Heaven Quinn
- Para de tremer! - O professor de educação gritou para o garoto do meu lado.
Como uma vagabunda formada, eu sabia que tremer não era algo que a pessoa escolhia fazer.
Então, ele mandar o ruivinho parar de tremer sendo que estamos na posição de prancha faz quase 5 minutos, sem intervalos, era uma hipocrisia.
Só restavam 3 pessoas: o ruivinho, eu, e o James.
Enquanto o ruivo tremia como se tivesse acabado de sair de uma suruba, o James parecia que tava dormindo, de tão calmo e quieto que tava.
Eu apenas continuava aguentando porque o meu espírito competitivo e o meu ego não aguentariam perder para dois homens.
Tudo que envolve prejudicar um homem, eu estou dentro.
Empurrei o ruivinho pro chão e ele gemeu caindo enquanto eu tentava voltar na posição.
Esperei que o professor não estivesse olhando pra tentar empurrar o James, mas ele levantou o braço que eu ia empurrar, me fazendo quase cair.
O James, com os olhos semicerrados, me encarou, um pequeno sorriso crescendo nos seus lábios.
- Olha aí professor! - Dedurei. - Levantou o braço.
- Nada de levantar o braço! - O professor gritou.
Eu fui empurrar o James, mas ele voltou a desviar, agora com os olhos arregalados.
- De novo, professor! - Avisei, os meus braços começar a tremer pelo esforço.
- James, se você voltar a levantar o braço, você tá fora. - O professor anunciou e eu abri um sorriso gigante.
O professor começou a anotar algo em um papel e eu empurrei o James com toda forca, mas ele não se mexeu nem um centímetro, o que quase me fez cair de cara no chão.
- Quem é que não aceita ser derrubado pela vida? - Reclamei desacreditada.
O James apenas se virou pra mim, notando os meus braços e pernas começando a tremer, e sorriu de lado.
- Você fica linda tremendo. - Murmurou baixinho com a respiração começando a pesar.
- Se você cair, eu te mostro em quantas posições eu fico linda tremendo. - Pisquei pra ele e o sorriso do mesmo aumentou, as suas covinhas aparecendo e as suas bochechas tomando
um tom vermelho.Estávamos lado a lado, então foi fácil ver quando o James ergueu as sobrancelhas e assentiu, colocando os joelhos no chão e saindo da posição de prancha.
- Ganhei! - Gritei, levantando, apesar das minhas pernas ainda estarem tremendo um pouco. - Jesus é bom!
[...]
Fingindo estar lendo a bíblia em um canto do corredor, eu observei o diretor sair da sala dele apressado e segurei o meu sorriso.
Assim que ele passou por mim e desapareceu por outro corredor, eu fechei a bíblia e levantei ajeitando a saia, enquanto andava para o escritório dele.
Abri a porta e entrei enquanto respirava fundo.
Agora eu só precisava descobrir onde ele guardava as cartas enviadas pelos pais.
O James franziu as sobrancelhas quando me viu entrar e eu neguei a cabeça desacreditada do meu azar.
- Que um avião me atropele. - Murmurei baixinho.
- Eu acho que o seu tio tá apaixonado por mim. - O James falou.
Ele estava sentado no sofá de dois lugares, as suas costas contra o material suave e as pernas levemente afastadas, o que fazia o seu uniforme ficar um pouco amassado e puxado.
O cabelo molhado do James, por ter sido recentemente lavado, caia sobre a sua testa em pequenas ondas. Ele jogou a cabeça para trás, me dando a visão do seu pescoço e da sua maçã de adão se mexendo.
- Eu não duvidaria. - Dei de ombros me aproximando da mesa do diretor.
Um pequeno sorriso cresceu na boca do James escutando a minha resposta.
- Mas por que você diria isso? - Perguntei, observando os papéis na mesa com atenção, pra ver se achava alguma coisa útil.
- Ele me convidou para tomar um chá.
- Que tipo de chá? - Franzi a testa preocupada.
- Chá de camomila. - Ele respondeu confuso.
- Espera. - Franzi ainda mais a testa, só agora percebendo um detalhe. - Como você sabe que o diretor é meu tio?
- O Nolan me contou. - Deu de ombros se levantando e começando a caminhar na minha direção.
- Boca do tamanho de um esgoto. - Xinguei.
Com o nome do Nolan, a lembrança de que eu estava aqui procurando as cartas que tinham chegado hoje voltou e eu comecei a olhar em meu redor com ainda mais eficiência.
- O que você está fazendo aqui, Heaven? - Ele sussurrou, me fazendo perceber o quão perto ele estava de mim agora.
Ergui o rosto para encarar o James que já me observava com atenção, mas não movi um músculo para responder.
- Você tá olhando em volta como se achasse que o diretor tá escondido em um canto. - Deu de ombros. - Ou você tá procurando alguma coisa.
Filho da puta inteligente.
Vou ter que voltar a usar a minha técnica.
Como se o James pudesse ler os meus pensamentos, ele semicerrou o olhar e negou com a cabeça, fazendo o seu cabelo úmido se mover perfeitamente.
- Eu não vou cair nas suas tentativas de me distrair, de novo, pequeno diabo. - Anunciou e eu abri um sorriso angelical.
O olhar do James caiu para o meu sorriso na hora, permanecendo lá por severos segundos e não desviando por nada. Ele engoliu seco, a sua respiração começando a se acelerar e o silêncio se prolongando na sala.
Mas então ele piscou os olhos e desviou o olhar, começando a encarar o chão.
- Deus, até o sorriso é diabólico... - Murmurou sobre a sua respiração pesada.
Do lado do sofá que o James estava sentado antes, tinha uma caixa com letras escritas em maiúsculo:
"CARTAS"
Tá na hora de causar um pouco de caos.
continua...
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O Inocente Aluno Novo
Teen FictionHeaven Quinn é uma garota problemática, que parece ignorar o fato que está em um Colégio Interno Católico e comete todo e qualquer pecado que lhe é apresentado. Se metendo em constantes encrencas, quem diria que elas lhe levariam a conhecer o inocen...