vinte - pedindo ajuda

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(Alex)


Alex, se prepara. Hoje o Bailey cai. Jack vazou o vídeo.

Quando vejo a mensagem do Nolan, meu coração dá um solavanco e para no peito. Eu estou na sala de aula guardando o caderno na mochila quando o meu celular vibra na mesa. Eu não posso ver o meu rosto assim que a leio, mas tenho quase certeza de que vou do vermelho ao azul em segundos. Sinto minha cabeça doer na hora e meu corpo inteiro congelar.

Nessa hora, eu fico com um punhado de perguntas me rondando. Todas sem resposta. Me deu uma vontade de chorar. De me enterrar numa cova bem funda e morrer. Por que o Jack fez isso comigo se disse que não ia fazer?

Não se preocupa. Jack turvou o seu rosto no vídeo. Sai da sala e vai pro pátio agora.

Eu finalmente volto a respirar. Depois, começo a rir, desesperado e aliviado ao mesmo tempo. Meu Deus, ele turvou o meu rosto! Eu não paro de rir e, agora, estou começando a chorar também.

Eu ainda não tinha percebido isso até agora. O quão sou vulnerável nessa história. Jack pode foder com a minha vida dando apenas alguns cliques no seu iPhone e eu não posso fazer merda nenhuma para impedi-lo. É como se ele fosse Deus, com o poder de me redimir ou me mandar direto para o inferno. Eu rio, chorando. Não consigo ter outra reação.

Será que devo continuar confiando nele e no Nolan? Eles nem me avisaram que iam fazer isso. Me avisaram só quando já tinham feito. O que mais o Jack vai fazer com esse vídeo sem me avisar antes de já ter feito?

Não demoro mais que um minuto para me recuperar.

Respiro fundo, limpo o rosto, agarro a mochila, a meto nas costas e corro para o corredor principal do colégio. Ainda estou suando frio. Me recuperei do choro, mas não do susto.

Ao meu redor, as pessoas estão rindo e olhando para os seus celulares. Desbloqueio a tela do meu e dou uma olhada no grupo da turma no Hangout enquanto caminho. Rolo a tela e vejo comentários como vocês já viram?, ou sempre desconfiei que ele gostava de caras.

Bloqueio o celular de novo e o enfio no bolso com um suspiro. Ainda estou em choque. Poderia ser eu o motivo desses comentários. E parece que eu estou descobrindo só agora que eu não seria forte o bastante para lidar com cada um deles.

Chego no pátio onde tem uma certa aglomeração de curiosos, e vejo que Anne está no centro dela junto da Sina. Bailey também está lá. Meu coração agora dispara tanto que quase sinto como se o motivo daquela bagunça fosse eu. É inevitável que eu me ponha na pele do Bailey por um segundo. Apesar de ele ser um grande babaca, não sei se ele merece ser humilhado assim, sendo exposto para a escola inteira.

Mais pessoas se apertam ao meu redor para ver o que está acontecendo. Bailey parece desesperado, ele está com as mãos na cabeça, aflito. Anne o olha com nojo. Eu nunca a vi assim. Nunca achei que fosse possível haver tanto desprezo no olhar dela.

— Tá tudo acabado entre a gente, seu filho da puta! — Ouço ela gritar antes de sair amparada pela Sina.

A aglomeração vai se desfazendo aos poucos e Bailey fica lá, parado no mesmo lugar no meio do pátio. Ele está costas para mim, então não posso ver o seu rosto, embora o imagine.

Ele deve estar em choque. Ou com muita raiva. Conhecendo um pouco o Bailey, acho que esses sentimentos se misturam com muita frequência na vida dele.

Eu estou saindo também quando ele se vira e, de repente, olha para mim. Meu corpo congela. Mas o jeito que ele me olha, não sei... Parece que está pedindo ajuda, e eu não posso fazer nada por ele.

Saio rápido dali. Vou para casa. Preciso ir para casa. Preciso ficar sozinho num lugar onde eu possa pensar na porra da minha vida sem ninguém por perto, sem ninguém me assistindo.

No caminho, eu não aguento e começo a chorar e limpar as lágrimas com as costas das mãos. Ainda estou absorvendo o que aconteceu. Não consigo parar de pensar que era para o meu rosto estar na boca de todo mundo também, que era para eu estar junto do Bailey, dividindo a humilhação com ele. Esse poder que o Jack tem sobre mim não sai da minha cabeça.

Em casa, no quarto, eu choro mais. Mas choro baixinho para os meus pais não ouvirem. Eu sei que tudo passa, mas isso me deixou abalado mesmo. Estou com medo.

Não confio mais no Jack, não sei se dá para confiar no Nolan. Será que eu devo confiar em alguém no mundo? Será que existe alguém que seja realmente confiável? Estou com tanto medo que sinto meu corpo leve, como se flutuasse em cima da cama.

Se eu morresse agora, não passaria por nada disso nunca mais...

Se eu morresse agora, não passaria por nada disso nunca mais

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