Heaven Quinn
- Heaven, estou surpreso pela sua visita. - A voz do diretor soou atrás de mim e eu travei, os meus olhos se arregalando.
Eu tenho uma sorte desgraçada mesmo.
Não consigo nem roubar uma carta sem ser pega no pulo.
E olha que eu já vivi umas outras situações bem perigosas.
Tipo nascer.
- Eu realmente precisava falar com você. - O diretor acrescentou.
Segurança X9.
Enfiei a merda da carta da mãe da Niani no bolso da minha saia e me virei com um sorriso amarelo para encarar o diretor.
- Os seguranças tão mentindo. - Me apressei a falar.
O diretor fechou a porta do escritório atrás de si e franziu a testa com uma expressão pensativa.
- Tenho certeza que é tudo obra do diabo. - Declarei apontando o dedo pro teto e o diretor ergueu os olhos ainda mais confuso.
- Eu recebi a informação sim, que alguns seguranças suspeitavam que você tava correndo e fazendo barulhos estranhos nos dormitórios masculinos. - Contou. - Mas eu também recebi a informação que outra menina mordeu um dos seguranças enquanto fugia dos dormitórios masculinos. Então, pelo bem da minha saúde, vou escolher ignorar.
Ergui as sobrancelhas escutando a última frase.
Seria isso um milagre?
O Santo James vai receber um boquetão.
Acho que o cabelo do diretor vai até agradecer e parar de cair se ele continuar ignorando as minhas vagabundagens.
- Mas de qualquer jeito, eu também sei que a Aubrey tem trancado a porta do seu dormitório todas as noites, então eu não tenho nada com o que me preocupar. - Me deu um breve sorriso.
Sobre isso...
Eu vou até ficar calada.
Vocês não precisam saber como eu ando escapando.
- Amei a conversa. - Coloquei um sorriso gigante no meu rosto, tentando chegar até a porta. - Devíamos repetir, com direito a chá, biscoitos e maconh-
- Heaven. - O diretor me parou, a sua expressão tensa. - Na verdade, não era sobre isso que eu queria falar.
As suas mãos se juntaram atrás das costas e ele abaixou o olhar por um breve segundo antes de voltar a me encarar.
Eu congelei no lugar, a minha respiração ficando presa na minha garganta e o meu coração acelerando.
- Eu gostaria que você dissesse algumas palavras na missa de hoje. - Disse e eu franzi as sobrancelhas.
- Mas hoje não é sexta-feira. - Apontei, as minhas sobrancelhas franzindo.
- Eu sei. - Assentiu, a sua voz com um toque de nervosismo. - A missa de hoje é especial.
- E de qualquer jeito, acho que o padre prefere a Niani-
- Heaven, eu sei que normalmente eu faria isso. Mas eu acho que você merece fazer isso. Você tem mais direito que eu. - Ele deu um passo na minha direção e engoliu seco. - Eu perdi uma irmã, mas você perdeu uma mãe.
- O quê você tá falando? - Eu dei um passo para trás confusa.
O diretor me encarou, provavelmente esperando que aquilo fosse uma brincadeira minha, mas quando percebeu que eu não estava fingindo, a sua testa franziu e o seu olhar se tornou mais intenso.
- Hoje é o aniversário da morte dos seus pais. - Ele soltou perplexo.
- Não, não é. - Eu me apressei a corrigir, a temperatura do meu corpo subindo.
O diretor ficou em silêncio, me encarando com uma expressão indecifrável. Ele não se moveu nem mesmo quando eu me aproximei dele.
- Não é! - Pressionei e o diretor engoliu seco.
- Heaven. - Ele respirou fundo. - Tá tudo bem, acontece. - Me deu um pequeno sorriso.
- Não! - Interrompi me aproximando cada vez mais do diretor em desespero. - Você só tá falando isso pra... mexer com a minha cabeça ou algo católico assim.
- Heaven, eu promet-
- Eu saberia se fosse o aniversário da morte deles. - Declarei erguendo as sobrancelhas, a irritação me queimando quando o diretor continuou sem dizer nada, apesar da minha pausa longa. - Eu era uma filha terrível, mas não ao ponto de...
Eu encarei o chão, as palavras morrendo na minha boca.
- Eu saberia... - Sussurrei com a voz fraca.
O diretor piscou e então também desviou o olhar.
continua...
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quando tiver 5.555 comentários eu posto a DEPRESSÃO
MUAHAHA
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O Inocente Aluno Novo
Teen FictionHeaven Quinn é uma garota problemática, que parece ignorar o fato que está em um Colégio Interno Católico e comete todo e qualquer pecado que lhe é apresentado. Se metendo em constantes encrencas, quem diria que elas lhe levariam a conhecer o inocen...