Onde Jack Beauchamp é o novato gato e caladão que acaba de chegar no Bishop Union High School, e Nolan Urrea vira logo seu cadelinha. Mas Jack não é um cara de temperamento fácil, e tudo piora quando ele bate de frente com o valentão do colégio, Bai...
Quando aquele novato entra na sala de aula pela primeira vez, ele parece um ratinho encolhido. Mas um ratinho que eu não consigo deixar de olhar, não sei porquê.
Todo mundo olha para ele escondido atrás daqueles óculos imensos no nariz, e aquela mochila que mais parece um saco de golfe nas costas como se se perguntassem: quem é o esquisitão dessa vez? Mas eu não sou assim. Não fico julgando ninguém. Quando a gente é o esquisitão, a gente sempre cria empatia pelos outros da mesma espécie que a nossa quando aparecem.
Então, eu assisto o novato dar uns passos e sentar na primeira cadeira vazia que encontra, como se ele fosse um mistério gostoso de desvendar. Não sei, mas ele é que nem um ímã. É tão diferente daquele bando de adolescentes mimados a que eu estou acostumado, que eu sinto que só tenho que olhá-lo sem parar para capturar todos os seus detalhes.
Abro o caderno numa folha em branco — eu já nem ouvia mais o que o nosso professor de matemática, o Sr. Eastwood, dizia — e pego o meu lápis. Fico desenhando o novato. Aquele seu moletom vermelho que parece uma capa de super-herói, de tão largo. Aquele seu jeitinho aborrecido e encolhido, como se estivesse o tempo todo desconfortável. Os seus cachos dourados de anjo caindo na testa e aqueles óculos gigantes cobrindo os seus olhos azuis. Os mais azuis que eu já tinha visto na droga da minha vida toda.
Depois, durante a chamada, descubro que o nome dele é Jack Kyle Beauchamp, e que ele é de Toronto, no Canadá. Não faço ideia do porquê um cara que nem ele sairia de Toronto para vir para esse fim de mundo que é Bishop, mas eu, com certeza, vou perguntar isso quando tiver a oportunidade.
Só tem um pequeno probleminha... Eu não tenho coragem de ir lá sentar do lado dele agora, então suspiro e fico tentando arrumar alguma para falar com ele depois, no intervalo. Mas o que eu vou dizer? E se ele não gostar de mim? E se ele for apenas um cara introvertido que não quer amizade com um idiota que nem eu?
Às vezes, ser tímido assim, é um saco...
Durante o resto da aula, fico apenas assistindo ele de longe e o transferindo para o papel. Por hora, isso já basta.
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