(Nolan)
Jack se enxuga na minha frente.
Eu estou sentado na beira da cama dele e não consigo desgrudar os olhos das suas nádegas e do seu pauzão mole pendurado, por mais que eu tente não olhar. Ele é lindo. Tipo, lindo para caralho mesmo. Tipo um anjo, só que sem as asas.
Ele vira de frente para mim, joga a toalha na cama, penteia os cabelos com os dedos e pega uma boxer branca. Tento disfarçar e olhar para outro lugar enquanto ele a veste.
— Você já namorou, Nolan? — ele pergunta.
— O quê? É... Não.
Ele sorri enquanto enfia uma mão dentro da cueca, ajeitando o seu membro nela. Eu estou muito sem jeito. Acho que ele percebeu que eu fiquei manjando esse tempo todo.
— Nem nunca beijou ninguém? — continua.
— Também não — balanço a cabeça.
Jack apoia as duas mãos na cintura, me encara com uma expressão engraçada e diz:
— Não vai me dizer que você é virgem?
Eu coro. Meu Deus, que vergonha! ONDE ENFIO A MINHA CARA AGORA?
Ouço Jack rir.
— Relaxa — ele fala. — Não precisa ficar tão vermelho. Eu também sou virgem. Só estava testando você.
Em seguida, ele veste uma regata também branca e põe uma calça moletom cinza, mas eu ainda consigo ver o desenho do seu cacete enorme em relevo embaixo dela. Acho que não vou esquecer mais essa imagem. Vai ficar tatuada na minha memória e vai acompanhar todos os meus pensamentos toda vez que eu pensar no Jack.
Só que, ao mesmo tempo, eu me sinto um pouco canalha. O Jack é meu amigo, meu melhor amigo, é a melhor pessoa que eu conheço, e eu não deveria ficar olhando o corpo dele desse jeito. Eu sinto que é errado. Que estou o traindo de alguma forma.
Ele senta ao meu lado na beirada da cama e me mostra um objeto. É uma baleia de madeira.
— Esse é o Barry — ele fala, olhando para a baleia com ar nostálgico e um meio sorriso. — Diz oi pro Barry!
Eu sorrio.
— Oi, Barry — falo, arrancando um sorriso murcho do Jack.
— O Barry fala português, sabia?
— Sério?
— Urrum. Ele é brasileiro.
Eu olho para o Jack tentando decifrar o seu olhar. Há pouco ele estava rindo da nossa virgindade, mas agora ele parece triste. Os seus olhos estão fixos na baleia de madeira como se ela o fizesse recordar de algo bom que nunca mais vai voltar.
— A bandeira é por causa do Barry? — eu pergunto.
— O quê?
— A bandeira do Brasil que você tem na parede, é por causa dessa baleia?
Jack me encara, e eu ainda não tinha visto o seu olhar tão triste quanto agora.
— Não — ele diz. — É por causa da minha mãe. Ela é brasileira.
— E ela está no Brasil agora?
Vejo uma lágrima rolar pela sua bochecha de repente.
— Ela morreu. Ela era artesã e fazia estátuas de madeira, como o Barry. Ele foi tudo o que restou dela para mim.
Jack limpa a lágrima e deita a cabeça no meu colo. Eu fico surpreso com isso. Ele parece sempre muito à vontade quando está comigo, mas eu estou sempre tão nervoso quando estou com ele.
— Se eu não me engano, você disse que ia fazer um curativo no meu nariz — ele diz, tentando mudar o assunto.
Eu abro a minha mochila e pego um saquinho com coisas de primeiros socorros que sempre levo comigo. Retiro uma gaze, molho no soro e encosto no ferimento do Jack. Ele não faz careta nem nada assim. Só permanece deitado no meu colo com os seus olhos azuis parados nos meus enquanto eu limpo o seu nariz. Eu não sei no que ele está pensando, mas fico bastante embaraçado com ele me encarando assim.
Com o tempo, ele fecha os olhos devagar. Acho que o carinho que estou fazendo no nariz dele o deixa com sono. Mas mesmo de olhos fechados, ouço ele perguntar:
— Quando você vai me mostrar aquele desenho que o Sr. Eastwood pegou você fazendo na aula dele?
Eu fico sem jeito e sem resposta. Como vou mostrar para o Jack que eu faço desenhos dele? E se ele achar que eu sou um boiolinha maluco e se afastar de mim?
— Eu... Eu ainda não terminei — respondo, simplesmente.
— Sabe o que eu acho? — Jack vira a cabeça de lado e se aconchega no meu colo, sonolento. — Eu acho que você não quer me mostrar aquele desenho.
Ele está certo. Eu não quero que o Jack saiba que eu o desenho quando estou sozinho. Eu não quero que ele saiba que eu não paro de pensar nele quando estamos longe e nem que ele me deixa nervoso quando está perto de mim. Eu não quero que ele se afaste de mim por me achar um idiota.
Mesmo que eu não tenha coragem de dizer para ele o que eu sinto, eu quero apenas tê-lo por perto, ter a sua amizade. Para mim, isso já basta.
Então, olho a baleia de madeira que Jack abraça enquanto cochila no meu colo e lembro que ele também tem dramas e traumas. Eu não quero enchê-lo com a minha paixonite. Ele já tem problemas demais.
— Por que você me falou sobre essas coisas, Jack? — eu digo. — Por que me falou da sua mãe?
Mas Jack não responde. Ele está dormindo no meu colo. Acomodo a cabeça dele no travesseiro bem devagar, pego a minha mochila, a coloco nas costas e saio. Vou deixar ele descansar que o dia dele foi cheio hoje.
Na sala de estar, deparo com um homem alto e grandão que imagino ser o pai do Jack entrando em casa.
— Quem diabos é você e o que faz na minha casa? — Ele me olha muito confuso.
— Eu... Eu sou amigo de escola do Jack, Sr. Beauchamp — digo.
— Hmm... E cadê ele?
— Tá no quarto. Tava dormindo quando saí.
Então, eu pego a advertência do Jack e entrego na mão dele. Ele olha o papel sem entender muita coisa. E antes que me pergunte o que é, eu mesmo já falo:
— Não briga com o Jack, Sr. Beauchamp. Ele não tem culpa. A culpa foi minha. Me desculpa, eu sinto muito mesmo.
E vou embora.
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𝙉𝙀𝙍𝘿 𝙋𝙊𝙋
General FictionOnde Jack Beauchamp é o novato gato e caladão que acaba de chegar no Bishop Union High School, e Nolan Urrea vira logo seu cadelinha. Mas Jack não é um cara de temperamento fácil, e tudo piora quando ele bate de frente com o valentão do colégio, Bai...