49_ Amém, irmã.

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Heaven Quinn

O James colocou a correntinha de cruz dele em volta do meu pescoço assim que eu me virei de costas pra ele.

Ele tá tentando me fazer queimar no fogo do inferno?

- Bota na Aubrey, euem. - Reclamei tentando tirar a corrente, mas o James me impediu com o olhar confuso.

- Eu não quero a Aubrey, eu quero você. - Falou, me fazendo semicerrar o olhar pra ele.

- Você também quer que eu perca alguns dentes? - Debati indignada e o James me deu um pequeno sorriso adorável. - Ela é meio perturbada. - Apontei como se fosse óbvio.

E eu pensando que ele pelo menos gostava de mim como ser vivo.

Eu acabei de chupar toda insegurança dele pelo pau, poxa.

- Eu gosto do meu sorriso, James. - Soltei, colocando as minhas mãos na cintura com indignação.

- Eu também gosto do seu sorriso, pequeno diabo. - Ele falou suavemente, segurando a minha mandíbula e depositando um beijo na minha boca com carinho.

- Dentes de ouro não são tão feios, pensando bem. - Argumentei assim que o James se afastou, fazendo ele soltar uma risada.

- As provas estão chegando. Eu preciso de você no meu dormitório durante a semana pra estudarmos. - Ele avisou, se sentando em uma das cadeiras na frente da mesa do diretor.

- Envolvendo muito estudo da bíblia, eu espero. - Propus, mordendo o meu lábio inferior, e sentando contra a mesa do diretor com os braços cruzados, bem na frente do James.

- Eu tenho medo que você não saiba o que a bíblia é, diabinha. - Ele soltou com uma preocupação genuína no olhar e eu fingi estar ofendida.

- Tomatinho, eu estudo nesse colégio interno católico praticamente a minha vida toda. - Argumentei, uma expressão falsa de choque e indignação no meu rosto.

- O Nolan falou que você estuda aqui apenas desde os 15, depois de algo chamado "acampamento" ou algo assim. - Ele corrigiu.

- Manda o Nolan tomar no cu. - Soltei cruzando os meus braços de modo mais tenso. - Boca de esgoto, fala mais sobre mim do que sobre Deus. Pecador.

O James sorriu pra mim com carinho e eu franzi as sobrancelhas irritada pra ele.

O diretor entrou na sala com pressa, fazendo com que eu e o James olhássemos pra ele na hora. O meu tio travou na porta, pulando o olhar entre mim e o James em choque.

- O que vocês tão fazendo aqui? - Questionou, como se tivesse se esquecido completamente de nós.

- Falando sobre a bíblia. - Contei com um sorriso angelical.

- Você sabe o que é a bíblia? - A pergunta escapou dele, me fazendo descruzar os braços em choque.

[...]

- O James pediu pra entregar isso pra você hoje cedo. - A Niani falou, colocando um bilhetinho no lado da minha bandeja de comida e eu prendi um sorriso.

A Niani sentou do meu lado e me encarou com os olhos semicerrados por longos segundos, o que me fez olhar para os lados confusa.

- Que foi, enviada do cão? - Soltei.

- O Nolan vai te matar se descobrir que você tá pegando o namorado favorito dele. - A Niani deu de ombros e eu revirei os olhos.

- Eu tava querendo morrer mesmo. - Abri um sorriso brincalhão.

- Mas agora faz sentido, sabe. - Ela comentou distraída, olhando pelo refeitório.

- O quê? - Perguntei com a boca cheia de purê.

- O jeito que o James olha pra você. - Apontou como se fosse óbvio e eu fiz uma careta confusa engolindo o purê. - Como se ele não quisesse olhar pra qualquer outra coisa.

- Ele não olha pra mim desse jeito estranho psicopata. - Falei indignada.

- Ele olha pra você como se ele tivesse acabado de descobrir o que o amor é. - Ela me lançou um sorriso safado.

Eu coloquei um monte de purê de batata e bife na minha boca, me recusando a responder enquanto fazia cara feia.

Eu me recuso também a pensar nisso.

O James está apenas me ajudando a passar de ano e eu estou apenas ensinando pra ele que alguns pecados te levam para o paraíso primeiro. Apenas isso.

Um troca.

Eu nunca fazia nada sem receber algo em troca.

A única vez que eu fiz foi com a Niani. As cartas.

- Mas por favor, encontra um lugar mais legal pra pegar o James do que a estufa. Lá deve ter maconha plantada. - Ela aconselhou começando a comer.

- Se preocupa não, eu paguei um boquete pra ele na sala do diretor faz nem 2 horas. - Dei de ombros e a Niani engasgou começando a tossir.

O Nolan apareceu na nossa frente, o olhar alarmado em mim.

Oh, Deus. Eu pensei que demoraria mais tempo pra ele descobrir que eu tô pegando o James.

- Você tem clamídia? - Ele perguntou.

- Eu não tenho clamídia. - Respondi em choque, o meu queixo caindo. - Quem te falou isso?

- O Joel. - O Nolan contou franzindo a testa. - Ele falou pra todo mundo que você tá namorando com ele e que você passou clamídia pra ele.

- O carinha com a corrente de cruz gigante? - Fiz uma careta, antes de negar com a cabeça decepcionada. - É incrível. Onde tem homem, só falam de mulher. Onde tem mulher, só falam de Deus.

- Amém, irmã. - A Niani concordou, me dando um "mais cinco".

- E fala pra qualquer pessoa que mencionar essa historiazinha que o Joel tá espalhando que ele gemeu o nome da mãe dele quando gozou. - Avisei apontando o dedo pro Nolan. - E ele goza feio.

- Essa é a corrente do James? - O Nolan questionou encarando a correntinha em volta do meu pescoço.

- É muito estresse pra pouca idade... - Soltei, levantando com a bandeja de comida, mas travei assim que o meu olhar caiu sobre as 2 pessoas na porta do refeitório.

A mãe dos gêmeos e o diretor.

- Ah, Niani e Nolan. - Chamei e os dois me olharam com atenção, o Nolan ainda apoiado sobre as mãos na mesa e a Niani sentada enquanto comia. - A vossa mãe tá aqui.

continua...

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quando tiver 5.005 comentários eu posto o próximo capítulo

O Inocente Aluno NovoOnde histórias criam vida. Descubra agora