito nisso.

— Porra... – murmurou indo até o banheiro notando a trilha de destruição que havia deixado. Móveis quebrados, pinturas rasgadas... Certamente seu alfa ficou bastante descontente durante este período.

Tomou um bom banho quente relaxando seus músculos e limpando toda a sujeira de seu corpo. Depois correu até a cozinha preparando pelo menos uns quatro sanduíches já que a fome era grande demais para cozinhar algo descente ou esperar um pedido. Claro que aquilo não o saciaria sua fome, apenas lhe manteria em pé até chegar num restaurante.

Diferente do habitual Jeongin foi até a casa de Felix depois do trabalho, pegou a filhote e então foi ao mercado comparar as frutinhas que ela tanto gosta. Com a pequena no carrinho foi caminhado pela sessão de Hortifruti não deixando de pegar morangos para si mesmo. Empurrou o carrinho até o caixa quando viu que já tinha tudo o que precisava.

Ir para casa com uma criança e três sacolas era uma tarefa e tanto. Mina tinha aprendido a andar, não com perfeição, mas dava bons passos, então estava ele segurando a mãozinha de um lado e as sacolas de outro.

"Não ficar entravado antes dos 25"

Lamentou mentalmente pela posição torta.

O fim de tarde estava tranquilo, pouco movimento nas ruas além da brisa gostosa. A alfa estava bastante animada e falante – do seu jeito – enquanto Jeongin se concentrava em carregar tudo até o apartamento. Ao chegar a esquina pôde ver a Mercedes estacionada ali e um Christopher encostado com os braços cruzados deixando seus músculos em evidência.

O Yang pensou em pegar a pequena no colo e voltar ao apartamento do Lee para não encontrar com ele, mas Mina não estava de acordo com seus planos, pois gritou em plenos pulmões.

— Papai!

Então Christopher os viu sorrindo abertamente, a filhote se livrou do ômega e correu desajeitada até o Bang.

"Traidorazinha" pensou.

Apesar de se sentir desconfortável com o alfa por perto não poderia negar que é satisfatório o ver abraçando e beijando a filhote com tanto amor e carinho. Não poderia deixar que esse sentimento unilateral atrapalhasse a relação de pai e filha. Não seria egoísta a esse ponto.

— Oi Innie. – disse Christopher sorrindo.

— Oi Bang.

— Ahm, podemos conversar? – seu tom era inseguro.

— Sobre?

— O que você viu no meu apartamento.

— Não precisa me dizer nada Bang. Aliás eu tenho que entrar e fazer o jantar dela, vai vir? – apesar do jeito confiante e do leve sorriso desenhado em seus lábios não havia mais um brilho em seus olhos, apenas uma tristeza e mágoa.

— Ah, claro. – respondeu desconcertado.

Tudo parecia estranho na cozinha do apartamento, Minho lavava a louça do jantar enquanto Jeongin guardava, na sala de estar estava Christopher brincando com a filhote. O alfa se preparou mentalmente para ter uma conversa, mas lá está ele no tapete da sala sempre fora das vistas do ômega. Seu coração doía.

Depois que Mina dormiu os dois foram até a saída do prédio onde o carro do alfa estava. A noite fria manteve Jeongin encolhido.

— Bom, como você tá? – começou Christopher.

— A-ah bem, bem e você?

— Querendo falar com você. Sabe, sobre o que você viu no meu apartamento.

— Ah, não, não precisa me explicar nada Christopher. Você é solteiro e independente eu não tenho nada a ver com isso.

— Jeongin eu não estou com ninguém. Aquela garota apareceu lá, mas eu não quero mais ninguém, nem tivemos nada.

— Então porque estavam sem roupa um na frente do outro? – não conseguiu conter a indignação, fazendo Christopher sorrir com o ciúmes.

— Eu já estava sem roupa, estava no meu cio e pensando em você. – se aproximou – Só você. – sussurrou – Não há outra pessoa além de você.

— O-olha, eu, eu...

— Shiii... Não diga nada apenas me ouça. Ela é neta de alguém muito poderoso que quer o sobrenome Bang junto ao dele, mas eu não quero, não posso. Eu, meu lobo, nós não queremos mais ninguém. – levou uma mão até a lateral do rosto pálido fazendo uma leve carícia – Só você Yang Jeongin.

— Jura? – perguntou num sussurro.

— Jamais mentiria pra você.

Então findou a distância entre suas bocas com um toque suave e gentil transmitindo o todo o carinho de seus corações.

You Da One - JeongchanOnde histórias criam vida. Descubra agora