trinta e três - você é bom no Mario Kart?

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(Jack)


Para provar que eu falava sério, chamo o Alex para a gente fazer as pazes. Me desculpo. Me explico, digo que eu só quis atingir o Bailey, que saí fora de mim. O Alex parece entender. Ele concorda que alguém precisava parar o Bailey. Não parece guardar mágoa ou ressentimento. Até pede desculpas pelo soco que me deu no baile. A gente ri. Mas eu fico observando o Nolan junto da gente. Os olhinhos dele ficam desviando do Alex, e de mim. Como se nós dois fossemos agora dois estranhos para ele.

Na saída do colégio, eu alcanço o Nolan indo embora a pé.

— Você não precisa mais fingir que gosta de mim agora — ele fala enquanto caminha, a cabeça baixa. — Pode ir. Você me deu aquele beijo, mas eu sei que você é hétero. Eu sei que você gosta da Any. Tá tudo bem. Eu vou ficar legal uma hora.

— Para!

— Jack, tá tudo bem. Vai embora...

— Ei, para! Pode parar! — Eu seguro o braço dele e o faço parar. Finalmente ele olha para mim. — Não vou embora e você não pode me expulsar! — Eu suspiro e o olho sério. — Você estava certo, sabia?

— Sobre o quê?

— Eu não gosto da Any. Só estava com ela para piorar a situação do Bailey. E quando a eu ser hétero... bem. Eu posso ser bi. Não sei ainda. Mas você não pode me mandar ir embora. Não depois de tudo o que rolou até aqui!

— Mas você não gosta de mim, Jack!

— Você não sabe disso! — Vejo os olhos dele brilharem. — E você também não pode achar que eu quero ficar para te suportar. Você é incrível, cara! Por que você não acredita em mim?

A gente volta a caminhar. Em silêncio, de novo. Um silêncio pesado. Só ouço o som dos nossos passos e dos carros. Sei que se eu não me instigá-lo, ele não vai dar um pio.

Então, abro o zíper da minha mochila e tiro um papel dobrado dela. É o desenho que o Nolan tinha me dado há um tempo. Aquele que ele fez de mim no meu primeiro dia de aula.

Eu o desdobro e fico apreciando enquanto andamos. Nolan é muito talentoso.

— Escuta — puxo assunto —, você bem que podia me ensinar a desenhar assim, que cê acha?

— Eu posso tentar — ele fala, tímido.

— Aí eu ia poder retribuir te desenhando também.

— Você sabe que não precisa.

E a gente ri. Algo está dando certo.

— É que você me desenha sempre tão mais bonito do que eu sou de verdade — eu aponto o meu rosto perfeito no desenho —, que eu sinto que preciso retribuir à altura!

— Jack... — Mas ele encolhe o sorriso. — Deixa pra lá...

— Diz aí?

— Não... Não é nada.

— Não vai me deixar curioso logo agora, né?

Ele para de andar e olha para mim, de frente:

— É que você é bonito! Você é o cara mais bonito que eu já vi na vida!

Eu arqueio as sobrancelhas e estico um sorriso bobo devagar.

— Mas eu acho que você me desenha mais bonito do que eu sou.

— Não! Eu só desenho o que você já é!

Volto a encarar o desenho dele. Tenho certeza que eu não tenho aquele maxilar tão quadrado, nem aquela boca tão bem desenhada, nem aqueles cachos perfeitos. Meu cabelo está sempre uma zona...

— Tá bom — eu encolho os ombros, me rendendo —, eu aceito que eu seja esse gostosão dos seus desenhos!

— Finalmente — ele sorri, tímido.

— Mas o meu pau você desenhou menor do que é de verdade!

Vejo o rosto do Nolan pegando fogo. Eu rio!

— Isso eu posso garantir — falo, gargalhando, só para sacanear com ele.

— JACK!...

— E eu menti?

Ele vira o rosto para os lados, confirmando que não tem mais ninguém além de nós ouvindo essa conversa saudável entre amigos.

— Mas eu perdoo você — eu digo, caçoando dele. — É que você só viu meu pau mole, por isso desenhou ele menorzinho...

— PARA! — Ele me repreende com um tapa.

É ótimo ver ele nervoso, saber que estamos em sintonia de novo. A tarde vai passando e a gente segue caminhando e falando besteira sem a menor pressa, como se estar um na presença do outro valesse todo o tempo que nós temos.

Sinto que ele está mais à vontade que nunca comigo. E eu também com ele. Parece que essas coisas que aconteceram entre a gente foram necessárias. A gente não só superou tudo como parece estar mais unido que antes.

É que agora não tem mais segredos.

Quando a gente chega no ponto onde geralmente cada um se separa e vai para sua casa, está quase anoitecendo. Nolan me dá tchau, mas eu o chamo e ele olha de volta para mim.

— Escuta — eu pergunto —, você é bom no Mario Kart?

— Escuta — eu pergunto —, você é bom no Mario Kart?

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