O Inocente Aluno Novo

66_ Eu menti.

Heaven Quinn

Os alunos olharam pra mim em choque e eu apertei a maçaneta da porta da minha sala.

Eu nunca o odiei tanto quanto agora.

O professor de Biologia caminhou rápido até mim, o seu rosto distorcido em preocupação.

- Eu posso te ajudar, senhorita Quinn? - Questionou cautelosamente.

Será que alguém pode?

- Por que vocês estão nessa sala? - Tentei soar o menos desesperada possível.

- O diretor deu novas ordens. - Respondeu, os olhos apertados em confusão.

Cerrei a mandíbula, me recusando a deixar que as lágrimas caíssem dos meus olhos.

Ele tirou tudo de mim. Tudo. Até a porcaria de uma sala. A única coisa que eu tinha minha nesse lugar. Qual era o ponto disso? Esse edifício não é usado faz anos.

A Aubrey me observava com uma certa satisfação.

O Joel estava do seu lado, com um olho roxo.

- E as coisas que estavam aqui dentro? - Perguntei, a minha voz saindo mais derrotada do que eu pretendia.

- A sala estava vazia quando chegamos. - Voltou a responder calmamente antes de negar com a cabeça. - Senhorita, eu preciso voltar à minha aula.

Ele fechou a porta da sala na minha cara. A porta da minha sala.

- Heaven. - A voz do James soou no fim do corredor.

Uma lágrima escorreu pela maçã do meu rosto no momento que os meus olhos encontraram os do James. As suas sobrancelhas estavam franzidas, os seus lábios entreabertos e respiração ofegante. Ele veio correndo até aqui. Me seguiu desde que eu sai do escritório do diretor.

Caminhei lentamente até ele, o seu olhar não me deixando, como se tivesse medo que eu pudesse desaparecer ou simplesmente quebrar.

Assim que cheguei perto suficiente, a sua mão tocou o meu rosto, o dedão limpando a lágrima que tinha escapado. Ele me encarava com tanta preocupação que parecia possível ele se afogar nela.

Ele quebrou o meu coração. E eu vou quebrar o dele.

- Eu cansei de você. - Soltei com a voz firme.

Os seus olhos se franziram ainda mais e ele negou com a cabeça.

- Eu não entendo-

- Eu. Cansei. De. Você. - Falei, a minha mandíbula se cerrando. - Você já não tem mais nada que possa me dar. Já tirei tudo que eu queria seu.

- Heaven. - Ele pronunciou, a sua voz tão doce que nem parecia que eu estava quebrando o seu coração. - Pelo amor de Deus. - Fechou os olhos. - Aconteceu alguma coisa? O que o seu tio fez? Eu não entendo...

- Eu pensei que você fosse inteligente. - Inclinei a cabeça para o lado. Para a sua mão. Tentando sentir o seu carinho uma última vez antes de arrancar a mão dele do meu rosto. Eu realmente achei que você fosse inteligente demais pra confiar no meu tio. - Parece que eu estava errada.

- Isso não faz sentido nenhum. Nós estávamos bem. Tão bem... Você disse que me amava.

- Eu menti. - Cortei.

- Você mentiu. - Repetiu, as suas sobrancelhas afundando.

- Eu apenas te usei.

Eu o encarei com desprezo, mas mesmo assim os seus olhos pularam de um olho meu para o outro, tentando desesperadamente me entender.

- Então você nunca... gostou de mim? - A sua voz saiu como um sussurro desesperado.

- Eu adorei foder você. - Ofereci um sorriso antes de morder o meu lábio inferior. Ele negou com a cabeça, os seus lábios separados.

- Você gosta de mim como um brinquedo. - Cerrou a mandíbula. - Algo que você podia usar como bem entendesse.

- Talvez você realmente seja inteligente. - Inclinei a minha cabeça para o lado mais uma vez.

- Meu Deus... O que que eu te deixei fazer comigo? - A sua voz era de puro desespero.

Eu não respondi, por puro medo que a minha voz não fosse convincente o suficiente.

- Eu te deixei me quebrar, me transformar nesse brinquedo deformado e depravado, e agora você cansou? - Ergueu o seu olhar para mim, uma lágrima rolando pela maçã do rosto dele.

- Tão inteligente. - Sorri com carinho pra ele. Como você foi capaz de me trair?

continua...

- - -

quando tiver 1.111 comentários eu solto o próximo capítulo