(Jack)
Para provar que eu falava sério, chamo o Alex para a gente fazer as pazes. Me desculpo. Me explico, digo que eu só quis atingir o Bailey, que saí fora de mim. O Alex parece entender. Ele concorda que alguém precisava parar o Bailey. Não parece guardar mágoa ou ressentimento. Até pede desculpas pelo soco que me deu no baile. A gente ri. Mas eu fico observando o Nolan junto da gente. Os olhinhos dele ficam desviando do Alex, e de mim. Como se nós dois fossemos agora dois estranhos para ele.
Na saída do colégio, eu alcanço o Nolan indo embora a pé.
— Você não precisa mais fingir que gosta de mim agora — ele fala enquanto caminha, a cabeça baixa. — Pode ir. Você me deu aquele beijo, mas eu sei que você é hétero. Eu sei que você gosta da Any. Tá tudo bem. Eu vou ficar legal uma hora.
— Para!
— Jack, tá tudo bem. Vai embora...
— Ei, para! Pode parar! — Eu seguro o braço dele e o faço parar. Finalmente ele olha para mim. — Não vou embora e você não pode me expulsar! — Eu suspiro e o olho sério. — Você estava certo, sabia?
— Sobre o quê?
— Eu não gosto da Any. Só estava com ela para piorar a situação do Bailey. E quando a eu ser hétero... bem. Eu posso ser bi. Não sei ainda. Mas você não pode me mandar ir embora. Não depois de tudo o que rolou até aqui!
— Mas você não gosta de mim, Jack!
— Você não sabe disso! — Vejo os olhos dele brilharem. — E você também não pode achar que eu quero ficar para te suportar. Você é incrível, cara! Por que você não acredita em mim?
A gente volta a caminhar. Em silêncio, de novo. Um silêncio pesado. Só ouço o som dos nossos passos e dos carros. Sei que se eu não me instigá-lo, ele não vai dar um pio.
Então, abro o zíper da minha mochila e tiro um papel dobrado dela. É o desenho que o Nolan tinha me dado há um tempo. Aquele que ele fez de mim no meu primeiro dia de aula.
Eu o desdobro e fico apreciando enquanto andamos. Nolan é muito talentoso.
— Escuta — puxo assunto —, você bem que podia me ensinar a desenhar assim, que cê acha?
— Eu posso tentar — ele fala, tímido.
— Aí eu ia poder retribuir te desenhando também.
— Você sabe que não precisa.
E a gente ri. Algo está dando certo.
— É que você me desenha sempre tão mais bonito do que eu sou de verdade — eu aponto o meu rosto perfeito no desenho —, que eu sinto que preciso retribuir à altura!
— Jack... — Mas ele encolhe o sorriso. — Deixa pra lá...
— Diz aí?
— Não... Não é nada.
— Não vai me deixar curioso logo agora, né?
Ele para de andar e olha para mim, de frente:
— É que você é bonito! Você é o cara mais bonito que eu já vi na vida!
Eu arqueio as sobrancelhas e estico um sorriso bobo devagar.
— Mas eu acho que você me desenha mais bonito do que eu sou.
— Não! Eu só desenho o que você já é!
Volto a encarar o desenho dele. Tenho certeza que eu não tenho aquele maxilar tão quadrado, nem aquela boca tão bem desenhada, nem aqueles cachos perfeitos. Meu cabelo está sempre uma zona...
— Tá bom — eu encolho os ombros, me rendendo —, eu aceito que eu seja esse gostosão dos seus desenhos!
— Finalmente — ele sorri, tímido.
— Mas o meu pau você desenhou menor do que é de verdade!
Vejo o rosto do Nolan pegando fogo. Eu rio!
— Isso eu posso garantir — falo, gargalhando, só para sacanear com ele.
— JACK!...
— E eu menti?
Ele vira o rosto para os lados, confirmando que não tem mais ninguém além de nós ouvindo essa conversa saudável entre amigos.
— Mas eu perdoo você — eu digo, caçoando dele. — É que você só viu meu pau mole, por isso desenhou ele menorzinho...
— PARA! — Ele me repreende com um tapa.
É ótimo ver ele nervoso, saber que estamos em sintonia de novo. A tarde vai passando e a gente segue caminhando e falando besteira sem a menor pressa, como se estar um na presença do outro valesse todo o tempo que nós temos.
Sinto que ele está mais à vontade que nunca comigo. E eu também com ele. Parece que essas coisas que aconteceram entre a gente foram necessárias. A gente não só superou tudo como parece estar mais unido que antes.
É que agora não tem mais segredos.
Quando a gente chega no ponto onde geralmente cada um se separa e vai para sua casa, está quase anoitecendo. Nolan me dá tchau, mas eu o chamo e ele olha de volta para mim.
— Escuta — eu pergunto —, você é bom no Mario Kart?
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Aproveita e diz o que cês acharam da capinha nova?
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𝙉𝙀𝙍𝘿 𝙋𝙊𝙋
General FictionOnde Jack Beauchamp é o novato gato e caladão que acaba de chegar no Bishop Union High School, e Nolan Urrea vira logo seu cadelinha. Mas Jack não é um cara de temperamento fácil, e tudo piora quando ele bate de frente com o valentão do colégio, Bai...