O Inocente Aluno Novo

14_ Sobrinha do diretor.

Heaven Quinn

- Eu quero ser mais que seu amigo. - O ruivo na minha frente anunciou, enquanto eu tentava entrar no refeitório.

- Você pode ser meu cachorro! - Falei, fingindo animação.

Do meu lado, o Nolan entrou no refeitório e eu me apressei a puxar ele para um canto no corredor.

- Ei. - Ele sorriu sem mostrar os dentes.

- Você viu a Niani? - Perguntei, mordendo o meu lábio inferior nervosamente. - Eu não vejo ela desde ontem. Quando eu acordei hoje, ela não estava no quarto.

O Nolan ficou em silêncio por alguns segundos, me encarando enquanto franzia a testa.

- Você não falou com ela? - Perguntou confuso e a lembrança me bateu com força, me deixando calada.

Eu não falei com a Niani sobre a carta.

Eu nem cheguei a lembrar.

Eu abri a boca algumas vezes para falar, mas nada saia.

- Você prometeu, Heaven. - A sua voz decepcionada soou.

- Eu sei, me desculpa. - Me apressei para explicar. - É que aconteceram tantas coisas ontem, com q preparação do evento e o Ken-

- Você prometeu. - Ele voltou a repetir, agora com os lábios pressionados tensamente.

- Você precisa me entender. - Pedi.

- Você sabia o quanto isso era importante. - Apontou o dedo pra mim e eu recuei. - É da Niani que estamos falando sobre.

- Eu sei. - Falei, quase ofendida.

- Então por que você não fez nada? - Soltou a pergunta com irritação. - Não é como se você não soubesse o que acontece em todo dia de cartas. Você sabe perfeitamente como ela fica mal. Como ela se recusa a falar comigo sobre isso tudo. Mas mesmo assim, você não conseguiu tirar 10 segundos do seu tempo precioso para falar com ela. Para sequer escrever um bilhetinho.

- Ontem foi um dia muito corrido, o Ken-

- Para de dar desculpas, Heaven. - Ele me cortou. - Você tinha tempo. Você podia, se realmente quisesse.

- Para de me atacar como se eu fosse o motivo que ela fica mal! - Me aproximei dele, desacreditada, e fazendo ele recuar um passo.

- Eu não estou te atacand-

- Você fala comigo como se eu fosse um monstro por não ter conseguido prevenir que a Niani ficasse mal por causa da sua mãe. - Cuspi. - Eu não tenho culpa nenhuma.

- Heaven. - Falou em aviso, o seu rosto ficando tenso.

- Mesmo se eu tivesse falado com a Niani ontem, seria a mesma coisa na próxima semana, e na próxima, e na próxima. - Continuei falando. - E pior, quem garante que ela ficaria bem se eu tivesse falado com ela? Quem garante que ela não se fecharia pra mim também, assim como ela fez com você?

- Você poderia ter tentado. - Ele sussurrou.

- Não, Nolan. - Neguei com a cabeça. - O jeito que a sua mãe quebra a sua irmã, não é algo que eu possa curar.

- Você tem razão. - Ele negou com a cabeça. - Minha irmã, minha responsabilidade. Eu não deveria ter te pedido pra falar com ela.

- Não! - Segurei o braço dele com ódio quando ele tentou se afastar. - Não é justo o que você tá tentando fazer. Você não pode simplesmente usar esse argumento. Não importa que eu não tenha o mesmo sangue que ela, ela ainda é minha irmã. Eu ainda me importo com ela.

- Então por que você não conseguiu falar com ela? - Voltou a trazer a pergunta e tudo em mim se revirou.

- Por que você não conseguiu falar com ela? - Joguei de volta e o Nolan travou.

- Você sabe muito bem que ela não falaria comigo. - Soltou como se fosse óbvio. - Você não lembra o que aconteceu da última vez que eu tentei?

- Exato. - Dei de ombros. - Porque não importa quem falasse com ela, ou o que falássemos, não vai mudar nada. Vai ser sempre a mesma coisa. As mesmas cartas chegando.

O Nolan ficou em silêncio e eu me aproximei dele.

- A sua mãe não vai mudar. Fuja. - Sussurrei.

- Nós não podemos impedir as cartas de chegarem. - Ele franziu as sobrancelhas.

- Na verdade... - Soltei, depois de alguns segundos de silêncio. - Podemos.

- Heaven, não...

- Você tem uma solução melhor? - Falei determinada. - Ou prefere ter essa discussão todas as semanas enquanto a Niani chora em algum lugar da porra desse colégio?

- Como faríamos isso? - Ele perguntou confuso.

- Talvez eu deva usar, finalmente, o meu previlégio de ser sobrinha do diretor, não? - Assenti pensativa.

continua...

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quando tiver 6.666 comentários eu posto o próximo capítulo;)