05_ Pinscher.

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Heaven Quinn

... para o único lugar livre, que coincidentemente, é do lado de James Carter.

James estava ocupado demais observando algo na mesa, completamente horrorizado, para me ver sentando do seu lado, mas assim que a minha bunda gigante e sedutora tocou o banco de madeira, vi o seu corpo todo congelar.

Ele levantou o seu olhar pra mim e eu dei um pequeno sorriso de lado para o mesmo que corou na hora.

O James agora usava o uniforme do colégio, a camisa branca com todos os botões apertados, a calça preta formal e a gravata preta, coberta pelo suéter também preto. O seu uniforme estava alinhado na perfeição assim como os seus leves cachos, alguns mal passando de ondas. Os seus olhos verdes me encararam por trás dos óculos e eu deixei o meu olhar cair sobre os seus lábios avermelhados.

- O seu pai é bem bonito. - Sussurrei pra ele e o James arregalou os olhos.

- E- Eu não sei o que responder, Heaven. - Ele confessou ainda com os olhos arregalados, mas agora franzindo as suas sobrancelhas também.

- Você sabe o meu nome? - Questionei surpresa e ele lubrificou os lábios. - Bom garoto.

- Eu não sou um cachorro. - Ele semicerrou os olhos pra mim e eu abri um sorriso chocado.

Pelo canto do meu olho, eu vi na nossa mesa um sapo com as pernas abertas.

Jeito lindo de me chamar de gostosa.

- Hoje vamos dissecar um sapo. Morto, obviamente. - O professor anunciou e eu arregalei os olhos. - Vários alunos estavam animados para isso, principalmente o Joel. - Apontou para um menino loiro com uma cruz gigante em volta do pescoço. Garoto estranho.

- Jesus não dissecava sapos. - Murmurei baixinho.

O James escutou e um pequeno sorriso cresceu na sua boca.

Covinhas.

- Tem 1 sapo para cada dupla. A dupla vai decidir quem vai abrir o sapo, mas cada um vai ter a chance de examinar o interior do sapo. - O professor explicou e eu me virei para o James, mas ele já me encarava.

Tinha algo estranho sobre a cor dos seus olhos que eu ainda não conseguia entender.

Será que ele é um vampiro?

- Pedra, papel e tesoura pra decidir quem tem que abrir o sapo? Se você ganhar você abre, se eu ganhar você abre. - Sugeri com um sorriso.

O James apenas me devolveu o sorriso pegando o bisturi.

- Você vai pelo menos analisar o sapo? - Ele perguntou com a voz baixa e eu quase abri as minhas pernas.

- Depende, você quer que eu analise o sapo, ou prefere que eu analise outra coisa? - Fiz piada e o James engoliu seco arregalando os olhos.

- Cada responsável de cortar o sapo, vai posicionar o bisturi um dedo abaixo da boca do sapo e começar a cortar muito levemente até acima das pernas. - Instruiu o professor.

- A gente vai cortar o bilauzinho dele? - Sussurrei perto da orelha do James, observando o sapo e o James travou antes de abrir um sorriso.

Eu assisti o James colocar as luvas azuis e imitei a ação, não deixando de observar enquanto o James posicionava o objeto afiado alguns centímetros abaixo da boca do animal e cortava o pobre sapo igual um psicopata sem sentimentos.

Arregalei os olhos vendo o interior do sapo ser revelado.

- Perereca feia. - Soltei sem perceber.

Com o meu comentário, o James soltou uma pequena risada e perfurou sem querer a pele do sapo com ainda mais força, cortando alguns órgãos sem querer.

- E olha lá, matou o bichinho. - Murmurei desacreditada, cobrindo a minha boca com nojo.

- Ele já tava morto. - O James me olhou em choque.

Eu segurei o seu olhar. Alguns dos seus cachos caíram em leves ondas na sua testa, sendo segurados pelos seus óculos. O seu olhar parecia tão genuíno. Tão inocente. Mordi o meu lábio inferior. Eu quero brincar com ele.

- Mas você quebrou os pequenos órgãos dele. - Fingi horror. - Meu Deus, como que ele vai respirar agora...? - Prendi a risada, mantendo um semblante assustado.

- Ele está morto. - Repetiu, os seus lábios avermelhados se separando em pura confusão.

- Claro que tá, olha esses órgãos todos destruídos do coitado, quem sobreviveria assim? - Briguei com o James que me encarava incrédulo. Tão doce e inocente.

Eu me pergunto se ele também teria um gosto assim tão doce.

- Heaven, eu preciso ter certeza que você entende que o sapo já estava morto, eu não matei ele. - Soltou o bisturi na mesa e se virou pra mim com a voz leve. Eu segurei um sorriso antes de semicerrar os olhos.

- Repetir isso não vai te fazer se sentir melhor, James. - Repreendi e ele abriu um pequeno sorriso sem mostrar os dentes.

- Você sabe o meu nome? - Citou e eu franzi as sobrancelhas. - Boa garota.

Eu nem podia dizer que eu não sou uma cachorra, porque eu sou.

Um pinscher, na verdade.

continua...

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quando tiver 1.111 comentários eu posto o próximo cap;)

O Inocente Aluno NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora